Com novas vítimas toda semana, polícia faz alerta sobre golpe do boleto falso
Entre janeiro e outubro de 2020, cerca de 300 pessoas caíram em golpe no Estado. Mais de 87 casos são na Capital
A cada semana mais pessoas caem no golpe no boleto falso, por isso a Polícia Civil realizou um levantamento e faz o alerta para a população ter cuidado e não ser mais uma vítima desse tipo de golpe.
Em todo Estado, cerca de 300 pessoas caíram no golpe, entre janeiro e outubro de 2020, desse total mais de 87 dos casos foram na Capital e grande maioria envolve dois bancos específicos. De acordo com a polícia, o golpe costuma acontecer com pessoas que financiam o veículo e, por algum motivo, precisam pagar a segunda via do boleto.
Ao pesquisarem o site do banco financiador na internet, a primeira opção que aparece geralmente é a do estelionatário, que já direciona a conversa para o whatsapp e um suposto atendente emite o boleto, que a pessoa paga e não percebe que transferiu dinheiro para a conta do estelionatário ao invés de pagar o boleto.
Foi o que aconteceu com a funcionária pública Thais Kirchesch, que perdeu quase 11 mil reais no começo do mês passado. "Eu sempre pensei, na minha ignorância, que isso só acontecesse com pessoas muito leigas, pessoas muito simples. Quando eu caí, me senti muito burra.", comenta Thais.
De acordo com a funcionária pública, no começo de outubro ela precisava pagar três parcelas do veículo que financiou, para fazer um financiamento da faculdade. "Sempre que eu tinha uma parcela atrasada, entrava no Google e digitava o nome do banco, aparecia o link, eu acessava, para gerar o boleto e pagava tudo certo.", explica Thais.
Mas dessa vez, ao repetir o processo e acessar o link, uma propaganda apareceu com os dizeres "temos uma oferta especial pra você, clique no link abaixo", ao clicar na oferta ela foi direcionada para uma conversa no whatsapp.
"Expliquei que precisava pagar uma parcela em atraso, o atendente me mandou uma tela que era exatamente o valor que eu estava devendo, o valor das 3 parcelas, com um descontinho.", comenta a funcionária pública.
Querendo se livrar da dívida, Thaís perguntou qual seria o valor para quitar o financiamento do carro, informada que o total seria de R$ 10.981,00, pediu o dinheiro emprestado para o pai e enviou o boleto para ele pagar.
"Isso tudo foi em uma sexta-feira, mas na segunda eu continuei recebendo ligação de cobrança, expliquei que já havia pago. A atendente disse que eu havia caído em um golpe. Nunca suspeitei que seria um boleto falso, só falei meu nome e CPF, a pessoa do whatsapp tinha acesso aos meus dados no banco, no boleto que eles mandaram tinham todos os meus dados, meu endereço, número do meu contrato com o banco, dados do meu carro, tudo, por isso nem suspeitei.", explica Thaís.
Segundo a Polícia Civil, só em Campo Grande 87 pessoas caíram no mesmo golpe de Thaís. De janeiro a outubro foram 56 ocorrências envolvendo o Banco BV, e mais 31 casos do Banco Pan, o mesmo da funcionária pública.
O delegado titular da 6ªDP, Jeferson Rosa Dias, explica que é preciso ter certeza de que está acessando o site oficial do banco, que o ideal é sempre acessar o endereço eletrônico que vem indicado no carnê, e ligar apenas para os números oficiais da instituição financeira.
“Outra dica é verificar no boleto o campo agência/código do beneficiário, se o recebedor é realmente o CNPJ da financeira ou se é conta ou nome de pessoa física”, explica o delegado.
Thaís procurou a delegacia e entrou com processo judicial contra o banco, mas não tem muitas esperanças de recuperar o dinheiro perdido. "Continuo com o nome sujo, recebendo email e ligação todo dia me cobrando, com ameaça de busca e apreensão do meu carro. Além de continuar devendo o banco, agora estou devendo meu pai.", comenta.
Ao procurar o Banco Pan, Thaís não teve retorno ou auxílio, apenas lhe disseram que no site oficial existe um "validador de boletos". "Eu nunca tinha visto isso, foi a primeira vez que ouvi falar sobre esse validador na minha vida, o banco só informa depois que a gente cai no golpe.", reclama a funcionária pública.
Procurados pela reportagem do Campo Grande News, nenhum dos bancos citados retornou os questionamentos.