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Cidades

Queimadas recomeçam e aumentam o risco de quadros graves do novo coronavírus

Estiagem e tempo seco, já em vigor, anteciparam ocorrências de focos de incêndio

Lucia Morel | 24/03/2020 17:05
Bombeiro apaga incêndio em depósito de reclicláveis no início do mês. (Foto: Marcos Maluf)
Bombeiro apaga incêndio em depósito de reclicláveis no início do mês. (Foto: Marcos Maluf)


Em tempos de epidemia do novo coronavírus, Mato Grosso do Sul tem um agravante que pode prejudicar quem, porventura, for diagnosticado com a doença: as queimadas. Os problemas respiratórios, por si só, já pioram no período de muitos focos de incêndio. Em pleno avanço da Covid-19, a situação fica ainda mais delicada, com pessoas que ainda teimam em atear fogo em lixo ou plantações.

Conforme o médico otorrino Bruno Nakao, é sim um agravante para os quadros do novo coronavírus a presença frequente de incêndios. “As queimadas aumentam a quantidade de partículas suspensas no ar e prejudica quem já tem alguma doença respiratória ou pulmonar crônica”, afirma.

O médico diz ainda que “uma coisa piora a outra”, ao comentar que as condições ambientais inadequadas, com muita fuligem, “aumenta a susceptibilidade de um quadro agravado de outra doença”, no caso, o coronavírus.

Segundo o Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul, via assessoria de imprensa, este ano as queimadas começaram mais cedo devido a escassez de chuva e tempo seco. Com isso, até mesmo foi antecipada a formação da Sala de Situação que cuida exclusivamente da região do Pantanal.

A corporação deve também, publicar em breve, o Plano de Ação durante o período de queimadas. Geralmente, ele é publicado no final de abril, mas o deve ser até o começo do mês, devido a antecipação dos casos de focos de incêndio.

Pelos dados do Programa de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a quantidade de focos de incêndio registrados até agora em Mato Grosso do Sul é de 926. No mesmo período do ano passado, foram 931, número que já foi bem superior a anos anteriores, quando os registros mostravam de 250 a 350 casos entre janeiro e março.

Isso significa que, por dois anos consecutivos, o Estado apresenta mais queimadas que normal para os meses que antecedem o inverno. E agora, em 2020, tal realidade precisa ser ainda melhor controlada para evitar que a população sofra com o ingrato casamento entre os problemas respiratórios e o novo coronavírus.

Os bombeiros informaram que a antecipação de medidas de combate e prevenção está sendo aplicada para dar uma resposta mais rápida à questão dos incêndios, mas que o cuidado deve ser de toda população e orientam que não se coloque fogo em terrenos baldios nem em áreas de vegetação.

Já o médido Bruno Nakao alerta a quem já tem alguma doença crônica, seja nas vias aéreas superiores, como rinite, sinusite ou alergias, bem como nas inferiores, como asma ou broncopneumonia, deve ter atenção redobrada com a própria saúde.

“Estamos recebendo muitos pacientes com medo do novo coronavírus, mesmo que não tenham doenças prévias. Então, a orientação é se cuidar ainda mais”, sustenta.

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