Você sabe o que é startup? Veja como funciona e o perfil dela em MS
Trocar ideias em um café leva gente com e sem experiência a achar "lugar ao sol" no mundo das startups
Vamos lá! As respostas mais ouvidas quando perguntamos “o que é startup?” são: um software, uma empresa moderna que faz conexões, uma empresa que cria uma inovação para outras, um negócio que cresce rápido e por aí vai. Nada está errado, mas isso mostra como muitas pessoas não têm clareza sobre o que é startup e, tampouco, como criar uma, como obter recursos de investidores, inclusive governamentais, e como ser um investidor que pode ter rendimentos com a expansão desse modelo em Mato Grosso do Sul.
Comece. Essa é a tradução de startup. Isso é porque, ao contrário de uma empresa, a startup nasce de consecutivas tentativas, erros e acertos. Ela não espera acertar para se tornar um negócio. Quem ajuda a entender e fala sobre o “caminho das pedras” para quem tem uma ideia e pensa em abrir uma startup é o gerente da Startup Sesi Fiems, Odilon Moura.
A ideia e o medo
“Muita gente confunde invenção com inovação. A invenção é criar algo que não existe. Já a inovação é quando eu crio algo que outras pessoas podem usar, gerar um negócio ou melhorar esse negócio e ganhar o mercado. Quando temos isso, temos uma startup. Você não precisa ter um CNPJ para ter uma, você tem uma startup com uma ideia e o seu CPF. O que você precisa é de colaboração e investidores”, resume Odilon.
Ele explica que quem quer ter uma startup tem que perder o medo de falar de sua ideia e trocar ideia, em um café, por exemplo, ambiente super informal de onde surgem inovações que viram negócios.
“Existe esse medo, mas é preciso reunir o conhecimento para promover o crescimento. Assim como ocorreu no momento em que surgiram grandes empresas como a SpaceX. Ela era uma startup, que surgiu quando outras pessoas que não os pesquisadores da Nasa puderam colaborar com o projeto espacial. Antes havia uma estagnação tecnológica”, exemplifica Odilon.
O caminho
Saber se a sua ideia tem potencial para ser uma startup é o começo. Se ela se enquadrar no que traz o Marco Legal das Startups (Lei Complementar n° 182/2021) e se tiver atributos para inscrição no Inova Simples, está dentro.
O Inova Simples é um regime especial de formalização de empresas de inovação. As vantagens são diversas. Há incentivos fiscais específicos e é mais fácil tanto abrir como fechar. Clique aqui para entender o que é o Inova Simples.
Em MS, o Startup Fiems tem uma equipe e espaços para apoiar esses modelos de negócio. O local tem espaço de descontração; estúdio de áudio; com espaço maker (com duas impressoras 3D, computadores, materiais e ferramentas para a criação de protótipos) e outras salas onde mentores “pegam na mão” de quem tem ideias inovadoras e, por meio de três planos, ajudam o negócio a caminhar.
Startup Fiems
Os recursos são do Governo do Estado, Sistema S, Sebrae e das próprias startups. Atualmente, há 15 startups incubadas.
“Nosso forte é ajudar as pessoas a tirar as ideias do papel e transformar em um negócio a partir de mentoria e possibilitando conexões entre as startups e fornecedores, indústria e investidores. Editais temáticos são lançados e temos também um edital aberto o tempo todo. É só entrar em contato conosco”, detalha Odilon.
A Startup Fiems lança dois "Startup Challenge" durante o ano, em julho e dezembro. São eventos em que empresas ou governo trazem um problema, um desafio e pessoas, que não precisam ter CNPJ, têm a oportunidade de apresentar soluções e com isso dar o pontapé na prória startup.
É o começo de uma parceria que já nasce com investidores sedentos por inovações para indústria, comércio e serviços de todo o tipo.
Odilon conta que há três planos. O Start para quem tem apenas uma ideia; o Flex para quem já está um passo à frente e o Accelerate para pessoas com a ideia bem maturada e prontas para encontrar um investidor.
O e-mail para contato é o falecomstartup@sfiems.com.br. A equipe também atende pelo Whatsapp (67) 9 9331-0247 ou no local, que fica na Rua Barão do Rio Branco, 2290, no Centro da Capital. Neste ano, eles terão também cursos para quem quer ser investidor.
“É só vir aqui conversar, temos um café onde as ideias surgem e crescem. Nossa preocupação é ter um espaço agradável e despojado, porém com seriedade, pois aqui nos reunimos com investidores”, diz Odilon.
Foi num papo desses, em meio a um café, que três pesquisadores com uma ideia e conhecimento de anos de pesquisa na área foram percebendo que tinham potencial para terem uma startup e obter recursos por meio desse modelo.
Hoje, eles contam com mentoria e recursos para tocar a startup Arandu (em Guarani significa conhecimento/sabedoria), que trabalha para inserir no mercado um corante feito a partir de microrganismo da flora local com potencial para substituir o vermelho que vem do Peru, feito a base de um inseto, a cochonilha, que no Brasil representa risco às lavouras. Enfim, o projeto é inovador e escalável, capaz de crescer rápido, por isso é uma startup.
“Para ter uma startup você não precisa vir de uma formação acadêmica clássica, o mais importante é a vontade de inovar e de resolver um problema”, explica o farmacêutico Arthur Macedo, um dos fundadores da startup Arandu, junto ao químico Edson dos Anjos e a farmacêutica Denise Brenton.
E, de fato, eles trazem solução para um problema grande. Muitos corantes não são sustentáveis e podem causar doenças se consumidos a longo prazo.
“A multidisciplinaridade que encontramos aqui na incubação da Startup Fiems foi muito importante. Isso traz a diversidade de pensamento que a startup precisa para crescer e entrar no mercado. Só na academia não teríamos condições de desenvolver essa ideia”, comenta Denise.
Startups em MS
Odilon revela que há mais de 250 startups em MS, conforme últimos dados divulgados pela StartupMS (Associação Sul-mato-grossense de Startup).
O mapeamento do Ecossistema Brasileiro de Startups da ABStartups (Associação Brasileira de Startups) mostra que 85% estão em Campo Grande e 14% em Jardim. Elas estão voltadas para educação, moda, gestão pública, meio ambiente e sustentabilidade, saúde e bem-estar, indústria e impacto social.
A maioria, 42%, têm como público-alvo o consumidor final, 28% são para empresas e consumidor final; 14% miram em empresas e 14% no governo.
Entre elas, 28% têm menos de um ano; 28% têm dois anos e a minoria tem três, quatro ou mais de cinco anos. São empresas que têm entre um e 20 colaboradores.
Mais de 50% são fundadas por homens, 28% por mulheres e 14% têm mais de um fundador de ambos os sexos.
Do total, 14% já fazem negócios com o mercado exterior, enquanto 85% pensam em internacionalizar a startup. Mais da metade já “pivotou”, expressão usada para dizer que já mudou a direção do negócio durante o processo.