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Cidades

CNTA e Abrava reforçam posição contrária à greve dos caminhoneiros

Momento atual, no meio da pandemia de covid-19, não é propício para greves, dizem entidades

Thaís Barcellos | 31/01/2021 15:30
Movimento de caminhões na BR-163, em Mato Grosso do Sul (Foto: Paulo Francis/Arquivo)
Movimento de caminhões na BR-163, em Mato Grosso do Sul (Foto: Paulo Francis/Arquivo)

A Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Autônomos (Abrava) e a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) reforçaram ao Broadcast, neste domingo (31), que não participarão da paralisação dos caminhoneiros que está sendo organizada para esta segunda-feira (1º). Ambos também afirmaram que o momento atual, no meio da pandemia de covid-19, não é propício para greves.

O presidente da Abrava, Wallace Landim, conhecido como Chorão, um dos principais líderes da greve de caminhoneiros de 2018, reconheceu que a categoria não pode ficar de "braços cruzados" e precisa reivindicar as conquistas do movimento anterior, em 2018, mas argumentou que a manifestação atual ganhou cunho político e está polarizada, com parte defendendo o presidente Jair Bolsonaro e outra parte contrária. "Uns estão focando na questão da eleição na Câmara e no Senado. Outros estão contra os governadores."

Chorão também argumentou que a Abrava está cobrando o cumprimento do piso mínimo do frete e o julgamento sobre o assunto no Supremo Tribunal Federal (STF). Além disso, mantém conversas com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, mas pede contato do presidente Bolsonaro para solucionar a questão dos preços de combustíveis.

A Abrava defende a zeragem do PIS/Cofins e da Cide, além de outra redação para o projeto BR do Mar, para impedir favorecimento de empresas estrangeiros, prejuízos para caminhoneiros autônomos e a concentração de mercado. "A frase que eu costumo dizer é para que o presidente ouça o Brasil, nós somos o Brasil, ele precisa conversar com a gente, a gente tem projetos que gostaria de apresentar a ele sobre o preço dos combustíveis.

Segundo Chorão, a Abrava representa 30 mil associados, mas é difícil fazer uma estimativa sobre a adesão dos caminhoneiros sobre a greve amanhã e que a associação entende que alguns trabalhadores irão parar por necessidade. "Tem alguns caminhoneiros que entendem que precisam parar, porque não têm condições de rodar. Mas o cenário hoje é totalmente diferente de 2018. Estamos no meio de uma pandemia mundial. Tentamos passar para os caminhoneiros que precisamos ter responsabilidade. Estamos na beira do abismo, mas uma paralisação agora pode levar direto para o abismo, porque podemos perder o apoio da população", disse Chorão, acrescentando que a Abrava não faz parte de nenhum conselho, federação ou confederação de caminhoneiros.

Na CNTA, o assessor executivo, Marlon Maues, reconheceu que existe uma insatisfação da categoria, mas disse que a paralisação deveria ser o último recurso para pleitear interesses. "A CNTA tem uma agenda positiva junto ao governo há dois anos, com 18 pontos itens e reuniões quinzenais ou mensais com o ministério da Infraestrutura para estender e destravar a contratação do trabalhador autônomo. Hoje, domingo, que está mais próxima da manifestação, fica claro que o movimento é político e conduzido por partidos de esquerda para usar os caminhoneiros como massa de manobra", afirmou Maues, destacando que a CNTA é a entidade máxima constituída para defender a categoria autônoma, que a entidade calcula somar mais de 1 milhão de trabalhadores.

Para a confederação, o movimento não deve ter muita força e ser localizado. Segundo sondagens próprias com sindicatos, 80% dos caminhoneiros do Brasil querem trabalhar, até porque é período de safra, segundo Maues. O assessor executivo ainda disse que a CNTA tem lutado pelos pleitos dos caminhoneiros, mas que muitas das reivindicações do movimento marcado para esta segunda estão equivocadas.

Na questão dos preços dos combustíveis, disse que é muito mais importante discutir a redução do imposto estadual, o ICMS. Em relação ao projeto BR do Mar, sobre navegação de cabotagem, Maués disse que o texto só permite a introdução de mais 20 navios para fazer esse transporte de alguns produtos permitidos, em relação aos 40 atuais, e que o importante é garantir condições padronizadas em todo o Brasil nos pátios de triagem para caminhoneiros. A CNTA também defende a capacitação de caminhoneiros para que eles aprendam a defender seus direitos.

A articulação para a greve desta segunda-feira tem sido liderada pelo Conselho Nacional dos Transportadores Rodoviários de Cargas (CNTRC). Em entrevista ao Broadcast, o presidente Plínio Dias disse que a paralisação está mantida para amanhã e tem duração "indeterminada". A pauta do movimento tem 10 reivindicações, mas Dias diz que o fim da política de paridade de preços internacionais dos combustíveis adotada pela Petrobrás e mudanças na BR do Mar são as mais urgentes.

A pauta também discute aposentadoria especial para a categoria, o cumprimento do piso mínimo do frete, estabelecido em 2018 após a paralisação de 11 dias, respeito à jornada de trabalho e maior fiscalização da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT), entre outras reivindicações.

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