Investigação sobre verba do futebol envolve restaurante, barbearia e hotéis
Gaeco investiga "organização criminosa" que desviou, pelo menos R$ 6 milhões em recursos de convênios
Na Operação Cartão Vermelho, a lista de investigados do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) inclui dirigentes da FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul), hotéis e barbearias do interior do Estado. A investigação apura crime de lavagem que identificou, pelo menos, R$ 6 milhões em desvios.
Segundo a listagem a que o Campo Grande News teve acesso, além da sede da FFMS e da casa do presidente Francisco Cezario de Oliveira, no bairro Taveirópolis, constam os nomes de Jamiro Rodrigues de Oliveira, vice-presidente da FFMS; Marco Antônio Tavares, vice-presidente e coordenador de competições da federação, que também consta como presidente da Federação de Tênis de Mesa; Aparecido Alves pereira, delegado de jogos da FFMS; Rudson Bogarim Barbosa que, em publicação do site da entidade, em 2022, constava como gerente da TI da FFMS.
Na casa de Marco Antônio Tavares, no Bairro Lar do Trabalhador, o Gaeco apreendeu celular e um computador, conforme apurado pela reportagem. O vice-presidente não foi preso e saiu de casa acompanhado da esposa.
Na lista, ainda consta o nome do funcionário público Marcelo Mitsuo Ezoe Pereira, além de Francisco Carlos Pereira, Umberto Alves Pereira, Valdir Alves Pereira, Francisca Rosa de Oliveira, Marco Antônio de Araújo e Patrícia Gomes Araújo.
A empresa de propriedade de Patrícia Gomes Araújo também é investigada na operação, um restaurante com sede em Dourados. A apuração também incluiria uma barbearia em Chapadão do Sul e três hotéis, localizados em Naviraí, Chapadão do Sul e Ivinhema. Porém, para estas cidades, não constam mandados a serem cumpridos pelo Gaeco.
Ainda conforme a lista, aparece o Sindarbitros (Sindicato dos Árbitros Profissionais de Mato Grosso do Sul). O advogado Augusto Domingos Borges Ortega, que representa a entidade, disse que não foi cumprido qualquer mandado no sindicato, tudo comprovado em notas fiscais . Segundo ele, a entidade somente repassa os valores exatos relacionados aos árbitros que atuam nos jogos da federação.
Desvio – Na Operação Cartão Vermelho, o Gaeco cumpre sete mandados de prisão e 14 de busca e apreensão em Campo Grande, Dourados e Três Lagoas.
Conforme nota divulgada pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), a FFMS foi investigada durante 20 meses pelo Gaeco, que identificou “uma organização criminosa, cujo principal objetivo era desviar valores”, dos convênios firmados com o Estado e com a CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
Uma das formas de desvio era a realização de frequentes saques em espécie de contas bancárias da FFMS, em valores não superiores a R$ 5 mil, para não alertar os órgãos de controle.
Nessa modalidade, verificou-se que os integrantes da organização criminosa realizaram mais de 1,2 mil saques, que ultrapassaram o montante de R$ 3 milhões.
Ao todo, os valores desviados, no período de setembro de 2018 até fevereiro de 2023, da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul superaram a casa dos R$ 6 milhões.
Francisco Cezário de Oliveira, 77 anos, que comanda a federação, está no sétimo mandato e fica no cargo até 2027. A última eleição foi em 2022. Marcada por briga na Justiça, o desfecho foi vitória da chapa única, liderada por Cezário. (Colaborou Clara Farias)
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