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Cidades

Condenado por ter tatuagem com iniciais "CV" é salvo do julgamento do PCC

Rapaz de 19 anos foi sequestrado e seria morto a golpes de facão e queimado, mas foi salvo antes da execução

Silvia Frias | 28/04/2021 12:04
Rapaz foi sequestrado e levado para o bairro Itamaracá, onde foi sentenciado (Foto/Divulgação)
Rapaz foi sequestrado e levado para o bairro Itamaracá, onde foi sentenciado (Foto/Divulgação)

Três homens que seriam PCC (Primeiro Comando da Capital) foram presos por ameaça, sequestro e cárcere privado de suposto integrante do Comando Vermelho que havia sido rendido para ser julgado no “Tribunal do Crime”. A vítima, pedreiro de 19 anos, relatou que seria morta a golpes de facão e queimado envolto em pneus, apenas por causa de tatuagem na mão com as iniciais “CV”,

O flagrante aconteceu no domingo (25) e os envolvidos foram levados a audiência de custódia hoje, em Campo Grande, tendo a prisão preventiva confirmada pela Justiça.

No momento da abordagem policial,  adolescente de 17 anos, irmão de um dos envolvidos, foi encontrado no local, mas não há informação sobre a situação dele.

No boletim de ocorrência, consta que um policial militar do Bope recebeu denúncia de que faccionados do PCC, identificados como “Campeão” e “Naruto” haviam sequestrado rapaz que seria do CV. O crime teria ocorrido no domingo, quando a vítima foi levada em Palio Weekend para chácara no bairro Itamaracá.

Com base na descrição do veículo e o trajeto, os policiais começaram a fazer a ronda e encontraram o carro com as características citadas saindo de chácara na avenida Três Barras.

Quando viatura se aproximou, condutor desse carro acelerou, em fuga. As características foram repassadas a outras viaturas e este veículo foi encontrado, mais tarde, em outro flagrante, de tráfico de drogas.

Os policias resolveram entrar na chácara e encontraram a suposta vítima na companhia de quatro pessoas: adolescente de 17 anos, o irmão dele, caseiro da chácara, de 22 anos, além de metalúrgico de 34 anos e de doceiro de 21 anos, os dois últimos, que teriam sequestrado o rapaz.

Em depoimento à Polícia Civil, o doceiro de 21 anos negou qualquer participação no crime. Disse que é amigo do caseiro e foi convidado apar jogar sinuca. Quando chegou, não notou nada de anormal e a pretensa vítima não demonstrou estar com medo e sob ameaça.

O metalúrgico de 34 anos também negou participação no crime e que não faz parte do PCC. Ele já foi preso por tráfico, estava foragido do regime aberto e justificou que pegou infecção e seu atestado não foi aceito.

Porém o caseiro e o irmão adolescente confirmaram que o rapaz foi levado para chácara para ser julgado no Tribunal do Crime. O motivo seria a tatuagem na mão esquerda com as letras CV, o que indicaria ser de integrante da facção fluminense, rivado do PCC (Primeiro Comando da Capital).

O caseiro disse que já teve envolvimento com tráfico de drogas por isso, conhece muita gente no “ramo”. No domingo, recebeu ligação de integrante do PCC, que se identificou como “Gladiador do Inferno”, perguntou seu envolvimento com rapaz que seria do CV. Segundo ele, o pedreiro o citou por ter ajudado quando chegou a Campo Grande.

Em depoimento, o caseiro disse que o conhece há 8 anos, por ser primo de sua esposa e o auxiliou quando chegou a Campo Grande a pedido dela. “Gladiador” pediu encontro para saber o grau de envolvimento dos dois. O rapaz foi levado pelo metalúrgico, que seria o “Ceifeiro do Inferno” e pelo doceiro, o “Shamplon”.

O caseiro reafirmou a ajuda apenas a pedido da esposa e pediu que nada fosse feito na chácara, seu local de trabalho e onde morava com a mulher e o filho. Diz que os deixou no barracão da chácara e voltou no fim da tarde,  para levar café, quando a equipe do Bope chegou.

À Polícia Civil, o pedreiro de 19 anos disse que foi sequestrado no domingo, quando caminhava no Jardim Noroeste. Os homens chegaram veículo e disseram para ele “ficar de boa”, pois só tinham intenção de conversar. O rapaz disse que foi forçado a entrar no carro.

Um dos homens perguntou se ele era do CV e, dependendo da resposta, o matariam. Ele diz ter sido ameado de ser morto a golpes de facão e queimado nos pneus. Depois, foi levado para a chácara, onde permaneceu sendo vigiado pelo caseiro e pelo adolescente até que a sentença saísse, dada por interno de presídio.

No fim da tarde, por volta das 17h, ele disse que o grupo recebeu aval para mata-lo, mas foi salvo pela intervenção policial.

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