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Cidades

Novo secretário tem filhos em escolas estaduais e quer ampliar ensino integral

Hélio Daher fala sobre planos e desafios para o ensino de 190 mil alunos da rede estadual em 2023

Caroline Maldonado | 05/01/2023 06:12
Secretário de Estado de Educação, professor mestre Hélio Daher (Foto: Paulo Francis)
Secretário de Estado de Educação, professor mestre Hélio Daher (Foto: Paulo Francis)

O novo titular da SED (Secretaria de Estado de Educação), professor Hélio Daher, já fazia parte da gestão passada, por isso diz ter em mente cada passo para investir os R$ 2,8 bilhões disponíveis para 2023. Com os dois filhos, de 11 e 13 anos, estudando há 3 anos em escola de tempo integral, ele destaca que é uma forma de demonstrar o quanto acredita no trabalho da própria secretaria.

Escolhido pelo governador Eduardo Riedel (PSDB) para substituir a ex-secretária, Maria Cecília Motta, Hélio já foi superintendente de Políticas Educacionais.

Em uma primeira entrevista exclusiva ao Campo Grande News, Hélio fala sobre as metas e os desafios: tornar metade das escolas em integrais neste ano, recuperar o aprendizado afetado pela pandemia, atrair a família para a vida escolar do aluno e preparar os estudantes ao mercado de trabalho, inclusive para o “boom” de oportunidades de emprego que virá com a abertura da Rota Bioceânica, quando ficar pronta ponte que está sendo construída entre Paraguai e Brasil, em Porto Murtinho.

O secretário também quer equiparar o salário do professor contratado com o do efetivo, apoiar os municípios na alfabetização e inaugurar o Núcleo de Prevenção a Acidentes. Não está nos planos criar mais escolas cívico-militares, além das quatro que existem em Campo Grande, Maracaju e Anastácio.

O adjunto, Edio Antônio Resende de Castro, e Hélio estão à frente de 348 escolas nas 79 cidades de Mato Grosso do Sul. O ano terá 190 mil estudantes e 25 mil servidores efetivos e contratados.

Escola integral 

A meta nacional é que os Estados tenham 50% de escolas integrais até 2024. No entanto, MS já atingirá esse quantitativo neste ano e, até 2024, o secretário pretende estar com 65% das unidades integrais.

“A meta é a universalização do acesso à escola integral. Isso não significa transformar todas em integrais, mas sim garantir que todos os alunos da rede tenham acesso a uma escola integral. Aquele aluno que trabalha em um turno ou que os pais querem em uma escola de meio período poderão fazer essa escolha, temos que respeitar”, destaca Hélio.

Escola Estadual Dona Consuelo Muller, na Vila Jacy (Foto: Liana Feitosa)
Escola Estadual Dona Consuelo Muller, na Vila Jacy (Foto: Liana Feitosa)

O secretário explica que um aluno custa ao Estado em torno de R$ 8 mil por ano, enquanto na escola de tempo integral esse valor sobe para uma média de R$ 11 mil. Ele enfatiza a importância do ensino integral, tanto para a rede quanto para o aluno.

“Na escola integral tem menos depredação. O  aluno cria um vínculo maior com a escola, se importa em participar inclusive das decisões e das mudanças que vão ocorrer. É um aluno até mais crítico e é isso que queremos preparar à sociedade”, detalha o secretário.

Pandemia e recuperação

O Plano de Recomposição do Aprendizado segue com ênfase nas disciplinas de Português e Matemática. As escolas terão uma avaliação no começo do ano e as atividades para recuperar as perdas do ensino remoto serão constantes.

“Se não cuidarmos dessa recomposição agora, teremos evasão no futuro. O professor precisa parar e resgatar cada aprendizado que o aluno precisa, o que inclui conversas com outro professor e chamar a família para participar”, comenta Hélio.

A família 

As escolas terão quatro sábados com a “Família na Escola” ao longo de 2023. O secretário explica que uma reclamação frequente de diretores é sobre a falta de participação dos familiares de muitos estudantes.

“É notório: o aluno cuja família participa tem um desempenho melhor. Quanto mais a criança aprende, melhor a comunidade se desenvolve. Por isso, precisamos muito que a família participe, sendo orientada do que pode fazer para ajudar nessa recuperação em casa. Por exemplo, se o aluno tem dificuldade com interpretação de texto, a família pode incentivar a leitura, pode, inclusive, pedir os livros da biblioteca da escola para isso”, diz.

Familiares de estudantes em escola da rede estadual (Foto: Divulgação/SED)
Familiares de estudantes em escola da rede estadual (Foto: Divulgação/SED)

O professor 

Atualmente, o concursado para 40h tem salário de R$ 10,3 mil, segundo Hélio. Ele destaca que é a melhor remuneração entre os Estados do Brasil.

Já o contratado ganha R$ 5,4 mil em 40h, mas, geralmente, esses professores são admitidos para contratos com menos horas. O secretário quer diminuir a diferença e equiparar o salário do efetivo e do contratado.

“Nossos contratos são por um ano. Isso já dá uma certa estabilidade nesse período, pois o professor tem férias e décimo terceiro, pode se planejar melhor, mas queremos que ele tenha também o salário equiparado ao do servidor de carreira. O contratado é necessário porque ele entra para substituir, por exemplo, professores de licença e outros que estão cedidos”, comenta Hélio.

A formação continuada também segue, como de costume, on-line e dentro da escola. A Jornada Formativa começa no dia 6 de fevereiro.

O aluno 

O secretário destaca que o objetivo é preparar o aluno para o mercado de trabalho e isso inclui a preparação para o vestibular, para a qualificação profissional e ao Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).

“O aluno que precisa trabalhar tem que estar apto para entrar num curso de qualificação, mas isso não significa que não vai para a universidade. Começar com um curso técnico não significa que vai parar ali. Todo estudante deve almejar o ensino superior”, opina Hélio.

Sobre as mudanças que estão ocorrendo a cada edição do Enem, o secretário adianta que vai procurar o ministro da educação, Camilo Santana, para saber mais sobre o que está sendo projetado para o exame.

Escola e universidade 

Além disso, a secretaria continua com trabalho para dar apoio psicológico aos estudantes e professores. Outra meta do secretário é acolher melhor o acadêmico estagiário na escola. Após se debruçar sobre o tema em sua pesquisa no curso de mestrado em Educação, Hélio concluiu que a escola não está preparada para acolher o acadêmico da melhor forma.

“A culpa não é da escola. É necessária uma conversa entre a universidade e a secretaria para entender o que o estagiário espera da escola. Ele é o professor do futuro e tem que ser bem acolhido e saber todos os instrumentos e recursos que existem na escola”.

A aproximação por meio de reuniões com gestores das universidades públicas deve incluir ainda discussões sobre como aproximar os estudantes do mundo universitário.

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