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Cidades

STF inicia debate sobre vínculo de emprego entre motoristas e aplicativos

Reunião foi convocada pelo ministro Edson Fachin, relator do caso no Supremo

Por Gustavo Bonotto | 09/12/2024 23:10
STF inicia debate sobre vínculo de emprego entre motoristas e aplicativos
O ministro do STF, Edson Fachin, durante debate no plenário do STF. (Foto: Fábio Pozzebom/Agência Brasil)

STF (Supremo Tribunal Federal) deu sequência nos trabalhos referentes ao vínculos de motoristas de aplicativo durante audiência pública para discutir a controvérsia nesta segunda-feira (9).

A audiência foi convocada pelo ministro Edson Fachin, relator do processo que trata da questão no STF. O objetivo é colher informações das plataformas e das entidades representativas dos trabalhadores para embasar o voto do ministro sobre o tema da “uberização” das relações de trabalho. A decisão final sobre o caso deve ser tomada em 2025, devido ao recesso do STF no final do ano.

Durante a audiência, a advogada Solimar Correa, representante do Sindicato dos Motoristas de Aplicativos do Pará, afirmou que os motoristas enfrentam uma "falsa autonomia", citando a ausência de responsabilidade trabalhista por parte das plataformas. Segundo o sindicato, a relação entre motoristas e plataformas é, na prática, um contrato de trabalho por tempo indeterminado. Correa destacou ainda o controle rigoroso das plataformas, que monitoram a localização dos motoristas, estabelecem metas de desempenho e impõem penalidades, como suspensões e desligamentos.

Já Leonardo da Cruz Medeiros, representante do Sindicato dos Trabalhadores por Aplicativos de Transporte Intermunicipal de São Paulo, também criticou a prática das plataformas de firmar contratos de parceria para evitar a responsabilidade trabalhista. "Não podemos continuar permitindo que essas empresas transferem suas responsabilidades para a sociedade", afirmou Medeiros.

Em contrapartida, a advogada Fabiana Sanovick, representante da plataforma 99, defendeu que não há vínculo empregatício com os motoristas, argumentando que eles têm liberdade para escolher suas corridas e horários. Para ela, o reconhecimento do vínculo de emprego poderia prejudicar o modelo de negócio das plataformas e afetar negativamente motoristas e passageiros. O representante do iFood, Diego Barreto, também se manifestou a favor da regulação do setor e da proteção social aos trabalhadores, ressaltando a importância de um modelo equilibrado.

O presidente do TST (Tribunal Superior do Trabalho), ministro Aloysio Corrêa da Veiga, sugeriu que o Congresso Nacional regule a questão, apontando a falta de clareza nas leis atuais como fator que leva à judicialização. Segundo ele, os motoristas de aplicativos não se encaixam plenamente nem na figura de trabalhadores autônomos, nem na de empregados subordinados.

A audiência continuará na terça-feira (10), com a participação de representantes da plataforma Uber e de especialistas de universidades federais.

Vale lembrar que o processo em questão foi iniciado pela empresa Uber, que questiona a constitucionalidade das decisões do TST que reconheceram o vínculo empregatício entre a plataforma e um motorista.

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