Juiz autoriza sequestro de fazenda de R$ 68 milhões e libera bens de delator
O imóvel foi bloqueado em ação por lavagem onde pecuarista já teve R$ 16,4 milhões bloqueados
A Justiça autorizou que o pecuarista Ivanildo da Cunha Miranda, delator na operação Lama Asfáltica, deixe um único bem, a fazenda São Bento, sob restrição em processo por lavagem de dinheiro oriundo de corrupção.
O imóvel rural de 26 mil hectares fica localizado em Corumbá, no Pantanal, e foi citado em dois boletins de ocorrência, registrados por funcionários do pecuarista, sobre incêndios nesta temporada de fogo no ecossistema.
No processo, que tramita na 1ª Vara Criminal de Campo Grande, a defesa informou que a fazenda vale R$ 68 milhões. Conforme decisão publicada na edição de hoje do Diário da Justiça, foi deferido que o sequestro recaia unicamente sobre a fazenda São Bento, liberando os demais bens do pecuarista.
O bloqueio de bens nesta ação é de R$ 16.463.906,53. “Ressalto que, apesar de constarem algumas hipotecas sobre o imóvel (de acordo com a certidão da matrícula do imóvel), somando-as, seus valores não alcançam sequer a metade do valor do imóvel, não havendo riscos ao ressarcimento do erário no deferimento do pedido”, informa a decisão.
A ação por lavagem de dinheiro tramita em sigilo é decorrente da operação Lama Asfáltica, em que a PF (Polícia Federal) investigou esquema de pagamento de propina da empresa JBS, que tem frigoríficos em Mato Grosso do Sul, para o ex-governador André Puccinelli (MDB).
O pagamento com notas frias era em troca de incentivos fiscais e foi revelado tanto pela empresa quanto por delator, que arrecadava o dinheiro. A reportagem não conseguiu contato com a defesa.
Nos últimos dias, Ivanildo também passou a ser citado após operação da Polícia Federal contra queimadas em Mato Grosso do Sul.
A partir de imagens de satélite da Nasa (agência espacial americana) e do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), os peritos da PF encontraram vestígios que indicariam a ação humana nas queimadas em 4 propriedades rurais. Uma delas é a Bonsucesso, de propriedade do pecuarista.