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Cidades

Com câncer de pele, homem luta na Justiça por medicamento de R$ 106 mil por mês

Secretarias de Saúde alegam que ainda esperam o recebimento do remédio e o trâmite do processo

Natália Olliver | 18/01/2023 10:53
Otávio Henrique Souza Campozano tenta conseguir medicamentos de alto custo por decisão judicial (Foto: Arquivo pessoal)
Otávio Henrique Souza Campozano tenta conseguir medicamentos de alto custo por decisão judicial (Foto: Arquivo pessoal)

Otávio Henrique Souza Campuzano, de 31 anos, luta na Justiça por um medicamento com custo mensal de R$ 106 mil, que pode ajudá-lo a tratar o câncer de pele em estágio avançado. A neoplasia já está em metástase e acomete o abdômen, a virilha e o tórax de Otávio. Ele está internado na Santa Casa de Campo Grande desde o dia 26 de dezembro e até o momento já passou por duas intervenções cirúrgicas.

De acordo com a irmã, Fernanda Souza, 26 anos, a última cirurgia foi no sábado (14), para abrir o canal urinário. “Ele tem tumor na barriga, que está muito grande e está difícil de urinar. Então fizeram uma cirurgia para abrir o canal. A perna está inchando cada dia mais, deu até trombose”, disse.

Fernanda alega que tanto a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) quanto a SES (Secretaria Estadual de Saúde) foram intimadas judicialmente, mas até hoje não cumpriram a decisão da Justiça sobre a concessão do Pembrolizumabe (Keytruda), medicamento de alto custo e essencial ao tratamento. O pedido foi feito em caráter tutelar de urgência, devido ao estado de saúde do paciente.

“Eles não cumpriram com a decisão. Por conta disso entramos com uma manifestação na justiça, para avisar que os órgãos já foram intimados e não cumpriram. Isso foi na sexta agora (13). A gente achou que teria resposta agora na segunda-feira (16), mas não temos”, relatou.

Medicamento - Para conseguir lutar contra o câncer de pele, Otávio precisa de duas doses de 240 mg por mês. Cada ampola do medicamento é equivalente a R$ 20 mil. Uma dose corresponde a duas ampolas e meia.

“Nós fizemos três orçamentos em farmácia e laboratórios, como só vende 100mg e a dose dele é de 240mg, ele precisaria de um pouco menos de duas ampolas e meia para completar a dose. Então na verdade seria necessário quase três ampolas para completar uma dose. Como são duas doses por mês seriam 6 ampolas”, explicou a irmã.

O orçamento mais barato encontrado pela família ficou em R$ 106 mil por mês, o mais caro em R$ 180 mil.

Batalha - A família recebeu o diagnóstico completo em dezembro de 2022, mas Otávio começou a passar mal em outubro. Desde então os irmãos começaram uma vaquinha para conseguir levantar o valor necessário para a compra do medicamento e início do tratamento.

“Nós começamos em dezembro a vaquinha, conseguimos por enquanto cerca de R$ 18 mil, a gente está organizando um almoço que está marcado para fevereiro. Vai ter bingo e apresentações. Estamos fazendo o que podemos, mas são mais de R$ 100 mil por mês, não tem como. Não temos muitos recursos”, disse Fernanda.

De acordo com a irmã, Otávio sobrevive à base de morfina para conseguir suportar a dor e os efeitos da doença no organismo. “Demorou bastante para receber o diagnóstico. Ele só toma morfina 24 horas, é a única coisa que eles dão. Como está demorando muito, eu acredito que os médicos decidiram começar uma quimioterapia, apesar de não ser indicado nesse caso, pra tentar algo”, evidenciou.

Retorno - A reportagem entrou em contato com a Sesau e SES para averiguar os trâmites do processo de aquisição do medicamento. Em resposta, a Secretaria de Saúde Municipal disse que o pedido deu entrada no departamento judicial no dia 6 de janeiro.

“Houve o devido encaminhamento para o setor de compras para análise e posterior abertura de processo para aquisição através de dispensa, uma vez que a medicação não consta em ata vigente. O mesmo encontra-se em tramitação e o fornecimento por parte do Município deve ocorrer o mais breve possível. Cabe esclarecer que é necessário seguir todos os trâmites para que a compra seja efetivada e, ainda que feita de maneira emergencial, há prazos a serem cumpridos. Desta forma, o atendimento tende a não ocorrer de maneira imediata em razão de tais impeditivos”, disse em nota.

A SES alegou também que a pasta já deu entrada no pedido. “A Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul informa que o processo administrativo foi aberto e está na fase emergencial para a compra do medicamento Pembrolizumabe (Keytruda)”.

Vaquinha - Quem quiser contribuir com Otávio pode participar na vaquinha virtual por este link.

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