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Cidades

Riedel diz que vai apresentar relatório sobre conflitos para ministros do STF

Pronunciamento foi feito horas após o indígena identificado apenas por Neri ser morto a tiros em confronto

Por Bruna Marques e Gabriela Couto | 18/09/2024 11:35
Governador Eduardo Riedel (PSDB) durante entrevista na manhã desta quarta-feira (18) (Foto: Marcos Maluf)
Governador Eduardo Riedel (PSDB) durante entrevista na manhã desta quarta-feira (18) (Foto: Marcos Maluf)

O governador de Mato Grosso Sul, Eduardo Riedel (PSDB), disse que vai amanhã (19) para Brasília apresentar relatório sobre conflitos entre indígenas e policiais, na região de fronteira, para ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

O pronunciamento foi feito na manhã desta quarta-feira (18), durante a cerimônia de formatura da Polícia Militar, horas após o indígena identificado apenas por Neri ser morto a tiros em novo confronto com policiais no Território Nhanderu Marangatu, no município de Antônio João, fronteira com o Paraguai.

Segundo o governador, a fazenda Barra, local onde houve o confronto, fica a cinco quilômetros de um rio que faz divisa com o Paraguai e, bem ao lado, existe uma plantação de maconha, cultivada pelos indígenas. “Os indígenas estão no local que é considerado estratégico pelos traficantes para a exportação da maconha. Essa situação se arrasta há mais de um ano e existe uma ordem judicial para que a policiais fiquem no local garantindo a segurança dos proprietários”, afirmou Riedel.

Ainda conforme Riedel, nesta semana a disputa se acirrou após a visita de um deputado federal do Paraná, representante dos direitos humanos. “Depois disso, aumentou o número de indígenas que tentaram, inclusive, tomar a sede da fazenda e atearam fogo na única ponte que dá acesso à fazenda”, disse complementando que a estrutura já foi refeita.

Riedel alegou que levará para Brasília um relatório sobre a situação e apresentará o documento ao ministro Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski (Ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil) e Rui Costa, ministro-chefe da Casa Civil.

Para finalizar, o governador garantiu que o governo paraguaio já foi acionado para que haja a erradicação da plantação de maconha. “Estamos nos comunicando continuamente com a Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) e encaminhamos a perícia para o local do conflito para confirmar quem é essa pessoa que morreu”.

O secretário estadual de Justiça e Segurança Pública, Antonio Carlos Videira, lamentou a morte do indígena. “Estamos gerenciando a crise para que não tenha mais mortes”.

Indígena morto em confronto com policiais, hoje, em Antônio João (Foto: Comunidade Indígena)
Indígena morto em confronto com policiais, hoje, em Antônio João (Foto: Comunidade Indígena)

Confronto - A Aty Guasu (Grande Assembleia Guarani-Kaiowá) acusa a Polícia Militar de Mato Grosso do Sul de “massacre” e afirma em postagem nas suas redes sociais que equipes da Tropa de Choque atacaram a área de “retomada”, na Fazenda Barra, com intenção deliberada de matar.

Imagens gravadas pelos guarani-kaiowá mostram indígenas correndo, fumaça provocada por bombas usadas pelos policiais e o corpo de Neri no chão (veja o vídeo abaixo).

Policiais que estiveram no local afirmaram ao Campo Grande News que os indígenas investiram contra a tropa usando inclusive armas de fogo. Em resposta, ainda segundo a versão dos policiais, o indígena foi atingido e morreu.

A reportagem apurou que após o confronto da semana passada, iniciado com o incêndio na ponte de acesso à fazenda, equipes da Polícia Militar permaneceram na área, por determinação da Justiça Federal, para impedir ocupação da propriedade.

Na segunda-feira (16), os indígenas teriam ocupado parte da Fazenda Barra. Policiais teriam conversado com as lideranças e firmado um acordo, para que a área não fosse ampliada.

Entretanto, ainda segundo policial que está no local, os indígenas teriam avançado. Diante da tensão, a Tropa de Choque foi acionada para reforçar a segurança, já que havia ameaça de ataque contra policiais, proprietários rurais e funcionários das fazendas.

Hoje, ao amanhecer, houve novo confronto. Policiais afirmam que indígenas armados atiraram na direção deles. Os indígenas afirmam que o ataque partiu da polícia e denunciam “massacre”.

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