Além de servidores, lista de 19 presos tem empregados de Jamil Name
O empresário e seu filho Jamil Name Filho foram presos por chefiarem uma milícia responsável por execuções em Mato Grosso do Sul
A operação que mira preferencialmente Jamil Name e Jamil Name Filho prendeu hoje integrantes de forças de segurança e funcionários do empresário na Capital e em Ponta Porã. Foram expedidos 23 ordens de prisões: sendo 13 mandados de prisão preventiva e 10 mandados de prisão temporária. Até agora, 19 foram cumpridas.
Entre os funcionários, os policiais prenderam Luiz Fernando Fonseca, cuidador de cavalos no haras do empresário. Conforme o advogado Edgar Calixto, o cliente trabalha há anos para Jamil, mas “não tem envolvimento com os negócios da família”.
Luiz foi preso preventivamente, mas durante buscas em sua casa, no Bairro Jóquei Club, policiais encontraram uma revólver calibre 38 e três munições, por isso ele também foi preso em flagrante. As munições não eram do mesmo calibre que a arma, por isso, na visão da defesa, a apreensão não caracteriza crime. “Sem munição a arma não produz efeito nocivo para a sociedade”, defendeu Calixto.
Essa, no entanto, não é a primeira vez que Luiz é preso com uma arma sem registro. Em 2017 foi flagrado com um revólver calibre 38 na entrada para uma festa, na Vila Santo Eugênio. Para tentar escapar da prisão, chegou a passar a arma para uma mulher que o acompanhava. Os dois respondem na justiça pelo caso.
Outros dois funcionários do empresário, identificados como José Antônio e Adelino, foram levados para a delegacia depois que os policiais encontraram uma arma calibre 22 no Hares da Jamil. Eles foram liberados nesta tarde após pagarem fiança de um salário mínimo. Ao Campo Grande News, eles detalharam que a arma estava guardada e não era usada.
Além das prisões, a força-tarefa ainda cumpriu 21 mandados de busca e apreensão. Na casa do empresário, as equipes encontraram um carregador de pistola calibre 9 milímetros. No haras de Jamil também foi apreendida uma espingarda calibre 12, por isso ele ainda será autuado por posse ilegal de arma.
Os presos – A investigação que resultou na prisão de Jamil Name começou em maio deste ano, com a prisão do então guarda-municipal Marcelo Rios, flagrado com um arsenal, que tinha o mesmo modelo de fuzil usado em três execuções em Campo Grande.
As vítimas foram Ilson Martins de Figueiredo (policial militar reformado e então chefe da segurança da Assembleia Legislativa), Orlando da Silva Fernandes (ex-segurança do narcotraficante Jorge Rafaat) e o universitário Matheus Coutinho Xavier (a suspeita é de que o alvo fosse seu pai, um policial militar reformado).
Na sequência, foram presos outros dois guardas municipais que também trabalhavam na segurança do empresário. Robert Vitor Kopetski e Rafael Antunes Vieira foram denunciados pelo Gaeco por obstruir investigação e integrar organização criminosa. O segurança Flavio Narciso Morais da Silva também foi detido pelos crimes.
Nesta sexta-feira outros quatro guardas municipais foram presos por envolvimento no esquema. Presidente do Sindicato dos Guardas Municipais de Campo Grande, Hudson Bonfim, identificou três dos suspeitos apenas pelo “nome de guerra” - Peixoto, Igor e Eronaldo. O quarto é Alcinei Arantes da Silva.
Policiais civis também foram alvo da operação: Márcio Cavalcanti da Silva, lotado na Derf (Delegacia Especializada de Roubos e Furtos), Elvis Elir Camargo Lima, da 1° DP de Ponta Porã, Frederico Maldonado Arruda, da Polinter (Serviço de Polícia Interestadual) e Vladenilson Daniel Olmedo, agente da Polícia Civil aposentado.
Elvis Elir já foi preso pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) em janeiro de 2013. À época, o agente trabalhava em Porto Murtinho e foi ligado a casos de corrupção na Prefeitura de Jardim e tortura a um preso. Ele teria contado com a ajuda de Frederico Maldonado nas agressões. Os dois acabaram inocentados no processo.
Já Vladenilson Olmedo, que hoje está aposentado, também já teve o nome envolvido com o crime. Em junho de 2008, o pistoleiro Aparecido Roberto Nogueira, conhecido como Betão, era foragido da Justiça Brasileira, condenado a 20 anos de prisão, quando foi capturado por policiais paraguaios em uma casa em Pedro Juan Caballero, ao lado de llson Martins de Figueiredo e do policial.
Betão e Ilson foram assassinados anos depois. O militar era sargento reformado da PM e segurança da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, quando foi executado em junho de 2018. O pistoleiro também foi morto, em 2016.
Ainda conforme apurado pela reportagem, Andreson Coreia, militar do Exército Brasileiro também foi presos da operação. O policial federal aposentado Everaldo Monteiro de Assis, suspeito de vazar informações de um sistema da polícia para ajudar os milicianos, completa a lista dos agentes da segurança presos nesta sexta-feira. O mandado contra ele foi cumprido em Bonito, distante 257 quilômetros de Campo Grande.
Segundo o delegado Fábio Peró, do Garras, o PF foi preso por policiais federais por força de mandado de prisão temporária de 30 dias. Perícia realizada no pen drive apreendido com Marcelo Rios revelou arquivos com devassa sobre a vida do fazendeiro Edilson Francischinelli, da região de Bonito. O dossiê foi elaborado pelo policial federal.
As equipes ainda estiveram na casa do advogado Alexandre Franzoloso, presidente em Mato Grosso do Sul da Abracrim (Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas), para cumprir mandado de busca e apreensão. Franzoloso é filho do advogado Sérgio Franzoloso, vítima de execução em seu escritório, no Jardim dos Estados, no ano de 2002. O crime foi atribuído a um presidiário, condenado a 18 anos de prisão.
Os presos preventivamente serão enviados a presídios da Capital ainda nesta sexta-feira. Os alvos dos mandados de prisão temporária ficarão nas celas da 3ª Delegacia de Polícia Civil de Campo Grande e da Def (Delegacia Especializada de Repressão ao Crimes de Roubo e Furto).
(Matéria editada às 17h30 para acréscimo de informação)
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