Três cidades de MS vão receber projeto piloto de coleiras contra leishmaniose
Dispositivo colocado no pescoço dos pets repele os mosquitos transmissores da doença que passa para o homem
Uma simples coleira branca no pescoço de um cachorro pode mudar os números da leishmaniose de uma cidade. O dispositivo com produto capaz de repelir por meses o mosquito flebótomo, transmissor da doença, será doado em bairros carentes de três municípios do Estado em um projeto piloto do Ministério da Saúde.
A articulação de implantação do projeto em Mato Grosso do Sul é feita juntamente com a SES (Secretaria de Estado de Saúde). A meta é entregar as coleiras para proprietários de animais em Campo Grande, Três Lagoas e Corumbá. Ao todo 132 cidades no país vão participar do programa, baseados na incidência de leishmaniose visceral em humanos.
Na Capital serão doadas coleiras contra leishmaniose nos bairros Pioneiro, Jardim Batistão, Nova Campo Grande, Mata do Segredo, Universitário e Jardim Veraneio. Ao todo serão 15 mil cães contemplados.
A Secretaria de Estado de Saúde irá realizar reunião com representantes de Corumbá e Três Lagoas para definir a quantidade de animais e os bairros que farão parte do programa. A meta é encoleirar em massa cães com coleiras impregnadas com deltametrina a 4%, principio ativo repelente e inseticida recomendado pela Organização Mundial da Saúde como uma das principais formas de controle da doença.
As coleiras serão distribuídas gratuitamente pelo governo, de casa em casa, acompanhadas por um exame de sangue de rotina, realizado regulamente para diagnosticar a evolução da doença na comunidade canina. A previsão é que a partir de janeiro de 2022 inicie a implantação do programa, após a adesão dos municípios.
Só neste ano, a SES registrou 18 casos de leishmaniose visceral em humanos e quatro óbitos. Em 2020 foram registrados 120 casos da doença e sete óbitos.
Entenda - A coleira contra leishmaniose custa em média de R$ 35 a R$ 200 dependendo do tamanho e da marca. Ela tem durabilidade média de 4 a 6 meses e serve para espantar o mosquito vetor da leishmaniose. A doença só é transmissível ao homem pela picada do inseto.
Hoje a única política de saúde pública para evitar a doença no país é a eutanásia de animais contaminados. Esta será a primeira vez que o governo federal irá implantar uma ação de prevenção efetiva contra a leishmaniose envolvendo os pets.
Para a "mãe" do bull terrier Ozzy, Lidiane Ricci, o novo projeto do governo é fundamental para resolver um problema de saúde pública.
"Somos um Estado endêmico para essa zoonose e as coleiras são as únicas formas de repelir o mosquito transmissor. Acho ótimo a iniciativa do governo em doar as coleiras pois é um problema de saúde pública", pontuou.
Ela teve um animal com leishmaniose e sofreu com os cuidados para o tratamento, por isso hoje não dispensa o uso da coleira.
"Faço o uso da Levree desde os 3 meses do Ozzy (hoje ele tem 3 anos) e amo o custo benefício dela. Assim como a dengue também precisa de práticas básicas de manejo. Lixo, matéria orgânica. Infelizmente as pessoas dão valor a doença depois que perdem um cão. ou conhecem uma pessoa que pegou. Recomendo Muito o uso da coleira", destacou.
O vira-latas Sagatt tem 15 anos e a proprietária Laura Pavon sempre usou a coleira contra leishmaniose desde que o adotou no CCZ (Centro de Controle de Zoonoses). "No começo usei a vacina contra a leishmaniose. Mas decidi colocar a coleira pelo custo benefício e até hoje ele está saudável".
Ela comemorou a iniciativa do governo federal para os animais que mais precisam. "Eu tenho fé que será muito valioso, especialmente pelos animais, pois vai gerar qualidade de vida a eles, pois infelizmente o mosquito não escolhe classe econômica", completou.