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Cidades

Em MS, entidades são contra mudar regras para reduzir letalidade policial

Governo federal anunciou que vai editar portaria de 2010, que impõe diretrizes às forças de segurança

Por Ângela Kempfer e Cassia Modena | 24/09/2024 12:59
Policiais militares ao lado de viatura, no Bairro São Conrado (Foto: Marcos Maluf/Arquivo)
Policiais militares ao lado de viatura, no Bairro São Conrado (Foto: Marcos Maluf/Arquivo)

O governo Lula promete editar portaria que impõe regras à abordagem policial e uso da força pelos agentes de segurança. Segundo publicou hoje (24) o Estadão, um documento tramita internamente e será colocado em consulta pública antes de ser aprovado.

O texto "atualiza as diretrizes previstas e reúne leis, recomendações, possibilidades tecnológicas, decisões judiciais e decretos que estavam dispersos", modificando portaria interministerial de 2010.

Reduzir a letalidade das forças de segurança é o objetivo da medida, segundo técnicos do governo.

As diretrizes vão se aplicar à Polícia Civil, Polícia Militar e Guardas Municipais. Elas dizem respeito às abordagens, uso de armas e algemas, principalmente.

Traduzida na morte de suspeitos por intervenção dos agentes de segurança, a letalidade policial que preocupa o governo federal teve alta de 160% em Mato Grosso do Sul entre 2022 e 2023, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgados este ano. Foi a maior variação registrada no País.

Contrários - O Campo Grande News repercutiu a possibilidade da publicação de novas diretrizes com a Aspra/MS (Associação de Praças da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul) e o Sindicato da Guarda Municipal de Campo Grande. Aguarda ainda saber o posicionamento do Sinpol (Sindicato dos Policiais Civis de Mato Grosso do Sul).

A associação repudiou a ideia e pediu amplo debate sobre o assunto.

"A proposta de alteração nas regras dessas abordagens, sem a devida consideração das condições reais em que atuam os policiais nas ruas, representa uma grave ameaça à eficácia das ações policiais e à segurança de nossos profissionais. É imperativo que as normativas levem em consideração a realidade das ocorrências, nas quais os policiais militares, em situações de risco, devem agir com rapidez e precisão para proteger suas vidas e a vida dos cidadãos", diz trecho de nota enviada.

A integridade física e moral dos policiais e o aumento da criminalidade podem ser impactados, continua a Aspra. "Qualquer mudança que venha a dificultar o trabalho das forças de segurança, especialmente em relação ao uso de armas e algemas, não só compromete a segurança dos policiais, mas também favorece a criminalidade. A Aspra reitera seu compromisso com a defesa intransigente da categoria, e repudia qualquer medida que enfraqueça a autoridade policial ou exponha nossos profissionais a riscos desnecessários", afirmou.

Presidente do Sindicato da Guarda Civil Municipal de Campo Grande, Hudson Bonfim primeiro destaca que a força de segurança tem parte do efetivo armado desde 2016 e que, em quase uma década, "não matou ninguém em intervenções".

A categoria também é contrária quanto a mexer em normas existentes e enrijecer o que já existe. "Tende a ser repetitivo. Hoje, tudo o que se utiliza tem embasamento jurídico e precisamos justificar porque se for em excesso pode ser ruim, pode não existir um excludente de ilicitude", começa.

A portaria interministerial é baseada em normas da ONU, diz o sindicalista, e tem validade em todo mundo. Para ele, não há o que o Brasil acrescentar.

Hudson afirma que algumas regras vigentes sequer têm condições de serem cumpridas quando o próprio Estado não fornece os materiais necessários. "Por exemplo, está nessa portaria que precisamos portar, pelo menos, dois equipamentos menos letais. Quem porta isso, hoje? Ele [o Estado] põe isso numa lei, mas ele não te dá", diz.

O sindicato defende, ainda, que sejam ouvidos não só técnicos no assunto, para a possível alteração, mas quem está diariamente dentro das viaturas.

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