Adultos e crianças esperam mais de cinco horas por atendimento em UPAs lotadas
Na UPA Universitário, pacientes ocupam até o chão na espera por serem atendidos
Adultos e crianças com dores e febre à espera de atendimento médico há cinco horas nas unidades de urgência e emergência de Campo Grande. As crianças são as que mais sofrem e lotam a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Bairro Coronel Antonino. Na UPA Universitário a lotação também é grande e pacientes ocupam até o chão.
Com o filho de 2 anos nos braços, a autônoma Thaís Amanda de Souza, de 30, conta que chegou no posto às 10h e até às 15h ainda não havia sido atendida. “Moro no Tijuca, mas vim aqui porque é onde está tendo pediatra. Meu filho está com febre e não comeu nada até agora”, lamentou.
Segundo a mulher, ela saiu de casa somente com o passe de ônibus e nem mesmo pode sair para comprar algo para comer. “Ele está com febre e dor de cabeça. Ele caiu e formou um coágulo. Tem que fazer raio-x e somente aqui está com aparelho funcionando”, contou a mãe.
Pelos dados da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), havia sete pediatras destacados para a UPA Coronel Antonino, mas informações no local indicaram que seis estavam em atendimento e os pacientes, diante da demora, acreditavam que não havia esse número de médicos lá. “Deve ter somente um. Não vejo chamarem as crianças”, lamentou outra mãe que preferiu não se identificar.
O pior é que o posto está com apenas um dos quatro ventiladores funcionando, o que aumenta o calor e a impaciência de quem está à espera. “Eu cheguei aqui era 11h, minha filha de 1 ano com febre e nada de ser atendida até agora”, reclamou a mulher que conversou com a reportagem às 15h.
Na UPA Universitário o problema é com pacientes adultos. Também lotado, há quem esteja esperando no chão. A doméstica Andréia Bruno Bueno, de 34 anos, está com dores fortes nos rins e também não tinha passado por atendimento até às 14h40, horário em que a reportagem falou com ela. “Povo está até desmaiando de dor aqui”, lamentou.
Ela informou que havia ido a uma UBS (Unidade Básica de Saúde) de onde foi encaminhada para a UPA. “Me mandaram para cá com uma cartinha de encaminhamento. Já tomei um monte de remédio, mas não está adiantando para a dor. Estou há três semanas com dor nos rins”, contou.
Lá, ela fez fotos que mostram não apenas que a UPA está superlotada, mas também que as pessoas estão morrendo de dor e esperando no chão. Segundo a Sesau, há seis médicos para atendimento à população adulta no local.
Nova Bahia - Karen Florentino Azevedo, 30 anos, é cabeleireira e levou o filho para atendimento no posto 24 horas do Bairro Nova Bahia – o Centro Regional de Saúde – mas saiu de lá sem a medicação necessária ao filho. Ela chegou lá às 11h e foi atendida às 14h30. Karen foi informada que quem atenderia seu filho seria um clínico geral e não um pediatra, mas resolveu esperar.
No atendimento, o médico examinou a criança e disse que ele estava com uma infecção de garganta, mas que por não ser pediatra, não poderia receitar nenhuma medicação. “Perguntei então por que ele atendeu a gente e ele disse que é porque é obrigado a atender, mas me mandou procurar a UPA Coronel Antonino”, lamentou.
Para ele, essa situação mostra o descaso, porque poderiam tê-la dispensado antes e não fazê-la perder tempo lá, acreditando que o clínico poderia ajudar. “Saí de lá sem a medicação do meu filho e depois de quase 4 horas de espera”, comenta revoltada.
A reportagem entrou em contato com a Sesau no início da tarde desta segunda-feira e sobre a situação no Nova Bahia a resposta foi a seguinte:
"A Sesau informa que mediante tal reclamação, a secretaria de saúde irá averiguar a situação e, se necessário, instaurar uma sindicância para apurar a postura do profissional. É importante ressaltar que é obrigação do médico realizar o atendimento de todo e qualquer paciente que chegue à unidade de saúde, independente de ele ser ou não especialista na área".
A secretaria também destacou que essa medida é adotada pela "Prefeitura Municipal de Campo Grande, não sendo este preconizado pelo Ministério da Saúde, reforçando novamente a necessidade de que a consulta seja feita pelo clínico geral"e reforça que "em situações como esta, a Sesau orienta que o munícipe oficialize a reclamação através do telefone da Ouvidoria da Saúde, pelo 3314-9955, uma vez que, através do protocolo de reclamação é possível acompanhar a reclamação".
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