“Eu não volto mais lá”, diz técnica de enfermagem após estupro em asilo
Mulher foi atacada por criminosos dentro do asilo São João Bosco
Medo e insegurança, foi o que restou para a técnica de enfermagem, de 47 anos, que sofreu uma tentativa de estupro na noite de domingo (26), no Asilo São João Bosco, em Campo Grande. Abalada e ainda chorando muito, a mulher, que terá a identificação preservada, praticamente não conseguiu falar ao telefone, mas relatou à reportagem que não voltará mais ao trabalho, pois o local é perigoso.
A mulher foi atacada por um homem, ainda não identificado, dentro do asilo, por volta das 20h de ontem. Com uma faca nas mãos, o suspeito agarrou a técnica de enfermagem e a arrastou para um lugar ermo, onde há muitas árvores, dentro da instituição. Lá, rasgou as roupas dela e tentou estuprá-la, mas enquanto o criminoso tirava a roupa, a vítima conseguiu se soltar e fugir.
Em nome da esposa, o professor de 57 anos relatou que esta não é a primeira vez que a mulher volta para casa em desespero. “Isso foi muito grave, mas ali sempre foi perigoso, não tem segurança nenhuma. Não tem um guarda, já roubaram várias vezes, mas sempre tem que haver uma tragédia para que façam algo”, diz.
Segundo o professor, há um ano a esposa trabalha no asilo e neste período já teve que lidar com criminosos dentro do pátio do local por várias vezes. “Ela já teve que gritar com bandido para que fossem embora, invasão por lá é uma prática normal no asilo e mesmo assim eles (direção) não tomaram nenhuma providência. É absurdo, uma aberração um coisa dessas, graças a Deus não aconteceu algo mais grave, mas poderia ter acontecido, poderia ser com algum idoso que não conseguiria se defender, e aí, o que iriam fazer?”, diz o marido.
Ao Campo Grande News, o superintendente do asilo, Carlos Albuquerque, confirmou que a instituição é vulnerável a ação de criminosos, principalmente por estar localizada em um bairro relativamente perigoso. Mas disse que não tem condições de contratar um guarda particular, pois está há três meses sem receber um repasse que deveria ter sido feito pela prefeitura.
“Nós não conseguimos sequer pagar os salários de quem já trabalha aqui, imagine contratar alguém. O que podemos fazer é tentar com o poder público, Guarda Municipal, Polícia Militar, mas já encaminhei ofícios e até agora não tivemos resposta”, afirma.
O repasse que teria que ter sido feito pela prefeitura, segundo o superintendente, é de R$ 114 mil mensais, e está emperrado graças a uma burocracia administrativa. “Como houve troca da gestão, eles deveriam eleger novos membros para o conselho municipal de assistência social, que é quem autoriza os repasses. Como não houve esta eleição, os repasses às instituições estão atrasados e com isso não conseguimos fazer os pagamentos, nem contratar nenhum tipo de serviço. É uma situação muito complicada”, explica.
Enquanto a situação não se resolve, funcionários e idosos do asilo ficam a mercê da insegurança. “Minha esposa está muito traumatizada, porque foi uma luta muito grande. O bandido pegou ela de costas, tentou morder os seios, ela não quer voltar e por mim não volta mesmo. Mesmo assim este é problema que precisa ser resolvido, porque lá moram seres humanos”, considera o marido da técnica de enfermagem.
Repasse - Procurada, a prefeitura informou que segue todos os trâmites burocráticos necessários para liberação de verba a instituições. Que algumas destas entidades nem apresentaram toda documentação necessária.
Explicou ainda ainda que, no ano passado, as instituições receberam repasse no mês de junho, e que, "neste ano, a atual administração está fazendo o possível para repassar o quanto antes o dinheiro, respeitando o marco regulatório para liberação do recurso."
- Matéria editada às 14h57, para acréscimo de informações