Conta antifeminismo de MS é derrubada do Instagram e empresária aciona Justiça
Digital influencer de Campo Grande tinha 127 mil seguidores quando conta do Instagram foi desativada

Digital influencer de Campo Grande, de 30 anos, entrou com ação na Justiça depois que sua página antifeminismo no Instagram, com 127 mil seguidores foi suspensa. A empresária alega ter perdido renda de venda de cursos digitais e acesso vip a grupo, montante que chegou a R$ 15 mil em setembro.
A ação foi protocolada no dia 7 de outubro na 13ª Vara Cível contra o Facebook, responsável pela rede social Instagram, mas ainda não foi avaliada pelo juiz titular, Alexandre Corrêa Leite.
A empresária Fran Pecóis trabalha com marketing digital, tendo como fonte de renda a página @nadafeminista no Instagram.
A digital influencer informou ao Campo Grande News que acredita que a conta foi suspensa depois que um pastor, com 4 milhões de seguidores, a marcou em uma postagem e, por isso, recebeu muitos seguidores em um dia.
Segundo Fran, o Facebook pode ter entendido que estaria usando "bots" para turbinar o número de inscritos e que a suspensão atingiu outras contas, "tanto de esquerda quanto de direita", em decorrência do episódio. Ainda de acordo com ela, a penalidade não teria qualquer relação com o conteúdo publicado.
Processo - O advogado Vinícius de Castro Moreno relata na ação que ela defende “valores conservadores cristãos, tais como: família, propriedade privada, liberdade econômica, entre outros, bem como, sempre que necessário, tece críticas fundamentadas e pontuais ao movimento feminista”.
Nos posts, constam declarações polêmicas e contestadas pelo movimento feminista, como “o mercado não tá nem aí para seu sexo”, ou “(...) que todo feminismo defende o socialismo e é anticapitalista”. A página angariou vários seguidores, chegando a 127 mil.
Por meio da página, Fran vendia cursos digitais para mulheres que querem “empreender no mercado de trabalho” e oferecia possibilidade de trabalho de grupo exclusivo aos seus seguidores e assinantes, no close friends, o “Nada Feminista VIP”.
Segundo informações da ação, em julho de 2021, Fran Pecóis lucrou R$ 7,255 mil, em agosto R$ 8,314 mil e em setembro, chegou a R$ 15,176 mil, conforme planilha anexada.
Recentemente, segundo Fran, foi avisada pelos seguidores que eles não estavam mais recebendo publicações de sua página e que o Instagram havia retirado a inscrição da página, sem consultá-los.
No dia 30 de setembro, soube que a conta no Instagram havia sido desativada. No dia 2 de outubro, recebeu mensagem da rede social sobre o motivo. “Sua conta foi desativada por não seguir nossos termos”.
Na justificativa consta ainda que “não é permitido obter curtidas, seguidores ou compartilhamento artificialmente nem publicar conteúdo repetitivo ou entrar em contato de maneira recorrente com as pessoas para fins comerciais sem o consentimento delas”
A empresária enviou email contestando a desativação, dizendo que nunca recorreu à compra de curtidas, seguidores ou compartilhamentos de forma artificial, e que o crescimento a página é "orgânico e fruto do meu trabalho”.
Também citou ter sido vítima de ataques virtuais dos opositores, sofrendo denúncias falsas no Instagram e, por isso, as publicações foram apagadas e, depois, “republicadas”/liberadas, o que ainda irá ser tratado em outra ação.
Fran diz que está sendo prejudicada pela desativação, pois deixou de ganhar dinheiro com a venda dos serviços e produtos e pede envio de provas que embasem a desativação. Agora, usa outra conta @nadafeministacancelada, que já tem 40,7 mil seguidores.
Sem resposta do Facebook, entrou com ação. “(...) não compete ao Requerido, por meio de uma alegação rasa e injustificada excluir, definitivamente, a conta do usuário '@nadafeminista' sem antes oportunizar defesa a mesma, ou mesmo permitir que esta, em último caso, exclua eventual postagem/conteúdo que não atente aos termos de uso (...)", segundo argumento do advogado.
Em caráter liminar, é pedido o restabelecimento da conta, com todos os posts e seguidores em prazo de 24h, a partir da decisão judicial, sob pena de multa diária de R$ 5 mil e a dispensa de audiência de conciliação. No mérito, o pagamento indenizatório de R$ 5 mil por danos morais.
A reportagem entrou em contato com o advogado, que não quis se pronunciar sobre o assunto.
*Matéria alterada às 11h11h para acréscimo do posicionamento da empresária.