ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, QUINTA  14    CAMPO GRANDE 19º

Cidades

Ministério da Igualdade Racial elabora plano de proteção a jovens negros em MS

Representantes do Governo Federal e movimentos negros do Estado se reuniram nos últimos dois dias

Guilherme Correia | 25/07/2023 14:07
Apresentação musical durante encontro entre movimentos negros e o Governo Federal (Foto: Matheus Carvalho/Divulgação)
Apresentação musical durante encontro entre movimentos negros e o Governo Federal (Foto: Matheus Carvalho/Divulgação)

Representantes do Governo Federal e movimentos negros estão reunidos em Mato Grosso do Sul para discutir temas relacionados à juventude negra do Estado. Caravana participativa, promovida pelo Ministério da Igualdade Racial em parceria com a Subsecretaria de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial, do Governo do Estado, visa promover participação social de negros e negras e organizações da sociedade civil, na elaboração do PJNV (Plano Juventude Negra Viva).

O encontro visa discutir inclusão na sociedade brasileira, levantando questões fundamentais sobre a saúde, educação, cultura, quilombos e os direitos da população negra LGBTQIAPN+. A subsecretaria estadual está vinculada à Setescc (Secretaria Estadual de Turismo, Esporte, Cultura e Cidadania).

Em publicação no site oficial de notícias do Governo, o coordenador de Monitoramento e Projeto do Ministério da Igualdade Racial, Adriano Fiuza, destacou que o plano é construído por meio de escutas ativas, dando voz à diversidade e à realidade da juventude negra sul-mato-grossense.

“As caravanas são o processo de participação. Tudo o que temos enquanto política pública, a gente escuta o povo, a diversidade. O que a gente quer aqui é ouvir vocês e saber qual é a realidade da juventude negra sul-mato-grossense”.

A subsecretária de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial, Vânia Lúcia Baptista Duarte, enfatiza que é imprescindível debater a inclusão e a igualdade da população negra no Brasil, uma vez que a abolição da escravatura, feita em 13 de maio de 1888, não representou efetivamente essa inclusão.

“Porque o 13 de maio não representou nós estarmos incluídos na sociedade com direito e igualdade. Hoje, estamos aqui para discutir um Plano Nacional da Juventude Negra Viva, porque muitos dos nossos, infelizmente, estão morrendo. Ao mesmo tempo, nós também temos a nossa força, a nossa beleza. Somos resistência”.

O coordenador-geral de Relações Federativas e Interministeriais da Secretaria Nacional da Juventude, Miguel Intra, também destacou os desafios no processo de reconstrução de pastas da cidadania do Governo Federal e que as caravanas vêm para debater e construir o novo plano.

Por fim, a secretária-adjunta estadual de Turismo, Esporte, Cultura e Cidadania, Viviane Luiza, frisou que a cidadania envolve o jovem negro, indígena, LGBTQIA+ e com deficiência.

“Estamos aqui para ouvir, vocês que são os agentes e protagonistas. A escuta com a juventude negra viva é realmente o primeiro exercício de cidadania. Nós juntos precisamos dar as mãos e quebrar a branquitude colonialista que nós temos neste país”.

Participantes do evento durante encontro na segunda-feira (Foto: Matheus Carvalho/Divulgação)
Participantes do evento durante encontro na segunda-feira (Foto: Matheus Carvalho/Divulgação)

Medida federal - A caravana busca compreender a realidade local de cada estado em relação às práticas para juventude e juventude negra, garantindo a contribuição da população beneficiária para a construção do PJNV. Além disso, visa sensibilizar e mobilizar gestores e técnicos locais envolvidos na implementação de políticas para a juventude e igualdade racial.

O evento, aberto à participação da juventude negra, abrange uma programação que inclui exposições, escutas ativas e a consolidação de proposições e soluções apresentadas pela sociedade civil e entes governamentais, a fim de construir um plano transversal que contemple a diversidade e as necessidades específicas da juventude negra em Mato Grosso do Sul.

A escuta ativa e o diálogo proporcionados pela caravana representam o primeiro exercício de cidadania, com a intenção de unir esforços e romper com a branquitude colonialista presente no país.

Apresentação realizada durante a caravana do Ministério da Igualdade Racial na Capital (Foto: Matheus Carvalho/Divulgação)
Apresentação realizada durante a caravana do Ministério da Igualdade Racial na Capital (Foto: Matheus Carvalho/Divulgação)

Programação - Ainda nesta terça-feira, ocorre evento entre 14h e 16h30 para consolidação das proposições, expectativas, sugestões e propostas apresentadas, com a finalidade de obter síntese para a fase de validação.

Entre 16h30 e 17h55, haverá validação das contribuições expostas pela sociedade civil, entes governamentais e não governamentais, para cada eixo de atuação do PJNV, e encerramento da audiência com a leitura final dos pontos principais das discussões. Por fim, às 18h, está marcado o encerramento.

O evento é aberto à juventude negra e está sendo realizado na Rua Bom Retiro, número 1.098, no Bairro Chácara das Mansões.

Participação - Nesses dois dias, aproximadamente 50 jovens e 20 adultos participaram das discussões propostas pela caravana. Os jovens participantes vieram de diversas cidades, incluindo Ladário, Bataguassu, São Gabriel do Oeste, Nova Andradina, Deodápolis, Jardim, Jaraguari, Maracaju e Campo Grande.

A reunião contou com a colaboração de importantes instituições, tais como representantes de povos de terreiros, religiões de matrizes africanas, Fórum Permanente das Entidades do Movimento Negro MS, Coletivo Geni, Comunidade Quilombola Urbana São João Batista, Comunidade Quilombola Urbana Eva Maria de Jesus, Comunidade Quilombola Rural Furnas do Dionísio, e as Coordenadorias Municipais da Igualdade Racial.

Uma das participantes foi Ladielly de Souza, membra do MNU (Movimento Negro Unificado). Ela enfatizou que durante os dois dias, a juventude negra tentou trazer  preocupações e necessidades específicas do Estado, como a situação das comunidades quilombolas e dos jovens que vivem em cidades do interior. “Discutimos por exemplo a dificuldade ao acesso à educação e transporte público, que existe especialmente no interior”.

De acordo com Ladielly, também foi proposta a criação de um observatório de crimes de racismo em Mato Grosso do Sul.

O coordenador de Monitoramento e Projeto do Ministério da Igualdade Racial elogiou a participação maciça da juventude negra e a variedade de eixos de discussão abordados, que ultrapassaram as expectativas iniciais. "Estamos saindo daqui muito realizados e com um sentimento de missão cumprida. Esse documento que está sendo construído nessas viagens está saindo, realmente, com a cara da população jovem de Mato Grosso do Sul", comenta Adriano.

[**] Matéria editada às 17h07, para acréscimo de informações. 

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para entrar na lista VIP do Campo Grande News.

Nos siga no Google Notícias