Prestes a completar um ano, programa ainda não fez cirurgias antibullying em MS
Secretaria de Saúde disse que hospitais credenciados não conseguiram contratar equipes para os procedimentos
Entre as filas por cirurgias eletivas – não urgentes – que o Governo de Mato Grosso do Sul deu destaque e prometeu diminuir por meio de programa que fará aniversário de um ano amanhã (8), estão três procedimentos nas orelhas, olhos e mamas de crianças e adolescentes anunciados como "preventivos ao bullying". Mas nenhuma cirurgia assim foi realizada até agora. A justificativa, segundo a SES (Secretaria Estadual de Saúde), é de que "os hospitais não conseguiram montar as equipes para realização dos procedimentos".
O balanço enviado pela SES sobre o programa MS Saúde, onde a intervenção relacionada ao bullying foi incluída, mostra que a maioria dos pacientes atendidos até então fez cirurgias oftalmológicas como a que corrige a catarata, por exemplo. Não houve procedimento de reparação estética.
O Campo Grande News apurou que já foram cadastradas 348 pessoas, que aguardam as cirurgias relacionadas às mamas e orelhas, e mais 10 para reparar os olhos desalinhados.
A SES afirma que uma nova fase do programa foi iniciada neste mês, com a previsão de fazer mais de 48 mil cirurgias, e que pretende reabrir a oportunidade aos estudantes que sofrem com problemas que levam à discriminação em sala de aula.
O programa estadual MS Saúde: Mais Saúde, Menos Fila conta com R$ 45 milhões em recursos do Governo de Mato Grosso do Sul, mais aproximadamente R$ 17 milhões do Programa Nacional de Redução das Filas do Governo Federal.
Na época do lançamento, o governo ressaltou que o pagamento por cirurgias e também exames diagnósticos feitos pelo MS Saúde poderá ser de valores até seis vezes maiores que o da tabela referência do SUS, como forma de garantir a contratação de profissionais capacitados. Mesmo assim, segundo a SES, faltam equipes nos hospitais credenciados.
Sem previsão - "Estamos na fase de recebimento das adesões dos hospitais em relação aos procedimentos lançados na resolução", confirmou hoje (7) a coordenadora do MS Saúde, Maria Angélica Benetasso, em resposta à pergunta sobre previsão de início das cirurgias antibullying no Estado. Uma possível data não foi informada por ela.
Em tabelas divulgadas no Diário Oficial do Estado em 8 de maio do ano passado, dentro da resolução que a coordenadora cita, e no site institucional, a SES identifica essas cirurgias no grupo de "reparadoras".
Em outra resolução, publicada em 26 de maio, a SES inclui a cirurgia para corrigir estrabismo como procedimento e informa a lista de hospitais que aderiram ao programa, valores e quantos pacientes estão na fila para cada um.
Críticas - A iniciativa virou alvo de críticas por profissionais da Pedagogia e Psicologia, inclusive de outros estados, que não defendem as plásticas como forma de evitar ataques à aparência de crianças e adolescentes.
Douglas Menon, vice-presidente da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) em Mato Grosso do Sul, ponderou sobre a abordagem do programa estadual e lembrou que os procedimentos são feitos pelo SUS e já há fila por eles. “É muito importante o tempo certo de realização da cirurgia. O paciente tem que estar psicologicamente estável e consciente dos estágios do procedimento e entender que o procedimento vai trazer melhoras, mas não é a solução dos problemas, que muitas vezes podem ser de ordem psicológica”, disse o representante.
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