“Agi na intuição”, diz entregador que arrombou casa e salvou mulher de incêndio

Sem pensar duas vezes e “na intuição de ajudar”. Assim o motoentregador Alexon Dantas, de 38 anos, descreve a origem da força que precisou para, na noite de ontem (11), arrombar casa que pegava fogo no Portal Caiobá II, em Campo Grande. Mesmo diante da recusa de um vizinho em ajudar, a “intuição” do rapaz foi decisiva para salvar a vida de uma moradora, presa do local em meio às chamas e fumaça.

O trabalhador conta que, por volta das 22h30, saiu para fazer uma entrega no bairro. Como chovia bastante no momento, decidiu passar pela rua da vítima, que é asfaltada, para se livrar do barro das outras vias sem pavimentação. “Quando passei senti o cheiro de fumaça, mas não vi nada”, lembra.

Na volta, cerca de três minutos depois, o motoentregador notou pequena cortina de fumaça saindo da casa. “Parei e uma menina me disse que uma senhora morava lá”, conta.

Com a suspeita de que alguém pudesse estar na casa, Alexon pediu ajuda de um vizinho, que se recusou a ajudar. Com o tempo cada vez mais apertado, parou um rapaz que passava na rua e pediu auxílio para entrar na residência.

O rapaz lembra que depois de arrombar a porta da cozinha, entrou no lugar, já tomado pela fumaça e por três vezes perguntou se havia alguém no imóvel. “Só na quarta vez ouvi uma voz baixinha dizendo: estou aqui”, relata.

Com a casa toda escura, Alexon contava apenas com a luz direcionada pela lanterna do rapaz que parou no meio da rua. No instinto, ele entrou no local e poucos minutos depois, encontrou a vítima em pé entre o quarto e o banheiro.

“Ela já não não estava respirando normal e saía bastante secreção do nariz. Tirei para fora e logo depois ela desmaiou”, pontua.

Alexon só saiu do lugar depois de o Corpo de Bombeiros chegar na casa. “Minha intuição foi ajudá-la. Se eu puder sempre vou ajudar porque não desejo isso pra ninguém”, conta.

Emotivo, ele lembra que perdeu a mãe para a covid-19 no dia 8 de outubro do ano passado.

Depois de ajudar a salvar a vida da moradora, o trabalhador continuou a fazer as entregas.

 Vizinha da casa incendiada, a autônoma Rosilei Rocha de Souza, de 50 anos, conta que a vítima mora sozinha na casa e que há algum tempo usa velas porque está sem energia elétrica na casa.

“Ela vende água nos terminais, mas agora perdeu tudo porque até os produtos que ela vende queimaram”, lembra a vizinha.

No quintal, ainda é possível ver o carrinho e as garrafas de água que a moradora vendia, todos consumidos pela chama. Segundo o Corpo de Bombeiros, a casa dela também está totalmente comprometida.

Quem quiser ajudar, pode ligar no telefone da vizinha. (67) 99223-2559.