MP quer que Saúde elabore plano de contingência contra varíola de macacos
Estado acompanha caso suspeito em Corumbá, mas hospital acredita que diagnóstico caminha para outra doença
O MPMS (Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul) instaurou procedimento administrativo para que as secretarias de Estado de Saúde (SES) e municipal em Campo Grande (Sesau) elaborem um plano de contingência contra a varíola de macacos. A portaria foi publicada na edição desta sexta-feira (3) do DOMPMS (Diário Oficial do MP).
O pedido partiu da 32ª Promotoria de Justiça de Saúde Pública. Para abrir o procedimento, a promotora Daniella Costa da Silva considerou que a doença é endêmica na África, mas já teve casos registrados na Europa e na América no mês passado.
Portanto, Daniella determinou que as pastas trabalhem para, pelo menos, atrasar a chegada da doença ao Estado com este plano, que deverá ser redigido em observância à nota técnica da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) sobre a varíola de macacos.
O MP ainda oficiou as comissões de saúde da Alems (Assembleia Legislativa do Estado), da Câmara Municipal e da OAB-MS (Ordem dos Advogados do Brasil seccional MS), assim como os conselhos estadual e municipal de saúde e o Coren-MS (Conselho Regional de Enfermagem) para acompanhar o procedimento.
Entenda – Nesta semana, a SES registrou o primeiro caso suspeito da doença em Corumbá, cidade na região oeste do Estado a 428 km da Capital. Trata-se de um adolescente, de 16 anos, morador de Porto Quijarro, na Bolívia.
O jovem procurou atendimento médico no município sul-mato-grossense, onde está internado e isolado. A família não teve contato com ninguém com sintomas semelhantes, quando foram ao hospital de Santa Cruz de La Sierra.
Em nota, a Santa Casa do município indica que as duas doenças mais prováveis que podem estar acometendo o adolescente boliviano são síndrome de Dress ou psoríase pustulosa.
“De acordo com o histórico clínico do paciente, bem como as características das lesões, a equipe de profissionais médicos da Santa Casa de Corumbá acredita ser pouco provável a infecção pelo referido vírus”, diz trecho do documento.
Ainda conforme o hospital, duas especialidades estão analisando o quadro – infectologia e dermatologia – e o diagnóstico se encaminha para síndrome de Dress, que é uma reação adversa a medicamentos; ou para psoríase pustulosa, que é doença dermatológica caracterizada por múltiplas lesões de pele.
“O adolescente encontra-se clinicamente estável, isolado e monitorizado em ambiente de terapia intensiva e com conduta terapêutica adequada”, diz a nota, que completa que “reiteramos que todas as medidas estão sendo tomadas para elucidar o diagnóstico do paciente”.
O primeiro caso da doença na América Latina foi confirmado em 27 de maio, na Argentina. Em comunicado, o governo local afirmou que o paciente está estável e recebe tratamento para alívio dos sintomas.
Até o momento, foram identificados casos em mais de 20 países, como Espanha, Itália, Portugal, Reino Unido, Austrália, Bélgica, França, Alemanha, Estados Unidos, Canadá, Israel e Emirados Árabes Unidos.
De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), vacinas contra a varíola são 85% eficazes contra essa mutação. Já existe, inclusive, imunizantes disponíveis para a doença nos Estados Unidos, que são aplicadas em profissionais de saúde que tratam pessoas infectadas.