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Cidades

MP quer demissão de presidente do CFM da Prefeitura de Campo Grande

Para promotor, pena aplicada foi estratégia para que Mauro Ribeiro pudesse concorrer em eleições do conselho

Lucia Morel | 01/06/2021 15:23
Médico e presidente do CFM, Mauro Ribeiro. (Foto: Roque de Sá/Agência Senado)
Médico e presidente do CFM, Mauro Ribeiro. (Foto: Roque de Sá/Agência Senado)

A 31ª Promotoria de Justiça do Ministério Público de Mato Grosso do Sul entrou com ação contra a Prefeitura de Campo Grande para que ela transforme a "exoneração a pedido" em demissão do médico e atual presidente do CFM (Conselho Federal de Medicina), Mauro Luiz Brito Ribeiro.

Em 2016, a própria prefeitura abriu procedimento administrativo (PAD) para averiguar faltas recorrentes do então servidor em um dos dois vínculos que possuía com o município. Na ocasião foi comprovado que o médico “ausentou-se do serviço por 28 meses, de junho de 2013 a outubro de 2015 com faltas consecutivas e não justificadas”.

Diante da situação, ele foi considerado culpado por falta funcional grave, cuja orientação da comissão foi de pena de demissão. No entanto, em oposição ao que foi sugerido, o então corregedor-geral administrativo do município, Arlindo Fernandes de Paiva Neto, posicionou-se por penalização de exoneração voluntária de um dos vínculos.

O médico também havia firmado com a administração municipal, acordo para devolução de salários recebidos a mais, totalizando R$ 76.601,45, valor a ser descontado em 76 parcelas mensais de R$ 1.007,91, o que vem sendo feito.

Assim, no dia 18 de outubro de 2016, a exoneração a pedido – e não demissão – de Mauro foi publicada no Diário Oficial de Campo Grande, mas ainda assim, ele figura entre as lista de servidores municipais e recebendo como tal por manter um vínculo ativo com a prefeitura.

Publicação de exoneração a pedido, em 2016. (Foto: Reprodução)
Publicação de exoneração a pedido, em 2016. (Foto: Reprodução)

Tanto que em 15 de junho de 2018, conforme nova publicação em diário, o médico foi cedido pela prefeitura para atuar no Conselho Federal de Medicina, “com ônus para a origem”, no período de 1º de janeiro daquele ano e renovado até 31 de dezembro de 2019.

Diante disso, o promotor Humberto Lapa Ferri argumenta que a decisão de exoneração voluntária deve ser considerada nula por não conter amparo legal. Para o promotor, a medida foi adotada para não impedir que Mauro concorresse à presidência do CFM, cargo que ocupa desde outubro de 2019.

Isso porque, segundo o promotor, a penalidade de demissão seria a única que impediria o médico de não poder assumir a vaga, uma vez que “não seria possível a assunção aos cargos de direção da entidade nacional de médicos alguém que tivesse sido demitido do serviço público”.

Dessa forma, além de pedir a nulidade do ato administrativo que considerou a pena de exoneração voluntária a mais adequada ao caso das faltas de Mauro também pede pela determinação ao município à “obrigação de fazer, consistente na publicação de novo ato administrativo de demissão, por abandono de cargo público”.

A reportagem entrou em contato com o Conselho Federal de Medicina por e-mail e aguarda retorno.

Inquérito - antes do caso chegar à Justiça, ainda na fase de inquérito, o médico apresentou defesa, alegando que houve erro da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) em não remanejar os dois, mas apenas um de seus vínculos à Santa Casa de Campo Grande.

Disse ainda que não apresentou defesa junto ao procedimento administrativo diante da rotina corrida como profissional médico e que ao perceber a falta da Sesau em remanejá-lo adequadamente, o então corregedor alterou a penalidade para exoneração voluntária.

A prefeitura, por sua vez, não seguiu a recomendação ministerial de demitir o profisisonal antes da ação judicial alegando que há lapso temporal extenso entre a decisão de 2016 e o pedido, sendo que a isso dificulta a correta análise do caso.

Matéria editada às 16h25 e às 17h19 para acréscimo de informação.

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