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Cidades

MS fica em 3º lugar do país com maior registro de violência contra mulher

Como no restante do Brasil, pretas ou pardas são mais afetadas pela pobreza conforme estudo de gênero

Por Gabriela Couto | 08/03/2024 13:41
Mulher com sinais de violência doméstica no rosto (Foto: Arquivo/Alex Machado) 
Mulher com sinais de violência doméstica no rosto (Foto: Arquivo/Alex Machado)

O estudo Estatística do gênero 2022 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) foi divulgado nesta sexta-feira (08), Dia Internacional da Mulher.

A publicação aponta que Mato Grosso do Sul está em terceiro lugar no ranking nacional de mulheres vítimas de violência psicológica, física ou sexual praticada por um parceiro íntimo atual ou anterior.

O número representa 8,2% das entrevistadas. O Estado fica atrás apenas de Roraima (8,5%) e Sergipe (8,4%). Quando o recorte selecionado é feito por grupos de idade, considerando o grupo entre 18 e 29 anos, Mato Grosso do Sul salta para a primeira posição, atingindo 17,8%, a frente do Piauí (13,7%) e de Roraima (12,7%).

Se a variável analisada for a taxa de homicídios contra as mulheres (por 100 mil habitantes), no período de três anos, pode-se observar um aumento em 2020 e posterior queda em 2021. No ano de 2019 a taxa ficou em 1,9%, passando para 2,8% em 2020 e caindo para 2,2% em 2021.

Considerando somente o ano de 2021, no ranking entre as unidades federativas, o Estado ficou na 11ª posição apresentando a taxa de 4,6% no geral. No quesito, local de ocorrência do incidente “no domicílio”, Mato Grosso do Sul ficou na 3ª posição, com 2,2%, atrás somente de Rondônia (2,6%) e Tocantins (2,4%). Já quando o local de ocorrência do incidente “fora do domicílio”, a posição tem uma queda e vai para 16ª no ranking.

Ainda em relação ao local da morte, é interessante observar as diferenças por cor ou raça das mulheres vítimas de homicídio doloso. Mato Grosso do Sul, diferente dos dados do Brasil, não segue um padrão fixo como observado no quadro abaixo.

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Pretas ou pardas – Assim como no restante do país, as mulheres de Mato Grosso do Sul dedicam quase o dobro de tempo que os homens aos cuidados de pessoas e afazeres domésticos.

Em 2022, os homens dedicavam apenas 10,8h para os serviços em casa, enquanto mulheres 19,2h. Na comparação com o restante do país, o Estado fica com 5º maior tempo de homens dedicados aos afazeres domésticos.

O recorte por cor ou raça indica, que as mulheres pretas ou pardas de Mato Grosso do Sul estavam mais envolvidas com o trabalho doméstico não remunerado que as mulheres brancas. Para os homens a diferença foi de 0,7 hora a mais para pretos ou pardos.

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Ocupação - Entre as mulheres sul-mato-grossenses de 15 a 24 anos, 21,6% não estavam ocupadas, não estudavam e não estavam em treinamento, deixando o Estado como o novo menor percentual no ranking nacional. Homens na mesma faixa etária representavam 10,5% dos entrevistados.

Segundo dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), do IBGE, o nível de ocupação das mulheres adultas (25 a 54 anos) é também diretamente afetado pela atividade de cuidados de crianças nos domicílios.

No estado, em 2022, o indicador para mulheres em arranjos domiciliares com crianças de até 6 anos de idade (62,9%) era 9,5 p.p. menor do que para mulheres que residiam em domicílios sem crianças (72,4%). Para os homens, estes números eram de 87,5% e 96,1% respectivamente, mostrando a diferença significativa de impacto conforme o gênero.

Em termos de taxas de desocupação, as mulheres apresentam, historicamente, taxas mais elevadas que homens. Em 2022, 6,5% das mulheres (7,3% das pretas ou pardas e 5,8% das brancas) e 3,7% dos homens (3,4% dos pretos ou pardos e 4,0% dos brancos) estavam desocupados.

Qualificação - Apesar do maior acesso ao ensino superior, as mulheres ainda são ligeiramente minoritárias entre os docentes do ensino superior. Em 2022, segundo o Censo da Educação Superior, dos 5.839 professores de ensino superior de MS, 2.896 são mulheres, representando 49,6% da categoria.

Essa proporção vem crescendo em nível nacional, ainda que lentamente, na última década. No entanto, no estado, que registrou 49,9% em 2013, houve uma redução de 0,3 p.p. no período. Se comparado com as outras Unidades da Federação, o estado fica na décima colocação.

Fecundidade - A posição do estado em relação a taxa de fecundidade das mulheres entre 15 e 19 anos de idade, manteve-se estável no período de dez anos. Em 2022, o MS manteve a 9ª nacional, mesma posição do ano de 2013. Contudo, a taxa de fecundidade caiu de 79,7% (2013) para 71,0 (2022).

Em dez anos, o percentual de nascimentos assistidos por pessoal de saúde qualificado subiu 1,1 p.p., saindo de 98,3% em 2013 para 99,4% em 2022. O percentual faz com que o Estado tenha a 9ª maior proporção entre as unidades federativas.

Em 9 anos, taxa de mortalidade de crianças com até 5 anos cai 17,4% para meninas e 23,7% para meninos A taxa de mortalidade de crianças com 5 ou menos anos no estado é diferente entre homens e mulheres. Enquanto em 2013, morriam 16,9 meninos a cada 1000 nascidos, esse número era 14,9 entre as meninas.

Em 2021, último dados disponibilizado pelo ministério da saúde aponta que, no estado, a 1000 nascimentos de meninos, 12,9 faleciam, enquanto esse valor era de 12,3 entre as meninas. Houve uma evolução, tendo sido registrada uma queda de 23,7% entre os meninos e de 17,4% entre as meninas.

Mortalidade - Mato Grosso do Sul tem o segundo pior número de mortes em pessoas de 30 a 69 anos, entre os estados. O recorte analise dados de óbitos por doenças cardiovasculares, câncer, diabetes ou doenças respiratórias crônicas, que são consideradas mortes prematuras por doenças não transmissíveis.

No estado, 15,6% da população de 30 a 69 anos morreu de um destes tipos de doença em 2022. O número é menor que o apresentado em 2013 (18,1%), mas ainda é o segundo maior do país, ficando atrás apenas de Alagoas (16,7%).

Entre as mulheres, esse número é menor (12,4% em 2022), deixando o estado em 8º entre as federações. Entre os homens, os 19% registrados em MS, são responsáveis pela segunda colocação entre os estados, com Alagoas (19,4%) à frente.

Expectativa de vida aos 60 anos melhorou em 10 anos. No Estado, um idoso tem a expectativa de viver até os 82,8 anos em média. A evolução da expectativa de vida pode ser acompanhada pelo gráfico abaixo.

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Política - Com apenas uma mulher na câmara dos deputados, Mato Grosso do Sul voltou a proporção de 2017 (12,5%). Das oito cadeiras ocupadas pelo estado apenas uma é ocupada por mulher, sendo ela Camila Jara (PT). Isso representa uma queda se comparado a 2020, quando teve duas parlamentares (25,0%). Desta foram o Estado fica com a 20ª posição no ranking nacional.

Em se tratando das câmaras de vereadores a proporção melhora. A proporção de mulheres em cadeiras do legislativo municipal chegou a 19,1%. Do total de 847 cadeiras no estado, 162 são ocupadas por mulheres. Com isso, Mato Grosso do Sul ocupa a 6ª posição, atrás do Rio Grande do Norte (21,6%), Acre (20,8%), Piauí (20,0%), Maranhão (19,3%) e Rio Grande do Sul (19,2%).

Apesar do crescimento de 1,6% em nove anos, o estado caiu quinze posições quanto ao número de candidatas para a câmara de deputados. No ano de 2014 a proporção de mulheres candidatas a câmara dos deputados era de 33,8%, e em 2022 foi de 35,4%. Em 2014, MS ocupava a 5ª posição, mas em 2022 caiu para a 20ª posição entre os estados.

Em cinco anos, o Estado caiu quatro posições quanto ao número de mulheres eleitas prefeitas. No ano de 2016 a proporção chegava a 8,9%, porém em 2020 caiu para 6,7%. Com o total de 40 mil pessoas, MS obteve a proporção de 67,5% de homens e 32,5% de mulheres ocupando cargos gerenciais. Assim, registrou a 21ª posição nacional no quesito participação das mulheres em cargos gerenciais.

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