Juiz fixa em R$ 1,3 milhão indenização de MS a ex-major traficante
Atualmente, o ex-policial está preso na Hungria, após temporada foragido de operação da PF
A Justiça fixou em R$ 1,3 milhão a indenização que a administração estadual deverá pagar para Sérgio Roberto de Carvalho, ex-major da PM (Polícia Militar).
Após a operação da PF (Polícia Federal) em 2020, ele ficou conhecido como “Escobar Brasileiro”, diante de denúncia de liderar tráfico bilionário de cocaína, e se notabilizou por uma temporada “morto-vivo”, por ter criado uma “versão" europeia que morreu de covid e foi cremado, portanto sem condições de análise do DNA dos restos mortais para confirmar a identificação. Atualmente, o ex-policial está preso na Hungria, quando “caiu” com uso de documento falso, desta vez se passando por mexicano.
O processo do ex-policial contra a Ageprev (Agência de Previdência Social) tramita desde 16 de novembro de 2015 na 4ª Vara da Fazenda Pública de Campo Grande. Na ocasião, a ação de cumprimento provisório de sentença cobrava R$ 516.695 em aposentadorias, que não eram pagas desde abril de 2011. Como os recursos da Ageprev foram negados pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) e STF (Supremo Tribunal Federal), o processo prosseguiu para cálculo do valor.
Após a operação Enterprise, com a possibilidade de óbito do ex-servidor, o governo exigiu prova de vida e, diante do não comparecimento, suspendeu pagamento da aposentadoria de R$ 11 mil. Contudo, a administração estadual não conseguiu paralisar o andamento do processo de indenização com o argumento de “óbito presumido”.
No último dia 24 de novembro, o juiz Marcelo Andrade Campo Silva fixou em R$ 1.313.732,01 o valor do crédito em favor do ex-major. Agora, após o prazo recursal, deve ser emitido precatório para pagamento do ex-policial.
De policial a Escobar - A carreira de Carvalho na Polícia Militar durou 16 anos. Ele ingressou na PM em 25 de janeiro de 1980 e se aposentou em 28 de maio de 1996. A aposentadoria foi antes da condenação por tráfico.
Em 2007 e 2009, quando já cumpria pena em regime semiaberto, voltou a ser preso por envolvimento em jogos de azar, alvo das operações Xeque-Mate e Las Vegas. Ele só foi expulso da Polícia Militar em 7 de março de 2018.
Na operação Enterprise, a PF coloca o ex-major como líder de organização criminosa capaz de exportar 45 toneladas de cocaína (equivalente a R$ 2,2 bilhões), sendo comparável ao colombiano Pablo Escobar. Na Espanha, ele morava em mansão avaliada em R$ 12 milhões.