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Economia

Estação Digital é sonho de startups para Capital sair de "atraso tecnológico"

Empreendedores que criaram startups querem ver cidade mudar "mentalidade de mercado"

Caroline Maldonado | 17/04/2022 08:33
CEO da startup Dosi, Deivid de Oliveira, trabalhando em plataforma que entrega produtos de farmácia, ótica e aparelho auditivo gratuitamente a clientes (Foto: Marcos Maluf)
CEO da startup Dosi, Deivid de Oliveira, trabalhando em plataforma que entrega produtos de farmácia, ótica e aparelho auditivo gratuitamente a clientes (Foto: Marcos Maluf)

Eles não querem apenas montar um negócio e começar a ganhar dinheiro. Eles têm uma ideia de solução para problemas da sociedade ou para transformar modelos ultrapassados. Pelo menos 30 empreendedores estão com projetos desse tipo, chamado de startup, ansiosos pela criação do Parque Tecnológico e de Inovação de Campo Grande - Estação Digital, que será instalado na Esplanada Ferroviária com recurso federal de R$ 91 milhões.

O apoio do poder público faz falta e emperra o crescimento de projetos como esses na Capital, segundo os empreendedores. Que startups são essas e o que esperam desse projeto, previsto para sair do papel daqui a um ano e meio?

O parque vai ajudar a tirar a cidade de um “atraso tecnológico”, na opinião do CEO da startup Dosi, Deivid de Oliveira. A startup faz entregas de produtos de farmácias, ótica e aparelhos auditivos de graça e ainda ajuda o cliente a encontrar o menor preço antes de comprar. A parceria com as farmácias faz o negócio funcionar.

CEO da startup Dosi, Deivid de Oliveira (Foto: Marcos Maluf)
CEO da startup Dosi, Deivid de Oliveira (Foto: Marcos Maluf)

"Onde a tecnologia é muito forte, a mão de obra precisa ter resiliência e se esforçar mais para se colocar e aqui em Campo Grande faltam pessoas querendo se qualificar e se engajar em projetos tecnológicos. O foco é muito no trabalho braçal ainda. O parque tecnológico vai quebrar um paradigma no Estado ena Capital que são  um pouco atrasados”, comenta Deivid.

Para Deivid, o parque vai ajudar a transformar a "mentalidade do mercado".

“Esperamos que o parque eleve o nível de consciência do mercado, que haja formações para preparar as pessoas, tragam especialistas para formar as pessoas para que possam conseguir trabalhar aqui mesmo”, diz Deivid.

Fundador da startup +Pet Go, o empreendedor serial Fernando Hoffmeister concorda que a falta de recursos humanos é um dos grandes desafios para negócios desse tipo.

Ele criou um aplicativo para conectar tutores de animais de estimação com pet shops e o negócio amadureceu, passando a agilizar a entrega de produtos do segmento, livrando os pet shops do peso dos custos com a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), na contratação de motoentregadores.

É como um Ifood dos animais de estimação, mas ainda tem chão para a startup decolar e o empreendedor espera que o parque tecnológico impulsione o negócio.

Fundador da startup +Pet Go, empreendedor serial Fernando Hoffmeister (Foto: Divulgação/+Pet Go)
Fundador da startup +Pet Go, empreendedor serial Fernando Hoffmeister (Foto: Divulgação/+Pet Go)

“Recursos humanos são um desafio. As pessoas em Campo Grande hoje tem um problema sério com compromisso, com desafio, querem escolher o que fazer, mas querem ser muito bem remunerados desde o início, mas não querem saber como funciona a tecnologia”, avalia Fernando.

Toda startup tem objetivo de vender, segundo Fernando, que já foi à Índia, país que fomenta projetos altamente tecnológicos, para desenvolver seu aplicativo.

“O principal objetivo de toda startup é vender e em Campo Grande vemos empresas que não conseguem encontrar vendedores para preencher vagas. Vejo as pessoas reclamando de emprego e as empresas reclamando que não acham funcionários para vender. Na Índia, eles investem em adolescentes com 14 anos, que encontram em uma brincadeira uma profissão. Esperamos ter isso aqui na Capital, o fomento à programação e também que o parque ajude a trazer investidores”, comenta Fernando.

Armazém da Criatividade é um dos espaços do Porto Digital, em Recife (Foto: Divulgação/Porto Ditital)
Armazém da Criatividade é um dos espaços do Porto Digital, em Recife (Foto: Divulgação/Porto Ditital)

Parque - A licitação para escolha do projeto executivo para implantação do Parque Tecnológico e de Inovação de Campo Grande deve ser lançada até o fim deste ano e as obras devem começar no início de 2023, conforme informou o então prefeito Marquinhos Trad (PSD), quando lançou a pedra fundamental do projeto, em fevereiro.

A ideia é fomentar "empresas do futuro” em espaços mal utilizados do Centro da cidade, criando vagas de emprego modernas, dessas que são chamadas “profissões do futuro”.

O projeto é inspirado no Porto Digital de Recife, Capital de Pernambuco, visitado o pelo secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia de Campo Grande, Rodrigo Terra; pelo diretor-presidente da Agetec (Agência Municipal de Tecnologia da Informação e Inovação), Paulo Fernando Garcia Cardoso, e a vereadora Camila Jara (PT), em junho de 2021.

Junto ao projeto do parque veio a lei municipal 6.786, que criou a política municipal de desenvolvimento da inovação e tecnologia no ambiente produtivo urbano e rural de Campo Grande.

Na prática, é uma articulação com universidades e governo para que as empresas se instalem no local, oferecendo empregos e oportunidades de aprendizado nas áreas de software, tecnologia da informação e comunicação, economia criativa, com ênfase nos segmentos de games, cine-vídeo-animação, música, fotografia e design, além de tecnologias urbanas.

Será criada uma agência de fomento de ciência, gestão, tecnologia e inovação, que vai gerenciar o parque, sendo vinculada à Sidagro (Secretaria Municipal de Inovação, Desenvolvimento Econômico e Agronegócio).

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