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Cidades

Aplicativos mapeiam 'áreas de risco' para proteger motoristas de assaltantes

Em dois meses foram noticiados 10 roubos e sequestros cujas vítimas são condutores de aplicativos de transporte; Policia Civil confirma que crimes estão mais violentos na Capital

Danielle Valentim | 03/03/2018 09:51
Motorista de aplicativo em avenida movimentada de Campo Grande (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo)
Motorista de aplicativo em avenida movimentada de Campo Grande (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo)

Os crimes de roubo, ameaça, agressão e ‘sequestros relâmpagos’ em Campo Grande estão mais violentos, conforme a Polícia Civil, e motoristas de aplicativos de transporte, como a Uber e 99 Pop, tem sido alvo frequente dos criminosos. 

Para dar um basta ao problema, empresas montaram equipes responsáveis por avaliar perfis de usuários e condutores, além de mapear áreas de riscos.

Em apenas dois meses quase dez casos foram noticiados pelo Campo Grande News. A situação é grave e a diante de tantos crimes, a AMU (Associação de Aplicativos de Mobilidade Urbana) e empresas de aplicativos admitem as reclamações e registros de motoristas que foram vítimas. Por esta preocupação, já trabalham com a implantação de medidas e orientações de segurança para proteger tanto motoristas quanto passageiros.

Os casos - No dia 14 de janeiro, um homem de 51 anos, motorista da Uber, registrou boletim de ocorrência após sequestro durante a madrugada. Ele foi encontrado abandonado em uma estrada vicinal, próximo de Capão Seco, na região do município de Sidrolândia, a 71 quilômetros da Capital.

No dia 16 de janeiro, um motorista de 40 anos foi esfaqueado durante roubo de carro, na Rua Barão de Grajaú, no Parque dos Novos Estados, região norte de Campo Grande.

Outro caso ocorreu por volta das 23h30 do dia 31 de janeiro. A vítima relatou que foi chamada para buscar um casal na Avenida Souto Maior, mas no trajeto foi rendido por uma dupla. Um dos envolvidos, Isla Cardoso Pereira, 21, foi preso no dia 20 de fevereiro após envolvimento em outros roubos.

No dia 13 de fevereiro outro motorista de 35 anos teve o carro Fiat Uno levado por quatro assaltantes, por volta das 3h, na Avenida Tamandaré, na Vila Planalto. Na noite do dia 15 de fevereiro, um taxista de 64 anos foi rendido e roubado por dois falsos clientes, na rua Dos Ferroviários, no Bairro Cabreúva, em Campo Grande. O motorista não perdeu o carro, mas teve pertences levados pelos bandidos, que estava armados com faca.

Um dos casos mais recente ocorreu no dia 21 fevereiro, quando um motorista do aplicativo Uber de 24 anos foi agredido, sofreu sequestro relâmpago e teve o veículo Ford Fiesta, de cor preta (placas PGF-4646), roubado. Ao Campo Grande News a vítima relatou momentos de terror, mas não pretende deixar de ser um motorista.

“Eu percebi que os casos de casos de roubo a motoristas da Uber cresceram, mas não pretendo parar. Depois do ocorrido a Uber me deu suporte e agora vou aumentar o cuidado, é claro. O carro foi recuperado pela Polícia Civil logo depois do crime”, disse.

O 99 Pop foi lançado há pouco tempo em Campo Grande e no último dia 23 de fevereiro um motorista cadastrado conseguiu fugir de um sequestro. Apesar de escapar dos criminosos, a vítima teve o carro roubado por um trio armado, no Bairro Santo Antônio, em Campo Grande.

Violência generalizada - Estes foram casos que envolveram motoristas de aplicativos, porém, há vários outros registros de vítimas por bairros de Campo Grande. Um exemplo disso, ocorreu no dia 24 de fevereiro, quando uma jovem de 23 anos teve o carro modelo HB20 roubado por um grupo armado depois de deixar a conveniência Escobar, próximo a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). Os suspeitos tentaram colocar a vítima no banco de trás, mas a jovem se jogou no chão e os bandidos fugiram com o veículo.

O delegado da Derf (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos e Furtos) Reginaldo Salomão confirma a violência empregada por criminosos, mas garante que não houve aumento nos casos. 
“São muitos casos de roubo com restrição de liberdade da vítima, mas tanto a Defurv como a Derf já redirecionou os esforços a essa modalidade de crime. Não houve um aumento, mas os crimes estão mais violentos”, disse o delegado.

Wellington Dias, presidente da AMU (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo)
Wellington Dias, presidente da AMU (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo)

Reforço na segurança - Entre as vítimas que procuraram a AMU, a principal preocupação está no transporte de passageiros com notas muito baixas ou em bairros com alto índice de violência. o presidente da associação, Wellington Dias da Silva, afirmou à reportagem que em Campo Grande já funcionam alguns métodos de segurança para proteger motoristas e passageiros.

“Aqueles que nos procuram são integrados dentro de um sistema de segurança com uma central de monitoramento, onde disponibilizamos de vários recursos para evitar roubos, furtos e sequestros de nossos associados. Este sistema é de iniciativa própria e não tem nada a ver com os aplicativos. Passamos algumas dicas de segurança para nossos motoristas que evitam algumas situações, sendo uma delas de andar com dinheiro para não se tornar alvo fácil de assaltantes”, disse.

O presidente da AMU discorda que o manuseio de dinheiro seja um “chamariz” para bandido, pois, atualmente, os criminosos estão mais preocupados em roubar celulares ou veículos. “Não há garantia de que o motorista transporte dinheiro vivo. Estamos em discussão com alguns aplicativos para melhorar a segurança dos motoristas, as negociações têm avançado positivamente, algumas medidas como exclusão de passageiros com notas baixas ou como a implantação do numero do CPF para cadastro já foram algumas medidas que ajudaram na proteção”, disse.

A 99 Pop garante que, desde o mês de julho, após criação de uma equipe de mais de 30 pessoas incluindo com ex-militares, engenheiros de dados e até psicólogos, o número de incidentes na plataforma caiu 80%. Isso significa que 99,99% das corridas são seguras.

O time trabalha 24 horas por dia e algumas das funcionalidades desenvolvidas pela empresa são o mapeamento de zonas de risco, monitoramento do perfil dos passageiros, além de análise ao perfil do motorista também. Com relação ao recebimento de dinheiro, a 99 informa que os motoristas podem optar por não receber o pagamento em cédulas.

Já a Uber, reitera que também possui camadas de tecnologia que agregam segurança antes, durante, e depois de cada viagem, pois todas as viagens na plataforma são registradas por GPS. Em caso de assalto ou qualquer tipo de violência, a empresa orienta os usuários a contatar imediatamente às autoridades policiais e realizar o boletim de ocorrência.

Novidade - A Uber lançou, recentemente, uma ferramenta que exige dos usuários que fizerem o pagamento de suas viagens somente em dinheiro que insiram o seu CPF e data de nascimento antes de ter acesso ao aplicativo. Isso se somou às demais medidas de prevenção de risco implementada no ano passado. Outros recursos de segurança disponíveis são a orientação aos usuários a verificarem dados antes de embarcarem, verificarem a identidade em tempo real, com as selfies. A empresa salienta que a "avaliação mútua" após cada viagem é um ponto importante.

O usuário pode ser desconectado da plataforma se tiver uma média baixa de avaliações ou conduta que viole os termos de uso. Caso o usuário ou o motorista parceiro precisem reportar algum incidente, a Uber conta com uma equipe de suporte que analisa individualmente caso a caso.

Tanto a Uber como a 99 contam com um número de telefone 0800 para registrar casos de emergência e solicitar apoio das empresas depois que estiverem em segurança e tiverem contatado as autoridades competentes. Ambas cobrem os motoristas e usuários com seguro de acidentes.

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