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Cidades

Cinzas de Heitor Miranda serão jogadas de ponte da Rota Bioceânica

Descrito como "alegre, culto, visionário", Heitor Miranda viverá para sempre nas memórias de quem o conheceu

Gabrielle Tavares e Cleber Gellio | 24/11/2022 15:41
Velório começou às 12h, em Campo Grande. (Foto: Alex Machado)
Velório começou às 12h, em Campo Grande. (Foto: Alex Machado)

Começou a ser velado às 12h desta quinta-feira (24), no Cemitério Jardim das Palmeiras, o corpo de Heitor Miranda, ex-prefeito de Porto Murtinho e procurador de justiça aposentado. Ele será cremado às 16h, no Crematório Campo Grande, e as cinzas devem ser jogadas do alto da ponte da Rota Bioceânica, quando for concluída.

Miranda estava internado na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) da Unimed, em Campo Grande. Desde 2018, ele sofria de problemas cardíacos e, no início deste mês, teve complicações que desencadearam uma insuficiência respiratória.

Descrito como visionário e um dos primeiros a conceber a ideia de uma estrada que unisse a América do Sul, foi pedido dele que a família o cremasse e jogasse suas cinzas do alto da ponte Bioceânica.

Filho mais velho, Marcelo Heitor, disse que o lema do pai era "celebrar a vida". (Foto: Alex Machado)
Filho mais velho, Marcelo Heitor, disse que o lema do pai era "celebrar a vida". (Foto: Alex Machado)

"Desde que eu me entendo por menino, com 5 anos, eu já escutava ele falando que íamos subir no carro andar mil quilômetros e ia chegar no Chile. Não deu para ele passar andando em cima da ponte, mas acho que até por isso ele pediu de ser cremado e vamos cumprir o desejo dele, de jogar as cinzas dele de cima da ponte. Por isso ele pediu para ser feita a cerimônia de cremação", explicou o filho mais velho, Marcelo Heitor Santos, 41.

Para Marcelo, o pai viveu até o fim o lema "celebrar a vida", e as lembranças de momentos alegres dele cantando e contando piadas viverão para sempre.

"Ele celebrou como ninguém, era um cara que mais do que tudo, cantava e amava a própria terra. Hoje a Rota Bioceânica já é realidade a ponto de que em Porto Murtinho a estrada já está licitada. Mas dele ficou o nome, a história, e essa ideia (da Rota Bioceânica) que ele teve junto com os amigos paraguaios, argentinos e chilenos. Desde 89 que eu escuto ele falar isso", completou Marcelo.

Zecá do PT, irmão de Heitor, disse que sonho do irmão era atravessar a Ponte Bioceânica a pé. (Foto: Alex Machado)
Zecá do PT, irmão de Heitor, disse que sonho do irmão era atravessar a Ponte Bioceânica a pé. (Foto: Alex Machado)

Marcelo era irmão de José Orcírio Miranda dos Santos, o ex-governador Zeca do PT. Muito abalado com a perda, Zeca disse que a família perdeu o grande "centralizador", que era capar de unir a todos e fez da própria casa "um lugar de alegria".

"Ele marcou a vida dele intensamente, mas não sei se ele se realizou completamente. Uma vez ele disse que o sonho dele era pegar eu e o Osório, nosso outro irmão que também já não está entre a gente, e atravessar a ponte a pé. E ele não vai, mas provavelmente o espírito dele vai", ressaltou o ex-governador, entre lágrimas.

Para além da figura culta, Heitor era amante da boemia e gostava de cativar pela risada. Talvez por isso, Zeca argumenta, muitos o tiravam como louco quando defendia sua ideia grandiosa de unir a América do Sul. "Durante esse tempo todo, era muito tido como louco, visionário, mentiroso. Muito provavelmente por aqueles que se colocam como donos da ideia da integração", completou.

"Há 4 dias nós fomos visitá-lo ele já não falava, mas balbuciava alguma coisa, falando 'aqui não é meu lugar, me tira daqui'. O lugar dele era na mesa de um bar, tocando música, tocando violão, contando história, falando da história de Mato Grosso do Sul. Era um homem muito culto e preparado, lugar dele era na roda da política, o que fica do Heitor é isso", apontou.

Deputado Pedro Kemp acompanhou o velório nesta tarde. (Foto: Alex Machado)
Deputado Pedro Kemp acompanhou o velório nesta tarde. (Foto: Alex Machado)

O deputado Pedro Kemp (PT) trabalhou com Heitor e o conheceu quando Zeca ainda governava o Estado. Ele o descreveu com alguém que estava sempre sugerindo projetos e que contribuiu muito com o Estado.

"Uma pessoa que tem uma trajetória respeitada, uma pessoa muito afetuosa, muito amiga. A gente sente muita a partida, mas com certeza vão ficar boas lembranças de tudo que ele fez, das contribuições que ele deu para o nosso Estado e partido. Só pedimos a Deus que conforte a família e amigos", enfatizou.

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