Encanto fez Fabyano passarinhar até registrar 565 espécies de MS
Conforme a WikiAves, a ‘bíblia’ dos passarinheiros, o Estado possui 594 espécies registradas
Do murucututu e bacurau-de-asa-fina até papagaio-galego, Fabyano Costa já fotografou 565 espécies de pássaros de Mato Grosso do Sul. Tendo se encantado pelas aves quando ainda era menino no Piauí, o militar da reserva conta que se descobriu um “passarinheiro” em Campo Grande.
Mais conhecida como observação de pássaros ou bird-watching, a prática é chamada carinhosamente de “passarinhar” pelos integrantes. E, para se nortear, Fabyano explica que a “bíblia” dos passarinheiros é a WikiAves, uma enciclopédia online em que os observadores consultam informações, além de fazer seus registros de fotos e áudios na biblioteca.
De acordo com a WikiAves, Mato Grosso do Sul possui 594 espécies registradas atualmente, consequentemente, faltam 29 para Fabyano completar sua coleção de fotografias no Estado.
Tendo começado a fotografar aves esporadicamente em 1993, ele conta que longe desse início ter sido envolto em grandes equipamentos e estruturas, tudo se liga à infância. “Sou menino do Piauí, ia também para o Maranhão e passava as férias na roça, então tinha aves em abundância. Eu acordava literalmente com o canto dos pássaros e isso desperta um certo interesse. Elas são coloridas, cantam, enfim”.
Por ser militar, Fabyano conta que morou em diversos lugares, mas foi em Campo Grande que começou a sair de casa especificamente para catalogar suas fotografias apenas em 2015.
“Eu ainda estava na ativa e tenho uma filha que, na época, tinha ingressado em biologia. Um dos primeiros trabalhos na base de estudos do Pantanal foi identificar o maior número de aves em determinado período. Ela tinha que fazer essa classificação e eu tinha bastante facilidade”, conta o militar.
Na época, durante as pesquisas para o trabalho, os dois descobriram o WikiAves e foi ali que Fabyano percebeu que pessoas fazem a observação e os registros exclusivamente. “Como eu já tinha um equipamento fotográfico, comecei a fazer as passarinhadas em ilhas fotográficas, que são locais bons para a observação e registro”.
Com ajuda de outro colega militar que também pratica a observação, Fabyano detalha que começou a conhecer Campo Grande a partir de outro ponto de vista. “Nós temos uma excelente área na cidade, desde o Parque Imbirussu até o Parque dos Poderes e das Nações Indígenas. Não parece, mas dá pra observar, facilmente, entre 80 e 100 espécies, somente na área urbana da cidade".
Exemplificando a variedade, ele comenta que no Brasil existem três grandes gaviões do gênero Spizaetus, sendo gavião-pega-macaco, gavião-pato e gavião-de-penacho, com todos eles podendo ser encontrados em Campo Grande. “São aves realmente grandes, tanto que alguns biólogos chegam a defender que não são gaviões, mas sim águias”.
Apesar de a cidade ser um bom ponto de observação, o militar comenta que ainda faltam políticas públicas e também privadas para que essa atividade se torne mais ampla tanto em Mato Grosso do Sul quanto no Brasil. "Fico imaginando se houvesse políticas de ensino nas escolas públicas, principalmente nas escolas rurais. As crianças veriam as aves com outros olhares, algumas crianças poderiam até mesmo se tornar guias no futuro".
Hoje, Fabyano explica que já viajou por quase todo o Brasil para passarinhar e garante que para começar basta mudar alguns hábitos. “Você pode começar simplesmente dando mais atenção para as aves, deixando os olhos e ouvidos atentos, elas vão falar”.
Sobre dicas para os novos interessados, o militar comenta que os equipamentos podem começar de forma simples, como celulares mesmo. Conforme a pessoa for se adaptando, é possível comprar câmeras, lentes e investir mais.
Entre os melhores locais para a prática da observação de aves em Campo Grande e Terenos, Fabyano elenca o Parque das Nações Indígenas, Parque dos Poderes, Chácara dos Poderes, Parque Estadual Matas do Segredo, Parque Linear do Imbirussu, Povoado Tio Miguel (MS-040), estrada vicinal de acesso à Fazenda da Embrapa e APA do Córrego Ceroula, na divida de Campo Grande com Terenos.
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