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Cidades

Contador fica 7 dias na prisão por assalto cometido pelo ex-padrasto

Inquérito policial e ação penal por um crime cometido em 2015 tramitou em nome errado

Jhefferson Gamarra | 26/05/2021 08:00
Lucas Borges da Silva Custódio passou 7 dias na prisão por um crime cometido por outra pessoa (Foto: Jhefferson Gamarra)
Lucas Borges da Silva Custódio passou 7 dias na prisão por um crime cometido por outra pessoa (Foto: Jhefferson Gamarra)

Vítima de uma sequência de equívocos no inquérito policial e depois no Judiciário, o contador Lucas Borges da Silva Custódio, 28 anos, foi preso na última semana, apontado como autor de uma tentativa de assalto a mão armada, ocorrido em 2015 em Ponta Porã, a 323 quilômetros de Campo Grande.

José Luis Barros da Silva, que se passou por Lucas, durante prisão em flagrante no dia 15 de maio de 2015 por tentativa de assalto (Foto: Ponta Porã Informa)
José Luis Barros da Silva, que se passou por Lucas, durante prisão em flagrante no dia 15 de maio de 2015 por tentativa de assalto (Foto: Ponta Porã Informa)

O contador foi condenado pelo crime, após o verdadeiro autor, o ex-padastro, José Luis Barros da Silva, ter roubado e utilizado documentos falsos em seu nome durante a tentativa de roubo.

No último dia 17 de maio, enquanto viajava com a esposa, Lucas Borges foi surpreendido com um mandado de prisão em seu nome, quando passava por uma blitz da Polícia Militar na cidade de Maracaju-MS e passou 7 dias detido.

A vítima só conseguiu a liberdade após contratar advogado, que juntou aos autos uma série de evidências que comprovaram que Lucas Borges, até então preso, não poderia ser a mesma pessoa apontada como o autor do crime, que na verdade se trata de José Luís.

Caso – No dia 15 de maio de 2015, dois homens armados com uma espingarda calibre .24 tentaram roubar uma moto na Av. Internacional esquina com a Rua Baltasar Saldanha, em frente a uma loja que vende artigos religiosos em Ponta Porã.

Agentes da Polícia Federal que estavam nas proximidades, perceberam a tentativa de assalto e capturaram um dos autores. A Polícia Militar foi acionada e o autor encaminhado para a 1ª Delegacia de Ponta Porã.

Na delegacia, o preso de posse de documentos falsos, se identificou como Lucas Borges da Silva Custódio de 32 anos e posteriormente foi reconhecido pelas vítimas como o autor da tentativa de roubo.

José Luis durante interrogatório prestado, ainda se passando po Lucas (Foto: Reprodução)
José Luis durante interrogatório prestado, ainda se passando po Lucas (Foto: Reprodução)

Os policiais não perceberam a identificação falsa, mesmo colhendo as impressões digitais do homem preso. E o inquérito continuou a tramitar na 2ª Vara Criminal da Comarca de Ponta Porã, sob o nome de Lucas Borges e não do verdadeiro autor, José Luis Barros da Silva.

Ao fim do processo, em outubro de 2019 foi determinada pela 2ª Vara Criminal de Ponta Porã a condenação de Lucas Borges da Silva Custódio a 3 anos 1 mês e 10 dias e um multa no valor de R$ 157,60 pelo crime de roubo majorado.

Com a decisão condenatória contra a pessoa errada, Lucas Borges ficou preso do dia 17 a 24 de maio. Ao perceber o equívoco o poder judiciário deferiu o pedido de Habeas Corpus da defesa, determinando a colheita das digitais de Lucas para serem comparadas com as do autor do crime em 2015.

Digitais colhidas na prisão em flagrante em 2015 como sendo de Lucas Borges, mas que nunca foram confrontadas com as do verdadeiro autor (Foto: Reprodução)
Digitais colhidas na prisão em flagrante em 2015 como sendo de Lucas Borges, mas que nunca foram confrontadas com as do verdadeiro autor (Foto: Reprodução)

“Isso foi um erro do poder público e precisa ser reparado. Foi coletada as digitais do verdadeiro autor do crime mas não fizeram a analise, apenas colocaram como sendo o Lucas Borges. Eles obrigatoriamente deveriam ter enviado para um perito papiloscopista e comparar com o banco de dados para ter a certeza de que se tratava de outra pessoa”, argumenta o Geovane Ferreira Bernal, advogado da vítima.

De acordo com o verdadeiro Lucas Borges, a prisão indevida causou inúmeros prejuízos profissionais e constrangimento ao ter seu nome relacionado a um crime em que não cometeu. “Eu cheguei na delegacia e me colocaram preso como se fosse um criminoso. Quero que a justiça seja realmente feita e meu nome seja limpo. Nunca fiz nada de errado, nunca fui preso. Como fiquei mais de uma semana preso meu celular ficou desligado, perdi clientes e demandas de trabalho, além dos destratos que sofri na cadeia e situações vexatórias que venho sofrendo”, lamentou.

Procurados pela reportagem para tratar sobre o possível equívoco no processo criminal, a Polícia Civil e o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, informaram que a situação será analisada e em breve darão um retorno.

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