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Capital

MS é recordista em aumento de mortos por policiais

Em 2022 foram 51 mortes, enquanto que, no ano passado, foram 133. Total representa variação de 160,8%

Por Ângela Kempfer | 18/07/2024 11:10
Viaturas da Polícia Civil e Batalhão de Choque, em ocorrência de intervenção policial no Bairro Portal Caiobá (Fotos: Osmar Daniel)
Viaturas da Polícia Civil e Batalhão de Choque, em ocorrência de intervenção policial no Bairro Portal Caiobá (Fotos: Osmar Daniel)

Mortes durante ações policiais mais que dobraram em Mato Grosso do Sul nos últimos dois anos. Em 2022 foram registradas 51 suspeitos assassinados, número que subiu para 133 no ano passado. O total representa variação de 160,8%, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta quinta-feira (18).

O documento ainda mostra que Mato Grosso do Sul é um dos 6 estados ondem nenhum policial morreu em confronto desde 2022.  Nas estatísticas, não é feita diferenciação entre Polícia Militar e Polícia Civil.

O mapa difere de dados da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública). O Estado repassou que em 2022 ocorreram 43 mortes por intervenção policial, enquanto no ano passado foram 108, mesmo assim, o maior número na série histórica de 10 anos. Resultado que revela aumento de 151,16%, em comparação aos dois períodos.

A reportagem pediu posicionamento da Sejusp em relação a diferença dos números e em nota a Secretaria informou que "os dados que originam as estatísticas criminais são captados a partir do registro de boletins de ocorrências policiais, ficando disponíveis e públicos no site oficial da Sejusp, no link estatísticas on-line. Não podemos responder sobre a origem dos dados publicados pelo anuário", informou.

Logo atrás de MS está Mato Grosso, com variação de 104,60%, o estado registrou 109 mortes em 2022 e 223 no ano passado. Em 2023, as forças de segurança foram responsáveis por 13,8% de todas as mortes violentas intencionais no país —indicativo que engloba também homicídios dolosos, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte, além das mortes causadas por policiais. O relatório é feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Ainda conforme aponta o relatório, a maioria dos mortos pela polícia são homens (99,3%) jovens (71,7%) e negros (82,7%), em geral mortos na rua (63,6%).

Em entrevista a Folha de São Paulo, a diretora executiva do Fórum Samira Bueno, explicou que no centro-oeste, a opção de confronto ganhou espaço, em prejuízo ao trabalho de investigação. Segundo ela, isso aconteceu tanto em Mato Grosso do Sul, onde predomina a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), quando em Mato Grosso, com liderança do Comando Vermelho.

"Esses estados sofrem com o crime organizado, é evidente. Muitas das rotas usadas pelo narcotráfico passam por esses estados." Rotas, inclusive, na ligação com a Bolívia e o Paraguai.

Apesar de oficialmente a polícia usar o termo "confronto", Mato Grosso do Sul não registrou morte de policiais civis e militares em 2022 e 2023. Levando-se em conta apenas os dados do ano passado, o Estado figura no seleto grupo que inclui, ainda, Espírito Santo, Santa Catarina, Acre, Amapá, Tocantins e Roraima.

Nas estatísticas da Sejusp, em 2024 já foram registradas 40 mortes em confronto, destes, 21 ocorreram em Campo Grande e 11 na faixa de fronteira, todos eram suspeitos de crimes.

Desde o início de 2022, a função de investigar esse tipo de morte cometida por PMs passou a ser investigado pela própria Polícia Militar. Antes, era responsabilidade da Polícia Civil. Nem o Comando da PM, nem Diretoria Geral da Polícia Civil, Sejusp ou corregedorias dessas forças repassam informações sobre quantos servidores foram investigados realmente e punidos por mortes em serviço.

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