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Cidades

Taxa de indígenas assassinados é 2 vezes maior que média de MS

Estado também tem o segundo maior índice de homincídios de todo o Brasil considerando indígenas

Adriel Mattos | 31/08/2021 15:13
Tio e sobrinho foram encontrados mortos na Aldeia Jaguapiru em junho de 2019. (Foto: Sidney Bronka/94FM Dourados)
Tio e sobrinho foram encontrados mortos na Aldeia Jaguapiru em junho de 2019. (Foto: Sidney Bronka/94FM Dourados)

Mato Grosso do Sul tem a segunda maior taxa de homicídios de indígenas do Brasil, conforme o levantamento Atlas da Violência 2021, feito pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública) e IJSN (Instituto Jones dos Santos Neves). A publicação foi divulgada nesta terça-feira (31) e, pela primeira vez, aborda a violência apenas entre indígenas.

Considerando toda a população do Estado, que soma brancos, negros e índios, a taxa é de 17,7 homicídios a cada 100 mil habitantes. Mas levando em conta apenas os indígenas, esse índice sobe para 44,4. A taxa de negros também fica acima da média geral sul-mato-grossense (20,5), enquanto a de mulheres é a menor (4,4).

Os dados são referentes a 2019 e foram compilados a partir do SIM (Sistema de Informações sobre Mortalidade) e do Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), do Ministério da Saúde.

Por etnia, gênero e em geral - Nos últimos dez anos, a taxa geral de homicídios em Mato Grosso do Sul caiu 42,5%. Em 2009, o índice foi de 30,5 assassinatos a cada 100 mil habitantes.

Em 2019, foram registrados 491 homicídios em todo o Estado, o que representa 17,7 assassinatos a cada 100 mil habitantes. Nos últimos dez anos, o número de homicídios caiu 32,3%.

Por outro lado, as mortes violentas por causa indeterminada, ou seja, aquelas em que não foi possível determinar o motivo exato do óbito, dobrou. De 48 em 2009, o número passou para 97 em 2019, um aumento de 102,1% e uma taxa de 3,5 mortes a cada 100 mil habitantes.

No caso dos homicídios de mulheres, os dados levam em conta tanto os feminicídios, como latrocínios. Foram 61 mortes violentas de mulheres, sendo 58% delas eram negras. Isso representa uma taxa de 4,4, acima dos 3,5 da média brasileira.

Levando em conta toda a população negra sul-mato-grossense, 306 foram vítimas de homicídios, taxa de 20,5 a cada 100 mil habitantes. Quantos aos jovens, 191 pessoas de 15 a 29 anos foram mortas em 2019, taxa de 28,1 a cada 100 mil habitantes.

Os indígenas são os que estão mais sujeitos a morte violenta. A taxa de homicídios é de 44,4 para cada 100 mil habitantes, e se for considerar apenas os municípios com terras indígenas, esse índice sobe para 53,6. Foram 39 assassinatos em dois anos.

É a segunda maior taxa do Brasil, acima apenas do Rio Grande do Norte. Porém, Mato Grosso do Sul tem uma população indígena dez vezes maior que o estado da região Nordeste.

Crime bárbaro - Neste mês, a morte de uma menina indígena de 11 anos chocou o Estado. Ela foi atraída até a antiga pedreira na Reserva Indígena de Dourados. No local, foi obrigada a consumir pinga e estuprada pelo tio e por outros quatro homens.

Depois, para não denunciar os estupradores, foi jogada do topo de paredão de pedra com 22 metros de altura. Nua, ela caiu sobre as pedras e morreu. O corpo foi encontrado pelos familiares na manhã do dia 9 de agosto. Três dias depois, o tio foi encontrado morto em uma das celas da PED (Penitenciária Estadual de Dourados).

Vítima foi violentada por tio e quatro homens antes de ser empurrada de paredão de pedreira. (Foto: Adilson Domingos)
Vítima foi violentada por tio e quatro homens antes de ser empurrada de paredão de pedreira. (Foto: Adilson Domingos)


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