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Capital

“Acertei ela enquanto disputávamos a faca”, diz acusado de matar namorada

Durante sessão o réu Lyennan Camargo de Mattos de Oliveira disse não ter tido intenção de matar a vítima

Por Bruna Marques | 25/07/2024 10:47
Lyennan Camargo de Mattos de Oliveira sentado no banco dos réus na manhã desta quinta-feira (25) (Foto: Osmar Daniel)
Lyennan Camargo de Mattos de Oliveira sentado no banco dos réus na manhã desta quinta-feira (25) (Foto: Osmar Daniel)

Sentado no banco dos réus, Lyennan Camargo de Mattos de Oliveira, 27 anos, acusado de matar a namorada, Brenda Possidonio Oliveira, 25, confessou ter atingido a vítima no dia 29 de junho do ano passado, enquanto os dois disputavam a faca utilizada no crime. A declaração do assassino foi durante sessão do Tribunal do Júri, na manhã desta quinta-feira (25).

Quando questionado sobre o crime pelo juiz Carlos Alberto Garcete, Lyennan disse que a discussão com a namorada ocorreu por ciúmes. A vítima teria visto uma conversa dele com a ex-mulher no celular, situação que deixou Brenda irritada. “O celular tinha descarregado, ela pegou o meu e viu mensagem minha com a mãe do meu filho, não tinha nada demais, era assunto sobre meu filho. Ela se irritou, correu para o quarto, pedi meu celular, ela tacou no meu rosto e fechou a porta. Pedi para ela abrir a porta, ela ficou segurando, eu realmente dei dois socos para tentar abrir, ela abriu e jogou de novo o celular em mim. Nisso o filho dela acordou e eu pedi para ele correr e chamar alguém para tentar evitar o pior”, contou.

Segundo Lyennan, Brenda ficou brava, pegou uma faca e foi para cima dele. “Me acertou alguns golpes, tentei tomar a faca dela e ela voltou para o quarto. Dei dois golpes na porta e acertei a mão dela porque ela estava segurando para eu não abrir”, relatou o réu.

Após acertar a namorada, Lyennan lembra que ela sentou em uma cadeira na sala enquanto ele tentava aclamá-la. Neste momento, conforme explicou o réu, Brenda levantou e pegou uma garrafa de álcool para pôr fogo nele. “Tirei o álcool dela, ela pegou a faca de novo e veio para cima de mim. Peguei a faca para intimidar ela e acabar com a discussão”, alegou.

Enquanto o casal disputava a faca, Lyennan contou para a promotora Lívia Carla Guadanhim Bariani que também foi atingido por Brenda. Apesar de os laudos periciais não apontarem lesões provocadas por facada, o réu insistiu em confirmar a versão apresenta desde o início do inquérito policial.

“Na luta corporal para tirar a faca dela ela me feriu no rosto, peito, orelha e dedo, sai com ela para fora de casa e na tentativa de tomar a faca acabei desferindo uma facada nela sem intenção. Se não me engano os golpes acertam o pescoço e o peito dela”.

Faca utilizada no crime foi mostrada ao réu e jurados durante sessão (Foto: Osmar Daniel)
Faca utilizada no crime foi mostrada ao réu e jurados durante sessão (Foto: Osmar Daniel)

Problemas psicológicos – Lyennan disse que na época dos fatos ele estava em tratamento psicológico. Fazia uso de medicamento controlado e sua única atividade era ir para o trabalho e voltar para casa. “Eu só ficava no quarto sozinho, chorava do nada, quando ficava muito nervoso desmaiava, minha mãe já correu comigo para umas três vezes.

Quando perguntado sobre seu temperamento, Lyennan se definiu como ‘tranquilo’. “Eu nunca fui agressivo. A Brenda era meio estressada, qualquer coisinha queria brigar. Eu sempre me esquivava de briga, qualquer coisa ela queria bater no filho dela. Ela bebia todo dia. Quando chegava em casa tinha pelo menos cinco latinhas de cerveja. Ela usava droga, mas na época eu tinha descoberto pouco tempo antes, conversamos sobre isso, fui para minha mãe porque não queria mais nada com ela. No outro dia ela foi atrás de mim discutir, eu peguei minha mochila e fui trabalhar, deixei ela lá”, expôs.

Após o crime Lyennan foi para casa da família e tentou se matar. “Tomei um frasco de remédio, metade de uma garrafa de bebida e me enforquei. Mandei mensagem para mãe dela pedindo desculpa e falando o que tinha acontecido. Acordei depois de 11 dias no hospital”, recordou.

Ao final de seu depoimento, o réu pediu desculpa aos familiares de Brenda que estavam na plateia. “Eu não tinha nenhuma intenção de tirar a vida dela. Eu já havia tentado tirar a faca dela dentro da casa. Peço desculpa para a família dela. É somente isso que tenho para falar”, finalizou.

O depoimento do réu causou indignação nos familiares de Brenda. A faca utilizada no crime foi mostrada no plenário. Ao ver o objeto que tirou a vida da jovem, o irmão dela, Clayton Alves de Araújo, 41 anos, disse que o crime foi premeditado. “Minha irmã nunca teve essa faca, essa faca é faca de caça, nós frequentávamos a casa dela e nunca vimos essa faca lá”, afirmou.

Brenda e o filho, que viu a mãe ser assassinada (Foto: Reprodução)
Brenda e o filho, que viu a mãe ser assassinada (Foto: Reprodução)

Crime - A Polícia Militar foi acionada por volta das 23h para atender uma ocorrência de lesão corporal por arma branca. Quando chegaram no local, encontraram Brenda já morta na calçada da vizinha. Equipe do Corpo de Bombeiros também foi acionada e constatou o óbito.

Aos policiais, vizinhos disseram que ouviram gritos na rua e a criança dizendo "Você matou minha mãe" e quando saíram, encontraram Brenda caída no chão com o pescoço sangrando e pedindo socorro. A vítima chegou a levantar, atravessou a rua e caiu novamente. Na ocasião, uma testemunha relatou que o menino correu atrás do autor, mas voltou e tentou estancar o sangramento no pescoço da mãe. Ele foi acolhido na casa de uma das vizinhas até a chegada da polícia.

Lyennan foi preso em casa. Quando a polícia chegou ao local, foi informada por familiares de que ele tinha tentado suicídio. Equipe do Corpo de Bombeiros foi acionada e o rapaz foi levado para a Santa Casa inconsciente, onde ficou escoltado. Antes de tentar tirar a própria vida, o assassino mandou mensagem para a mãe de Brenda dizendo que havia matado a jovem, mas Hilda só viu a mensagem depois que a polícia já tinha avisado sobre o crime.

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