Ave que atravessa o continente americano pousa de novo Parque dos Poderes
Passarinheiros se organizam para avistar espécie migratória que escolheu Campo Grande para se abrigar
Pontualmente, no final de novembro, o Parque dos Poderes volta a receber vários indivíduos da espécie bacurau-norte-americano. A ave, pequeninha e que se camufla com os troncos das árvores atravessou o continente para estar aqui.
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Passarinheiros em Campo Grande, MS, comemoram o avistamento anual do bacurau-norte-americano, uma ave migratória que viaja cerca de 10.000 km do Canadá para o Mato Grosso do Sul em busca de alimento. A pequena ave, com excelente camuflagem, costuma retornar ao mesmo local a cada ano, permanecendo na região até fevereiro ou março. Apesar da dificuldade em localizá-la, devido à sua coloração e comportamento, observadores experientes compartilham dicas para avistá-la no Parque dos Poderes, próximo ao Tribunal de Justiça, onde ela tem sido avistada nos últimos sete anos.
Por isso, passarinheiros da Capital estão felizes com a possibilidade de avistar a espécie migratória e ter um 'lifer', termo usado por passarinheiros para designar uma ave que é observada pela primeira vez
“Foi a primeira vez que vi. Então foi um “lifer” para mim. É uma ave migratória que aparece nessa época do ano em Campo Grande vinda do hemisfério norte e eu ainda não tinha tido a experiência de ver e fotografar”, comemorou o engenheiro florestal, Filipe Cintra Pacetta, 37 anos.
Ele contou com a ajuda de amigos para conseguir localizar a ave. “Para quem não está acostumado, não é fácil de localizá-la. Quem “achou” ela ontem foi a Cíntia Possas. Fui ao local duas vezes e não achei. Na segunda vez, outra passarinheira bem experiente, a Priscila Afonso foi quem localizou e isso me permitiu o tão esperado registro”, relembra.
Filipe se referia a servidora pública do Tribunal de Contas do Estado, Priscila de Souza Afonso, que mostrou em 2023, ao Campo Grande News, nesta mesma época do ano, um bacurau-norte-americano no estacionamento da Assembleia Legislativa. As aves estão sendo avistadas no parque nos últimos sete anos seguidos.
“Sempre é emocionante. Ontem fiquei especialmente feliz porque o colega Felipe já tinha ido lá para tentar. Então, quando eu achei, foi possível a ele fazer o primeiro registro da ave. Fiquei especialmente feliz por ele. E a filhinha dele estava junto. Ela observou a ave com binóculos”, relatou.
Priscila explica que os pássaros têm um senso de direção fortíssimo e por isso retornam ao mesmo ponto. A expectativa é que elas fiquem por aqui até fevereiro ou março, quando então fazem a viajem de volta. São quase 10 mil km de distância entre o Canadá e o Mato Grosso do Sul.
Para conseguir avistar, a passarinheira deu 'dicas para de ouro' o momento de varredura visual dos galhos das árvores da região. No final do dia ave fica acordada para se alimentar. Se for à noite a orientação é levar uma lanterna para ajudar a ver. No entanto, é preciso evitar focar a ave por longos períodos.
“A ave está em frente ao prédio do TJ (Tribunal de Justiça). Ela se camufla, já que é quase da cor dos troncos. Procure por algum pequeno monte nos troncos e observe se consegue ver riscos e manchas de marrom mais claro e branco. Podem ser as penas do bichinho. A ave se alimenta basicamente de insetos e parece ter um bico pequeno. Não se engane. A boca aberta é grande e semelhante à do urutau. Seus olhos ficam cerrados, mas ela pode ver mesmo assim. Caso a encontre, tire um tempo para ficar observando. Eventualmente ela abre seus olhos grandes e também a boca. Pode até balançar o corpinho e mudar de posição. É muito bonito e gostoso de se ver”.
Entenda - O bacurau-norte-americano migração viaja cerca de 100 km por dia e costuma ter como destino sempre o mesmo lugar. Em uma pesquisa sobre a espécie, publicada em 2018, foi possível confirmar isso. Por meio de um GPS instalado nos indivíduos, metade das aves que saíram do oeste do Canadá, transmitiram o sinal completo, do início ao fim da migração.
Ou seja, elas pousaram à menos de um quilômetro do destino escolhido no ano anterior. Ao todo a viagem de vinda e volta somou mais de 20 mil km.
Diferentemente de muitas outras aves migratórias, o bacurau-norte-americano não vem para o Brasil para se reproduzir, e sim em busca de alimento. É uma espécie que come principalmente insetos. E nomo no inverno canadense a oferta desses bichos diminui muito, o jeito for viajar até o hemisfério sul, onde há fartura de comida.
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