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Educação e Tecnologia

Polêmica nacional, governo diz que cirurgias são só parte de ações antibullying

Procedimentos destinados a adolescentes da rede estadual já estão presentes no Sistema Único de Saúde

Lucia Morel | 11/05/2023 12:55
Alunos de escola estadual, dentro de sala de aula (Foto: Bruno Rezende)
Alunos de escola estadual, dentro de sala de aula (Foto: Bruno Rezende)

Com 11 mil procedimentos cirúrgicos previstos, o “MS Saúde: Mais Saúde, Menos Fila” gerou polêmica nacional em relação aos procedimentos plásticos previstos, especialmente aos relacionados ao bullying nas escolas. Questionada por especialistas, a medida é criticada caso se apresente como única solução para o problema.

O Governo de Mato Grosso do Sul lançou o programa na última segunda-feira e a divulgação das cirurgias reparadoras em adolescentes vítimas de humilhações por sua aparência nas escolas foi um destaque. O próprio secretário de Saúde, Maurício Simões, revelou que 142 casos de violência registrados motivaram a medida.

Na ocasião, foi informado que serão disponibilizadas a esse público cirurgia mamária feminina não estética; plástica mamária masculina; e tratamento cirúrgico não estético da orelha. “Nesse rol de cirurgias preventivas de bullying serão incluídos 30 encaminhamentos para correção de estrabismo que estão na lista de espera da área oftalmológica”, cita nota da SES (Secretaria de Estado de Saúde).

Para a doutora em educação da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Ângela Maria Costa, um procedimento plástico não pode ser visto como solução para o bullying. “Uma operação não resolve o problema, principalmente porque o bullying é forte na nossa cultura. É preciso uma formação permanente e continuada contra isso nas escolas e na sociedade”.

A especialista avalia que a medida estadual é válida e deve ser aplicada como complementar a outras ações de combate às violências e humilhações nas escolas. “É preciso ter tolerância zero ao bullying”, sustenta.

Douglas Menon, vice-presidente da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) em Mato Grosso do Sul, pondera que a forma como o programa estadual tem sido abordado está inadequado e que apesar de haver necessidade de combate ao bullying, o foco do “MS Saúde” não é apenas esse.

“Primeiramente, precisamos dizer que os três tipos de procedimentos que o programa se propõe a realizar (contra o bullying) já são contemplados no SUS. Não é nenhuma novidade o que está sendo implementado”, afirmou.

Disse ainda que “pelo que entendi, já existe uma fila de espera por esses procedimentos”, então, “o intuito é acelerar a realização dessas cirurgias e atingir maior número de pessoas”, avalia.

Também destaca que apesar disso, seja nesses ou em outros procedimentos de cirurgia plástica, o acompanhamento psicológico é essencial. “É muito importante o tempo certo de realização da cirurgia. O paciente tem que estar psicologicamente estável e consciente dos estágios do procedimento e entender que o procedimento vai trazer melhoras, mas não é a solução dos problemas, que muitas vezes podem ser de ordem psicológica”, explica.

Estado - A secretária-adjunta de Saúde, Christine Maymone, explicou ao Campo Grande News que a SED (Secretaria de Estado de Saúde) tem um Centro Psicológico Educacional que acompanha casos de bullying e que já há na rede de educação projetos e protocolos de atendimento.

“Soubemos desses 142 casos registrados na polícia e o que fizemos foi incluir procedimentos que pudessem ajudar dentro dos 11 mil previstos no programa. Só vai fazer a cirurgia quem quiser”, informa.

Segundo ela, o debate é essencial e a SES não foge dele, bem como, tenta incluir no âmbito da saúde os adolescentes que porventura sintam esse desconforto e precisem passar por uma cirurgia. “Estamos dando oportunidade de acesso aos que queiram, de fazer cirurgia reparadora que muitas vezes é necessária por questões funcionais”, defende.

A oferta das cirurgias aos estudantes da rede estadual também é uma tentativa de reduzir a evasão escolar decorrente de casos de bullying.

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