MS está entre os estados que mais demandam ao RJ busca por criminosos
Nas favelas, os foragidos encontram espaços de lazer com estrutura de resort, incluindo piscina e academia

Mato Grosso do Sul é o 5º estado, com 21 solicitações, que mais demanda ao Rio de Janeiro por pedidos de auxílio para a captura de líderes do tráfico que estariam escondidos em favelas da região metropolitana. O levantamento foi publicado nesta segunda-feira (17) pelo jornal Folha de São Paulo.
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Mato Grosso do Sul é o quinto estado que mais solicita ajuda ao Rio de Janeiro para capturar líderes do tráfico escondidos em favelas. Goiás lidera com 53 pedidos, seguido por Bahia, Pará e Amazonas. A disputa entre PCC e CV, intensificada após a morte de Jorge Rafaat em 2016, impulsionou a migração de criminosos para o Rio. As favelas oferecem refúgio com infraestrutura de luxo, atraindo foragidos. O governo do Rio busca fortalecer a segurança pública e aguarda decisão do STF sobre operações policiais em comunidades.
Os estados com maior número de pedidos são Goiás (53), Bahia (33), Pará (35) e Amazonas (21). Nas favelas, segundo policiais, os foragidos encontram espaços de lazer com estrutura de resort, incluindo piscina, sauna e academia.
O Brasil, conforme o MJSP (Ministério da Justiça e Segurança Pública), possui 88 facções criminosas. Em MS, seis delas estão na ativa, sendo o PCC (Primeiro Comando da Capital) e o CV (Comando Vermelho), que disputam o domínio do tráfico de drogas e brigam por poder, principalmente econômico, as mais atuantes.
Segundo o subsecretário de planejamento e integração operacional da Polícia Civil do Rio, delegado Carlos Oliveira, um fator que inicialmente influenciou a migração de criminosos é a disputa entre o PCC e o CV, que começou em 2016, com a morte do traficante Jorge Rafaat Toumani, que teria sido planejada pelo PCC.
A execução do narcotraficante Jorge Rafaat, na fronteira do Paraguai com Mato Grosso do Sul, mudou a geopolítica do crime e refletiu também no Acre. Sem Rafaat, a facção criminosa PCC avançou seus domínios sobre Pedro Juan Caballero, vizinha a Ponta Porã , forçando a migração do Comando Vermelho para o Estado da região Norte, cujo atrativo é um labirinto fluvial que permite buscar drogas no Peru e Bolívia.
Para o subsecretário, a geografia da cidade, com vários morros, e a resistência de criminosos armados com fuzis à polícia são atrativos para que foragidos procurem as favelas cariocas. “Com a disputa entre o PCC e o CV, as facções de alguns estados passaram a se aliar. O Comando Vermelho passa a dar auxílio para esses criminosos, os escondendo em favelas do Rio”, disse.
A migração também ocorre, segundo policiais, porque é cada vez mais comum a construção de áreas de lazer para traficantes nas favelas, com obras complexas e toques de luxo, como acabamentos de mármore. Criminosos da região também costumam promover festas com fogos de artifício e entrada livre de mulheres. O delegado André Neves, diretor das delegacias especializadas, afirma que essa ostentação é uma tentativa de influenciar moradores.
O governador Cláudio Castro (PL) afirmou que tem levado propostas para o fortalecimento da segurança pública a Brasília. Uma das apostas do governo do Rio é a suspensão da ADPF 635, ação que questiona as operações policiais em comunidades. No próximo dia 26, o STF (Supremo Tribunal Federal) deve retomar o julgamento, que corre há quase cinco anos.
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