Chuva levou colchões e comida, deixando temor e necessidades na casa de Maria
No temporal de ontem, água atingiu os joelhos e vizinhos correram para ajudar Maria Aparecida
“O maior espetáculo do pobre da atualidade é comer”, do livro Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus.
“Não dormi essa noite, fiquei preocupada em chover forte de novo e alagar tudo”. Desde a tarde ontem, Maria Aparecida Barros dos Santos, 55 anos, olha para o céu, temerosa, e para a casa no Bairro Nossa Senhora das Garças, inundada pelas águas do último temporal, que destruiu colchões, geladeira e o pouco alimento que tinha.
Ontem, a vizinha Silvana Justo Gonçalves, 52 anos, mandou ao Campo Grande News imagens da inundação que chegava até os joelhos (vídeo abaixo). "Eu estava em casa, quando ouvi gritando para ajudar a tirar o filho dela e a netinha de casa. Tinha um fio passando eletricidade para o quarto onde eles estavam, tivemos que correr para tentar desligar o padrão", conta.
Maria mora na mesma casa há 28 anos, na Rua Dumontina, esquina com a Jaime Ferreira de Vasconcelos. O terreno fica em área mais baixa e, por isso, é constantemente atingido na época das chuvas.
“Cada vez que chove, entra a água, mas geralmente fica só no pé, não costuma estragar as coisas, desta vez, entrou até o joelho”, contou Maria, dizendo que essa foi a pior inundação que vivenciou.
A água encharcou os dois colchões, atingiu as geladeiras e fez com que Maria perdesse alguns alimentos que estavam prontos para o consumo da família: arroz, feijão e farinha.
Outros moradores correram para ajudá-la e ergueram as duas geladeiras e o fogão, que
encheu de água até o forno. “Todo mundo correu, nós conseguimos salvar uma geladeira, mas a outra perdeu”, disse Silvana.
Um dos colchões, mesmo molhado, ainda está sendo usado pelo filho de 28 anos, que tem problemas mentais. “Ele não quer sair dele”. A saída foi colocar colcha por cima.
A família recebeu doação, mas Maria vai buscar somente depois que a chuva parar, para não correr o risco de também perder o bem, caso caia outro temporal hoje. Os vizinhos emprestaram um colchão de solteiro para ela o marido.
Hoje, ainda desnorteada, Maria Aparecida tentava colocar alguma ordem na casa de madeira, de quatro cômodos (cozinha, banheiro e dois quartos). Recebeu alimentos de doação e cuidava do filho.
O marido, servente de pedreiro, saiu para trabalho. A renda da família depende dele e do filho de 27 anos, também na mesma atividade.
“O dinheiro que meu marido recebe mal dá para comer e ainda temos remédios do meu outro filho”, disse Maria Aparecida. Segundo ela, são R$ 40 por semana com medicamento.
Quem quiser ajudar a família de Maria Aparecida pode entrar em contato pelo telefone 99228-6521, ou pelo celular da vizinha, Silvana (99273-6691).