Para tratar tumor no cérebro, mãe tenta vaga em creche e não consegue
O drama de uma mãe que precisou de creche para deixar a filha de menos de um ano e dar continuidade ao tratamento contra um tumor cerebral revela o calvário de milhares de famílias que aguardam vagas na Capital.
Em outubro de 2015 começava a jornada de Juliana Érika dos Santos, de 29 anos, na batalha contra o câncer e depois de uma delicada cirurgia, com 42 pontos, realizada em março deste ano, o resultado da biópsia confirmava um tumor agressivo, que exigiria seguidas sessões de quimio e radioterapia ao longo dos próximos dois meses.
Para aumentar a angustia de Juliana, o dilema de não ter com quem deixar a pequena Maria Vitória, então com 10 meses. “Como vou fazer esse tratamento com duas crianças pequenas, sozinha sem uma ajuda? Procurei a Semed (Secretaria Municipal de Educação), levei exames, chorei por uma vaga temporária, mas nada. Tentaram cinco creches na região, mas não tinha vaga. Isso e revoltante, pois você cumpre todos seus papeis como cidadão e neste momento você não tem nada”.
A solução veio do Hospital São Julião, no qual Juliana trabalha há 5 anos e de onde está licenciada para o tratamento. “Não havia nem vaga, a irmã Silvia abriu uma exceção e minha filha está sendo muito bem cuidada”. O hospital fica na região onde mora Juliana. O filho mais velho, de 07 anos, já frequenta a escola. Nesta quarta-feira, ela completou a 19ª sessão de radioterapia e faltam 12 para que o tratamento termine. Depois Juliana pretende ficar em casa, com as crianças.
“Hoje me vejo na metade deste primeiro tratamento de choque combinado, que é a radioterapia e quimioterapia. O cabelo caiu. Sei que ainda tenho um caminho para percorrer, mas Deus e Jesus Cristo sempre estão e estarão ao meu lado. Fé, determinação, confiança, família e amigos. Agradecer todos os dias”.
A Prefeitura informou, por meio da assessoria de imprensa, que há uma forte demanda represada por vagas em creches. Hoje a fila é de 11,8 mil crianças. Não há prioridades para casos como de Juliana.
Hoje (01) o Ministério do Desenvolvimento Social informou que municípios que atendem crianças de até quatro anos com deficiência e que recebem o Benefício de Prestação Continuada (BPC) passarão a ter apoio financeiro da União para ampliar a oferta em creches públicas e conveniadas.
O apoio financeiro será destinado para as prefeituras que ampliarem o número de matrículas em creches para crianças de 0 a 48 meses, beneficiárias do Bolsa Família, ou que tenham aumentado a cobertura de crianças beneficiárias do BPC.