“Vai fazer falta”, dizem beneficiários em fila do último Auxílio Emergencial
Último ciclo de pagamentos do auxílio emergencial começou ontem e vai até 29 de dezembro
A última parcela do Auxílio Emergencial está sendo paga pela Caixa Econômica Federal neste mês de dezembro. O benefício começou a ser pago em abril em razão da pandemia de covid-19. Mas para quem teve a renda afetada pelo vírus em Campo Grande, o valor vai fazer muita falta, já que a situação ainda não está “normalizada”.
O calendário de depósito em conta digital da última parcela começou ontem (13) e vai até o dia 29 de dezembro, mas em janeiro os valores estarão disponíveis para saques e transferências.
Apesar de ter sido reduzido para R$ 300 nos últimos quatro meses, para Cíntia da Silva, 24 anos o valor fará muita falta. Ela que mora com o filho de três anos, no Los Angeles, não pode sair para trabalhar já que não tem com quem deixar o filho e depende do valor para pagar as contas da casa.
“Meu gasto mensal é de R$ 900. Eu complementava a renda com uns bicos, fazendo artesanatos. Mas o auxílio é a única renda fixa que tenho no momento. Vai fazer muita falta. Eu moro de aluguel. Não tenho com quem deixar meu filho para trabalhar vai ser difícil”, disse.
Para ela a pandemia, que ainda não acabou, não vai chegar ao fim tão cedo e quem não tem emprego vai continuar precisando de ajuda.
“Deveriam continuar até amenizar a situação. O valor não é muito, mas ajuda”, desabafou.
Trabalhando como motoboy, Edmar França Martins, 40 anos, que é profissional de vendas, mora com a esposa que trabalha com serviços gerais e mais duas filhas. Segundo ele, conseguir emprego na área dele está difícil e a família se vira como pode.
“É muito apertado viver só com o salário da esposa e o meu de motoboy, principalmente com esse aumento no valor da energia e dos alimentos. Não consigo emprego na minha área e o valor do auxílio, apesar de pouco, ajudava a pagar pelo menos a conta de água e luz e ainda sobrava um pouquinho para o mercado. Mas até carne tá difícil de comprar”, contou.
“Eles dizem que quando o auxílio acabar a inflação vai recuar, mas não dá para confiar nesse povo. A pandemia está pior e o dinheiro vai fazer falta para muita gente.”, completou.
Para a idosa, Aparecida Generoso, 68 anos, ela que não é aposentada, mora com o marido e um filho portador de deficiência e os três sobrevivem com a renda do Loas, e a fim do auxílio que ajudava no pagamento das contas, vai deixar a situação complicada.
“Eu não sei o que vão fazer para ajudar a gente agora. Não temos o que fazer. O dinheiro vai fazer falta ele ajudava a pagar as contas”, disse.

Último ciclo - O último ciclo de pagamentos do auxílio começou ontem e vai até o fim de dezembro. O valor está sendo pago conforme o mês de nascimento e nesta segunda quem recebe o benefício são os nascidos em março e quem tem Bolsa Família NIS (Número de Inscrição Social) final 3.
Vale lembrar que, em Mato Grosso do Sul os beneficiários da Caixa também podem usar o dinheiro por meio das maquininhas da Rede Tendência. São seis mil pontos habilitados para compras no débito com uso do valor do auxílio emergencial e extensão.
Para 2021 - Com o fim do pagamento do Auxílio Emergencial, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que para 2021 o plano do governo é retornar com o Bolsa Família e o governo ainda pode se valer de medidas como a antecipação de benefícios.
Na última sexta-feira (11), durante audiência pública que acompanha o enfrentamento à covid-19 no Congresso Nacional, Guedes a equipe econômica pretende retomar o ajuste fiscal em 2021, criando limitações orçamentárias para continuidade do auxílio emergencial.
Mas para amenizar os impactos do fim do auxílio, ressaltou que o governo pode utilizar as medidas de adiantamento de benefícios.
"Não descartamos, ainda, ferramentas que temos dentro do teto, completamente dentro do teto, e que, inclusive, usamos antes da PEC de Guerra. Temos capacidade de antecipar benefícios, diferir arrecadações. Temos várias ferramentas que vão permitir calibrar a aterrissagem lá na frente", informou Guedes.