"A cidade é um velório", resume secretário Marun, que está em Santa Maria
“A cidade é um grande velório. Não se fala com ninguém que não tenha perdido pessoas próximas”. O depoimento acima é de quem foi a Santa Maria amparar os familiares das vítimas do incêndio da boate Kiss que matou 231 pessoas por asfixia na madrugada de domingo (27).
O secretário de Habitação e Cidades de Mato Grosso do Sul, Carlos Marun (PMDB), saiu de Porto Alegre, onde passava férias, para prestar condolências às três famílias sul-mato-grossenses envolvidas na tragédia a pedido da governadora em exercício Simone Tebet (PMDB).
“É uma tristeza muito grande. Em 150 sepultamentos têm pessoas que foram para nove velórios. São pessoas de todos os grupos, não tem ninguém alheio”, relata. Gaúcho de Porto Alegre, Marun externa o sentimento dos seus conterrâneos. “O Rio Grande do Sul está consternado, está tristeza é maior”.
O secretário contou que acompanhou o velório coletivo, onde também estava sendo velado David Santiago Souza, de 23 anos. O rapaz cursava o terceiro semestre de odontologia na UFSM (Universidade Federal de Santa Maria). Foi oferecida a oportunidade de enterrar o corpo em Campo Grande, mas os familiares optaram por Santa Maria, onde vivem parentes e muitos amigos dele.
“No velório do David eram muitos jovens, muita comoção. No caso da Ana Paula há mais solidão. Estão o pai e dois tios dela, realmente é muita tristeza”, conta. “Não vi nenhum sorriso em Santa Maria, não via os dentes das pessoas”.
Ana Paula Rodrigues, de 20 anos, morava em Mundo Novo. Ela foi socorrida, mas morreu no hospital de Cachoeira do Sul, município localizado a 120 quilômetros de Santa Maria. O corpo foi liberado hoje pelo IML (Instituto Médico Legal) quando o pai vítima chegou no início da tarde em Santa Maria, e será encaminhado para Mundo Novo.
Marun disse que não conseguiu contato com a família de Flávia de Carli Magalhães, de 18 anos, de Chapadão do Sul. “Santa Maria está traumatizada”, completou.