ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, SEXTA  08    CAMPO GRANDE 28º

Cidades

Terceirizadas do grupo JBS são denunciadas por explorar trabalho em Sidrolândia

Seara, empresa do grupo, afirma ter exigido dos fornecedores o cumprimento de regras trabalhistas

Cassia Modena | 19/07/2023 10:46
Sede da empresa em Campo Grande, a 70 quilômetros de Sidrolândia (Foto: Arquivo/Marcos Ermínio)
Sede da empresa em Campo Grande, a 70 quilômetros de Sidrolândia (Foto: Arquivo/Marcos Ermínio)

Trabalhar 12 horas por dia, dormir em colchões e ter apenas arroz e frango para comer num alojamento, além de não ter carteiras assinadas e estar com pagamentos atrasados, são alguns dos motivos que levaram cerca de 80 pessoas contratadas por empresas terceirizadas em Sidrolândia (MS) pela Seara, do grupo JBS, a fazerem denúncias de exploração do trabalho em abril deste ano.

"São condições degradantes gritantes", disse o presidente do Sindaves (Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Carnes e Aves) de Sidrolândia, Joel Santos da Cruz, que recebeu os relatos e afirma ter visto de perto toda a situação. Segundo soube o líder sindical, todos foram retirados do local no dia seguinte à visita.

A função principal dos trabalhadores é pegar e carregar galinhas em caixas, explica Joel. Entre eles, a maioria é indígena terena e mora em aldeias que ficam a aproximadamente 30 quilômetros do alojamento, ainda dentro de Sidrolândia, e também em outras ainda mais distantes, localizadas no município Dois Irmãos do Buriti.

Na Justiça - Uma ação trabalhista corre na 6ª Vara do Trabalho de Campo Grande desde 11 de julho, contra três empresas terceirizadas – Antonio da Costa Domingues - ME, Milene da Costa e Delnero Deneval Marques Domingues – e a própria Seara.

Em nome dos trabalhadores, o Sindaves pede providências quanto às supostas irregularidades, pagamento de adicional de insalubridade e condenação das envolvidas à pagar indenização de R$ 400 mil em danos morais aos trabalhadores contratados atualmente e os que atuaram ali nos últimos cinco anos.

O sindicato fez pedido liminar, alegando que as condições possuem elementos de trabalho análogo à escravidão e pedindo providências imediatas sob pena de multa diária de R$ 100 mil. Ele não foi aceito pela Justiça do Trabalho, entretanto, pelas provas apresentadas não conterem elementos suficientes para análise.

Outro lado - Em nota, a Seara afirma adotar rígidos protocolos e controles em suas operações e em relação aos seus fornecedores. Quanto ao caso de Sidrolândia, informou que exigiu dos fornecedores terceirizados o cumprimento imediato "de todas as regras trabalhistas, incluindo alojamentos", assim que soube da situação.

A empresa assegura, ainda, inspecionar o que é feito pelos fornecedores. "Adicionalmente, são realizadas vistorias técnicas, para verificação de todo o processo de apanha e da regularidade das empresas prestadoras de serviços", acrescentou.

Também no MPT - O MPT (Ministério Público do Trabalho), por meio da assessoria imprensa, afirma também ter recebido denúncias quanto a empresas terceirizadas, a Antonio da Costa Domingues e Milene da Costa, "dando conta de supostas irregularidades quanto ao descumprimento de legislação relacionada ao pagamento das férias de seus funcionários e de normas relativas à segurança do trabalho".

Entre as supostas irregularidades relatadas ao MPT, estão falta de registro de funcionários; pagamento das férias em desacordo com a legislação; e levantamento de peso de 44 quilos em média, que é superior ao recomendado.

As denúncias foram desmembradas em dois processos diferentes, que estão em fase de coleta de informações. É avaliada instauração de inquérito civil, conclui o MPT.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para entrar na lista VIP do Campo Grande News.

Nos siga no Google Notícias