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Capital

“Já perdi três propostas de emprego”, diz pai que procura vaga em creche

Fernanda Mathias e Guilherme Henri | 08/07/2016 09:07
Sérgio Antônio deixou emprego para ficar com a filha, depois que a licença-maternidade da mãe acabou; ele pleiteia uma vaga no Ceinf do Jardim Bonança (Foto: Marina Pacheco)
Sérgio Antônio deixou emprego para ficar com a filha, depois que a licença-maternidade da mãe acabou; ele pleiteia uma vaga no Ceinf do Jardim Bonança (Foto: Marina Pacheco)

Trezentas famílias são atendidas esta manhã em mutirão da Defensoria Pública voltado para a demanda por vagas em creches e escolas de Campo Grande. A maioria dos que procuravam assegurar vagas por meio da Justiça, estava com crianças de colo. Pais, que esperam angustiados pela notícia de vaga nos Ceinfs (Centro de Educação Infantil), relatam aflição em não poder contribuir com a renda familiar.

Analisa de Recursos Humanos, Sérgio Antônio Pereira, 22 anos, relatou que há um mês a licença-maternidade da esposa terminou e ela precisou voltar a trabalhar, mas não conseguiu vaga no Ceinf do bairro em que mora, o Jardim Bonança. Para cuidar da filha, um bebê de cinco meses, ele decidiu deixar o emprego, mas a renda da família ficou apertada.

Sérgio conta que pesquisou preço de babás e escolinhas, mas não achou cuidados por período integral por menos de um salário mínimo. “Em um mês já recebi e perdi três propostas de emprego”. A agente de saúde, Mayara Duarte, 27 anos, vive situação parecida. A licença-maternidade está chegando ao fim e ela não tem com quem deixar o filho, David, de 05 meses. No Ceinf das Moreninhas, não conseguiu vaga e ficou na lista de espera. O marido, que é guarda municipal, responde pela maior parte da renda familiar, mas ainda assim Mayara ressalta que precisa voltar a trabalhar.

Mayara Duarte, 27 anos, é agente de saúde e quer voltar a trabalhar, mas precisa de creche para a filha, de 05 meses (Foto: Marina Pacheco)
Mayara Duarte, 27 anos, é agente de saúde e quer voltar a trabalhar, mas precisa de creche para a filha, de 05 meses (Foto: Marina Pacheco)

No caso de Monique Marques, 21 anos, que cursa Pedagogia e tem uma filha de um ano, a vaga é fundamental para que ela possa continuar os estudos. Monique explica que faz curso à distância, mas quer mudar para presencial. Na lista de espera do Ceinf do bairro Maria Aparecida Pedrossian, pegou o número 61 na lista de espera. “Se não conseguir por meio da Defensoria, vou ter que arrumar trabalho para pagar creche particular”.

Este é quarto mutirão do ano que a Defensoria faz para desafogar a demanda por vagas em creches e escolas da Capital e a demanda tem aumentado progressivamente. No mutirão anterior, em junho, foram 143 atendimentos, em abril, 105 e em março, 68.

Na Defensoria Pública, crescimento exponencial na procura por vagas em creches e escolas: 341% desde março (Foto: Marina Pacheco)
Na Defensoria Pública, crescimento exponencial na procura por vagas em creches e escolas: 341% desde março (Foto: Marina Pacheco)

Direito básico – A defensora pública Regina Célia Rodrigues Magro, da 3ª Defensoria Pública de Fazenda Pública explica que a demanda por vagas na educação infantil é uma das maiores, assim como os atendimentos relacionados à área de saúde.

“Toda criança tem direito de freqüentar a educação infantil. Embora não seja obrigatório antes dos 04 anos, a Constituição, de 1988, garante o direito à creche independente de qualquer fator, como classe social. Se a pessoa tem uma condição remediada isso não a exclui do direito de ingressar na escola pública, desde a creche até o ensino superior”, pontua.

Segundo a defensora, dada a garantia constitucional, há êxito em 100% dos casos. Os ofícios são expedidos no local e a própria mãe pode levar até a creche. Os mandados de segurança tramitam nas Varas de Registro Público.

Déficit – Recentemente a Prefeitura informou que as obras de reforma e inauguração de novos Ceinfs vai atender mais de 2,8 mil crianças que esperam por vagas. Hoje a fila é de 11,8 mil crianças.

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