Professores do município pedem mudança de junta médica do IMPCG
Prefeitura diz que vai avaliar solicitação em 30 dias
Professores da Reme (Rede Municipal de Ensino) pediram que a junta médica que avalia casos de afastamento da função por motivo de saúde seja substituída. O apelo, que não é de hoje, veio mais uma vez à tona durante audiência pública na manhã desta sexta-feira (14) na Câmara Municipal.
Os educadores sustentam que a banca pericial que atua no IMPCG (Instituto Municipal de Previdência de Campo Grande) obriga os profissionais a voltarem às atividades antes de realmente estarem com a saúde de fato restabelecida, além de não respeitarem o período de readaptação, termo usado quando o professor deixa a sala de aula para efetuar trabalho administrativo ou é realocado para outra função.
Professora na Reme há 9 anos, Sueleid de Souza Cabreira, 40 anos, diz que cada dia está mais difícil permanecer em sala de aula. “O clima esta pavoroso, agora piorou muito, por isso pedimos que troquem a junta médica, estamos implorando”, disse ela, que é também diretora da Secretaria Sociocultural da ACP (Sindicato Campo-Grandense dos Profissionais da Educação).
O agravante citado diz respeito ao cenário de notícias falsas sobre ataques às escolas em todo o Brasil que espalhou pânico generalizado. A professora Eliane Jaqueline Kramer Lemos, 53 anos, atua na Reme há 23 e foi uma das que deveriam ter sido readaptadas tardiamente pelo sistema.
“Depois que a gente sai da sala de aula, temos dois anos para sermos readaptados de forma permanente, mas ficamos muito além desse prazo como provisórios. E aí temos que ir ao IMPCG periodicamente para passar por perícia. Ano passado mesmo fui de março a dezembro, todo mês”, contou.
O afastamento de Eliane ocorreu anos atrás após ameaça de morte por parte de um aluno. À época, a junta médica chegou a colocá-la novamente em sala de aula, mesmo contra sua vontade, mas ao ser recebida com hostilidade pelos estudantes, tornou a se afastar e acabou conseguindo mudar de função.
Secretário jurídico da ACP, Leonel Bomfim, 50 anos, leciona na rede municipal e diz que a junta médica concede basicamente o mesmo laudo para todos. “Passamos por situações humilhantes, não cumprem a lei”, resumiu.
Representante da Seges (Secretaria Municipal de Gestão) na audiência pública, Gilberto Porto pediu prazo de 30 dias para avaliar o pedido de troca da gestão da junta médica e outras mudanças, mas o vereador Valdir Gomes (PSDB) insistiu que as reivindicações são antigas e por isso vão esperar apenas 15 dias e então cobrar uma resposta.