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Capital

Administrador que matou jovem em táxi faz campanha contra álcool e direção

Aline dos Santos e Viviane Oliveira | 14/02/2013 15:42
Diogo disse que foi  pego de surpresa pela nova Lei Seca. (Fotos: Luciano Muta)
Diogo disse que foi pego de surpresa pela nova Lei Seca. (Fotos: Luciano Muta)
Na delegacia, administrador fez uma declaração aos jornalistas, sem permitir perguntas.
Na delegacia, administrador fez uma declaração aos jornalistas, sem permitir perguntas.

Nervoso, sempre repetindo que não é uma pessoa má e o apelo para que os motoristas não dirijam sob efeito de álcool, o administrador de fazendas Diogo Machado Teixeira, de 36 anos, fez hoje sua primeira aparição para a imprensa. Na madrugada da última segunda-feira, ele provocou o acidente que resultou na morte do passageiro de um táxi e deixou outros dois feridos em estado grave. O administrador dirigia embriagado.

Nesta quinta-feira, ele prestou novo depoimento sobre o acidente na 1ª Delegacia de Polícia Civil de Campo Grande. Em seguida, fez uma exigência: só conversaria com os jornalistas se fosse apenas uma declaração, ou seja, sem perguntas. Condição aceita, ele começou a falar. “Meu nome é Diogo, quero dizer que tenho profundo pesar para com as famílias das vítimas e sou uma pessoa do bem, trabalhadora e não desejo mal para ninguém. O que aconteceu foi uma fatalidade”, disse.

Ele admitiu que bebeu. “Ingeri um pouco de álcool, que é uma infração, estava olhando no celular, outra infração. Não acho certo o que eu fiz, de ter bebido e pego o volante. Estou ajudando a família das vítimas. Estou arrependido. Quero, aqui, levantar uma bandeira para que as pessoas que bebem não saiam ao volante”, afirma. Ele contou que tem diversas fotos que provam que várias vezes voltou da balada de táxi. O teste de alcoolemia de Diogo registrou 0,59 mg/l.

Diogo teve prisão preventiva decretada. (Foto: Luciano Muta)
Diogo teve prisão preventiva decretada. (Foto: Luciano Muta)

O administrador afirmou que tomou algumas doses, mas não precisou de qual bebida, e que foi surpreendido pela Lei Seca. Desde 29 de janeiro, a lei ficou mais rígida, impondo tolerância zero para o consumo de álcool para os condutores. Logo após as declarações, ele pediu auxílio dos policiais. “Manda eles saírem daqui”, requisitou. Depois, contemporizou: “Ah, é o trabalho deles”.

A tragédia - O acidente foi no cruzamento da avenida Afonso Pena, esquina com a rua Bahia. Diogo conduzia uma caminhonete Mitsubishi L-200. A colisão matou José Pedro Alves da Silva Júnior, 22 anos, passageiro do táxi. O amigo dele, Ramon Rudney Tenório Souza e Silva, 21 anos, e o motorista Sebastião Mendes da Rocha, 51 anos, sofreram ferimentos graves.

Diogo foi preso em flagrante e encaminhado à Depac Centro (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário). Hoje, ele prestou o primeiro depoimento ao delegado Wellington de Oliveira, titular da primeira delegacia. Ainda no dia 11, a defesa de Diogo entrou com pedido de liberdade.

A juíza de plantão Kelly Gaspar Dutra Neves negou e converteu a prisão em preventiva, ou seja, com prazo indefinido. De acordo com o advogado Arlindo Murilo Muniz, a defesa avalia qual novo procedimento irá adotar. “Estamos estudando”, afirma. Uma possibilidade é pedir habeas corpus no TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul).

A velocidade - Perícia realizada ontem indica que a caminhonete estava entre 60 km/h e 70 km/h. Conforme a Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), a velocidade máxima permitida na Afonso Pena é de 50 km/h. Além de responder pelos crimes de homicídio doloso, lesão corporal e dirigir embriagado, Diogo ainda pode ser indiciado por duas tentativas de homicídio. O acidente foi registrado por câmeras de vigilância e as imagens auxiliam na investigação policial.

No vídeo, é possível ver um carro preto passar ao lado da caminhonete logo após a colisão. Surgiu a suspeita de racha. O delegado pede que o condutor se apresente.

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