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Capital

“A verdade está no processo”, diz mãe de PM encontrado morto em casa

Adilude Pereira Passos Valadão gravou vídeo de desabafo logo após sepultamento do militar

Por Ana Paula Chuva e Helio de Freitas, de Dourados | 19/10/2023 13:35


Após sepultar o filho, Adilude Pereira Passos Valadão gravou um vídeo em que desabafou sobre as acusações de estupro contra o policial militar Israel Giron Argulho Carvalho, 32 anos, encontrado morto nesta terça-feira (17), na casa onde morava com a família no Bairro Coronel Antonino, em Campo Grande.

Na gravação, enviada ao Campo Grande News, Adilude ainda está no cemitério. A mulher, que é mae de criação do policial, diz que gostaria de esclarecer algumas coisas que estariam doendo em sua alma e por isso, escreveu um desabafo para não esquecer de falar nada.

“Hoje estou aqui para dizer que meu filho foi um grande homem e o que fizeram com ele foi uma grande injustiça. Entendo a importância do trabalho da Polícia Civil, mas vocês não deveriam ter ido na televisão expor o meu filho desse jeito sem ter certeza das coisas, não deveriam fazer isso com ninguém. Meu filho está morto e agora, pouca coisa importa”, diz Adilude.

O vídeo tem duração de 1 minuto e 40 segundos e a mulher ainda afirma que teve acesso e leu os laudos, em que ficou apontado que não havia material genético de Israel no corpo da frentista, de 24 anos.

“A verdade está no processo e vai aparecer. Tem o laudo da perícia que diz expressamente que a menina não tinha nenhuma lesão ou sinal de violência sexual. Está escrito, eu li. Também não havia material genético do meu filho como foi dito”, afirmou a mulher que ainda pede respeito pelo luto da família e a honra de Israel.

Israel foi velado e sepultado na manhã de quarta-feira (18), em Campo Grande.

Roupas encontradas com o militar e que foram reconhecidas pela frentista (Foto: Divulgação | PCMS)
Roupas encontradas com o militar e que foram reconhecidas pela frentista (Foto: Divulgação | PCMS)

Laudo – Conforme apurado pelo Campo Grande News, o laudo do Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal) da frentista saiu no dia 13 de setembro, dois dias após Israel ser solto. O documento apontou que não houve “conjunção carnal” entre a vítima e o suspeito e que a mulher apresentava “ruptura himenal antiga, sem vestígio de lesão traumática recente”.

No entanto, conforme explicou a Polícia Civil, há outras provas colhidas, além do testemunho consistente da frentista, que comprovam que houve o abuso sexual por parte de Israel. O inquérito já foi inclusive encaminhado para o judiciário e o militar virou réu pelo crime de estupro.

Israel era soldado e chegou a integrar a equipe do Bope (Foto: Reprodução | Redes Sociais)
Israel era soldado e chegou a integrar a equipe do Bope (Foto: Reprodução | Redes Sociais)

Prisão – Israel foi preso no dia 11 de agosto deste ano, três dias após a frentista ter denunciado o estupro. Com ele, a polícia encontrou as roupas, a arma e o Fiat Mobi reconhecidos pela vítima. Também foram colhidos, segundo a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), material genético do acusado nas roupas da jovem e também no banco do veículo, sendo possível fazer a identificação do militar, que não foi divulgada pelas delegadas.

O nome do soldado acabou sendo descoberto após apuração da reportagem. Ele chegou a ficar no Presídio Militar por 30 dias, acabou sendo encontrado morto na casa onde morava atualmente com a filha e a esposa, também policial militar, no Bairro Coronel Antonino. Ele estava com um ferimento de tiro na cabeça e o caso foi registrado como morte a esclarecer.

Ameaças - Após a divulgação sobre o laudo não apontar que houve "conjunção carnal" entre a frentista e o militar, a mulher afirmou que suas fotos passaram a ser divulgadas em grupos de policiais onde ela é chamada de "vagabunda". A vítima também relatou à reportagem que ao descobrir que o suspeito era agente de segurança, decidiu voltar para o Pará.

“Policiais foram no meu local de trabalho tentar forçar o pessoal dizer eu fazia programa ou que era funcionária ruim. Tive meu celular apreendido para vasculharem minha vida, porque saiu boatos que tive um caso com Israel, tentaram entrar em contato com meus familiares para buscar algo de errado meu. Eu não podia nem ir na igreja porque estavam indo atrás dos irmãos da igreja para saber onde eu estava, foram perguntar sobre mim para minha pastora”, expõe.

A Adepol-MS ( Associação dos Delegados de Polícia de Mato Grosso do Sul) divulgou nesta quinta-feira nota de repúdio em que afirma que as delegadas da Deam também passaram a ser ofendidas e ameaçadas nas redes sociais. A instituição pontuou que entende a comoção que o caso gerou, mas que adotará as medidas para identificar e responsabilizar os autores das ofensas e ameaças.

Fotos da vítima passaram a ser divulgadas em grupos policiais onde frentista é chamada de "vagabunda"
Fotos da vítima passaram a ser divulgadas em grupos policiais onde frentista é chamada de "vagabunda"

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*Matéria editada para correção de informação.

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