Internações por covid crescem no Estado, e Capital lidera com 95% de ocupação
Conforme critérios de saúde, o Estado é dividido em quatro regiões; nesse quesito, a macrorregião de Campo Grande está mais grave
Mato Grosso do Sul tem visto, em média estadual, as internações por covid-19 crescerem cerca de 37% ao longo das últimas duas semanas. O que os dados evidenciam, contudo, é que as macrorregiões de Campo Grande e Três Lagoas são as maiores responsáveis por esse aumento.
Isso é o que indica levantamento feito pela reportagem, com base nos registros do painel Mais Saúde - que contabiliza a demanda hospitalar em todos os estabelecimentos de saúde do Estado.
A região da Capital teve aumento de 43,3% em internações nos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) em casos de covid-19 e SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave), e estava, nesta segunda-feira (1º), com 95,5% de vagas ocupadas.
Ao Campo Grande News, o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, alerta que a situação é crítica e tende a piorar devido a falta de apoio da população e de gestores municipais. "Uma parcela da população não colabora, e também pela falta de apoio de gestores, e falta de adesão na sua plenitude do Prosseguir, de gestores que cedem a grupo de pressões”, diz.
“Estamos em um cenário que aponta dificuldades maiores, e que pode ser o pior momento da doença, agora em março. Temos indicativos de que temos cepas diferentes do coronavírus, que estão fazendo sequenciamento, e podemos ter a circulação da cepa oriunda do norte", ressalta o titular da SES (Secretaria Estadual de Saúde).
Veja a taxa de ocupação de leitos de terapia intensiva de covid nos últimos 14 dias:
Macrorregião | 16 de fevereiro | 1º de março |
Campo Grande | 66,7% | 95,5% |
Corumbá | 47,1% | 52,9% |
Dourados | 75% | 83,3% |
Três Lagoas | 51,4% | 75,7% |
Além dela, Três Lagoas teve aumento expressivo de 47,1%. Por fim, com crescimento inferior a essas duas, aparecem Corumbá (12,5%) e Dourados (11,1%).
Resende afirma que a preocupação é extrema em todas as regiões do Estado, já que a crescente da doença é em todo Mato Grosso do Sul. “Três Lagoas estava se comportando diferente do Estado, mas agora tem apresentado quase ocupação total. Já pedimos que Dourados abra novos leitos e contrate hospitais privados".
A 'macrorregião' é um conceito desenvolvido pelas autoridades em saúde para definir um conjunto de vários municípios cujos hospitais têm maior integração entre si. A macrorregião de saúde de Campo Grande engloba não apenas a Capital, como diversos outros municípios próximos.
Por município - Nesse mesmo quesito, de pacientes em leitos de UTI para essas doenças respiratórias, mas filtrando em cada município, Naviraí, Nova Andradina, Ponta Porã, Jardim e Costa Rica têm taxas de 100% de ocupação hospitalar - no geral, há poucos leitos disponíveis por se tratarem de cidades pequenas.
Segundo Geraldo Resende, da SES, a falta de profissionais de saúde impossibilita abertura de mais estruturas. "Não tem como expandir leitos de UTIs. Não adianta abrir leitos, se não temos profissionais. Muitos são recém-formados e estão em período de residência médica, e falta profissionais à beira de leitos, como fisioterapeutas".
Em seguida, vem Campo Grande (95,8%)* e Paranaíba (90%), com níveis preocupantes, e depois Três Lagoas (88,2%), Aquidauana (87,5%), Coxim e Aparecida do Taboado (80%), Dourados (72,4%) e Corumbá (52,9%).
Por fim, Sidrolândia e Bataguassu possuem leito de UTI, conforme o painel, mas nenhum deles está em uso.
(*) Apenas o município de Campo Grande tem taxa de ocupação de leitos de UTI/covid de 95,8%, já a macrorregião de Campo Grande (que engloba outros municípios) tem taxa de ocupação de UTI/covid de 95,5%.