Só morte libera leito e Capital tem 38 pacientes com tratamento inadequado
Há 21 pacientes em "tratamento improvisado" na ala vermelha do HRMS, e 17 pacientes em estado crítico em UPA's
Ao menos 21 pacientes recebem "tratamento improvisado" na ala vermelha do HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul), em Campo Grande. Além disso, informações parciais sugerem que UPA's (Unidades de Pronto Atendimento) têm pelo menos 17 pacientes em estado crítico nesta quarta-feira (17).
Os relatos são do secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, que durante transmissão na manhã de hoje afirmou não haver vagas disponíveis para atendimento nas principais unidades hospitalares do Estado.
Em todos os hospitais, sejam privados, filantrópicos ou públicos, não há vagas nesse momento. Os dados que temos são extraídos das centrais de regulação", argumentou.
Ainda segundo ele, novos leitos só ficam disponíveis a pacientes com coronavírus quando acontecem mortes. "As pessoas estão esperando ir a óbito para cessar o leito. Logo depois, com processo de limpeza desse leito, vai servir a pessoa que está aguardando nas alas vermelhas entubados ou nas UPA's entubados", explicou.
Levantamento feito pela reportagem, com base em dados do painel Mais Saúde, indica que em meados de fevereiro a situação em relação a disponibilidade de estrutura hospitalar no HRMS, hospital referência contra covid, apresentou uma maior "folga", mas que março tem sido mês com maior quantidade de taxa de ocupação.
O gráfico abaixo indica, por meio da linha roxa, a quantidade de leitos disponíveis e habilitados oficialmente pelo Ministério da Saúde, e, pela linha amarela, a quantidade de pacientes ocupando cada uma dessas estruturas.
É importante ressaltar que trata-se de todos os leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para pacientes de qualquer tipo de comorbidade, seja covid-19 ou não, e que muitos desses ocupavam unidades que não eram destinadas oficialmente para combate ao vírus.
Não há leitos - Mesmo com recente abertura de leitos em hospitais do Estado, falta de profissionais de saúde e alta "demanda" de pacientes têm preocupado o titular da SES (Secretaria Estadual de Saúde), Geraldo Resende, que ressaltou que não basta apenas financiamento e aquisição de equipamentos.
"Os 10 leitos que abrimos ontem [em Campo Grande], transformando leitos que estavam para outros agravos, são ocupados imediatamente. Assim como os 10 leitos de Ponta Porã que tenho absoluta certeza que logo estarão no Core [Complexo Regulador Estadual] ocupados", disse.
Ele também ressaltou que a covid-19, da forma como "está hoje", é "altamente democrática". "Está pegando tanto os pobres quanto os ricos. Pessoa que é abastada, que achava que pegaria avião aqui e iria para São Paulo, Paraná, Goiás, não tem leitos nesses hospitais", alertou.
Precisamos vencer primeiro a pandemia para depois construiu um novo patamar na economia do nosso Estado", pontuou.
Por fim, Resende mencionou que pacientes do Paraguai e Mato Grosso querem vir a Mato Grosso do Sul para se tratar do vírus, mas que o governo estadual "não tem como atendê-los".