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Cidades

Pacientes do interior relatam saga para atendimento de saúde: "Não é fácil"

Para quem viaja horas em busca de especialista, a regionalização é a esperança

Gabriel de Matos e Thays Scnheider | 29/04/2023 08:10
Casa de Apoio no centro de Campo Grande recebe pacientes e acompanhantes do interior (Foto: Alex Machado)
Casa de Apoio no centro de Campo Grande recebe pacientes e acompanhantes do interior (Foto: Alex Machado)

Viagens por longas horas, espera por dias e demora no atendimento são alguns dos problemas que pacientes e acompanhantes do interior de Mato Grosso do Sul convivem na busca por serviços de saúde especializados em Campo Grande. Para quem vive em uma cidade distante dos maiores centros, a regionalização na saúde é uma esperança para a mudança dessa realidade. Essa semana, o governo apontou a descentralização como uma das metas a serem concretizadas.

José Antônio de Oliveira, de 65 anos, precisa sair de Corumbá por volta das 23h do dia anterior da consulta e viaja os 428 km até a Capital. São aproximadamente sete horas de viagem de ônibus para ele poder ter acesso ao tratamento de um câncer na garganta.

"Há dois anos faço tratamento para o câncer na garganta. Em Corumbá, tem hospital, mas falta profissional, não é fácil essa vinda, venho toda semana para realizar exames", relatou à reportagem.

A Casa de Apoio é uma pousada que funciona no centro de Campo Grande e acolhe os pacientes e acompanhantes, seja para passar o dia na Capital, oferecendo um local de descanso e refeição, ou mesmo para quem precisa de hospedagem. Ela atende principalmente aqueles que enfrentaram viagem mais longa para ter acesso aos serviços de saúde, como seu José. As despesas são custeadas por 17 prefeituras.

Muitos passam pelo local para um descanso ou se alimentar; local também hospeda quem precisa ficar mais tempo para se tratar. (Foto: Alex Machado)
Muitos passam pelo local para um descanso ou se alimentar; local também hospeda quem precisa ficar mais tempo para se tratar. (Foto: Alex Machado)

Coordenador da Casa de Apoio, Sidnei Mendes informou que cerca de 150 pessoas passam em média por dia. A pousada fica na Rua Dom Aquino, próximo à Avenida Ernesto Geisel, no Bairro Amambaí, em Campo Grande.

Ele relatou que está trabalhando na Casa de Apoio há 18 anos; esse vai e vem de muitos acabou criando uma grande família. "Logo foi crescendo, hoje é uma grande família, aqui recebemos pacientes com câncer, mães, crianças, nossa prioridade é dar atenção e alimentação nesse momento. Temos funcionários preparados desde a cozinheira a recepcionista".

José Antônio já chegou a ficar hospedado na pousada. "Tem vezes que precisei ficar hospedado aqui quando fiz exames", conta.

Heloísa da Silva, de 45 anos, é acompanhante do pai, que tem 80 anos. Eles vêm de Sonora, já quase na divisa com Mato Grosso, e percorrem 362 km para vir à Capital. A saída do interior é à meia-noite e a chegada é às 5h. "Não é fácil essa logística, dormimos no ônibus".

Heloísa comenta que o serviço feito pela pousada é bom, mas sonha em ter um hospital equipado para não precisar mais viajar nas madrugadas para ter acesso a atendimento. "Somos bem recebidos aqui com almoço, café da manhã e até janta, mas claro que um hospital com profissionais e aparelhos resolveria o problema".

Descentralizar - Entre as medidas que o governo estadual anunciou para melhorar os serviços e garantir atendimento especializado no interior estão a reforma de 17 hospitais; consultas por telemedicina em 20 cidades de fronteira, inclusive com suporte do Hospital Albert Einstein e repasse de R$ 60 milhões para a atenção primária em saúde.

Pacientes e familiares são acolhidos; prefeituras custeiam o serviço. (Foto: Alex Machado)
Pacientes e familiares são acolhidos; prefeituras custeiam o serviço. (Foto: Alex Machado)
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