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Capital

Angústia de Anikelin virou alívio ao ver irmã gêmea sobreviver a enchentes do RS

Casa de Anielin Ribeiro Canhete, de 35 anos, ficou submersa e irmã, na Capital, passou horas sem notícias

Por Natália Olliver | 07/05/2024 12:46
Irmãs gêmeas Anielin e Anikelin Ribeiro Canhete (Foto: Arquivo pessoal)
Irmãs gêmeas Anielin e Anikelin Ribeiro Canhete (Foto: Arquivo pessoal)

Mana vou ter que sair daqui porque a água tá chegado”.

Essa foi a última mensagem de Anielin Ribeiro Canhete, de 35 anos, durante as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul no início desta semana.

A quase 2 mil quilômetros de distância, a irmã gêmea, Anikelin Ribeiro Canhete, viveu em Campo Grande a angústia em não ter notícias. Após horas de espera, o sentimento se transformou em alívio ao receber uma mensagem da gêmea contando que estava bem.

“Minha irmã é meu tudo, minha metade, sem ela não sei viver. Sempre fomos unidas mesmo distante, sempre vou pra lá ou ela vem pra cá. Ela me mandou um áudio eu fiquei desesperada porque só consegui contato de noite. Graças a Deus conseguiu sair. Ela pegou a bolsa e saiu de casa com os filhos, meu cunhado e os cachorros.”

A água chegou a cobrir quase toda a casa da irmã, residente da cidade de Guaíba, município da região metropolitana de Porto Alegre. Após evacuação, a família foi resgatada com jet skis em uma estrada próxima a casa.

Segundo a gêmea “gaúcha”, todos estão bem e ajudam no resgate de pessoas e animais.  Eles estão abrigados na casa de um cunhado, em uma região alta da cidade.

Casa de Ana, após enchentes no Rio Grande do Sul (Foto: Anielin Ribeiro Canhete)
Casa de Ana, após enchentes no Rio Grande do Sul (Foto: Anielin Ribeiro Canhete)

Conhecida como Kelli, Anikelin conta que o desespero da notícia foi duplo pois Ana, apelido da irmã, também é responsável pelo filho Herbert, de 15 anos, que ficou no estado gaúcho para completar os estudos. Ela comenta que se mudou com a família para o Rio Grande do Sul, mas voltou à capital sul-mato-grossense por não ter se adaptado ao frio. A família é de Mato Grosso do Sul. “Ele [o filho] pediu pra ficar com ela porque ele estava na escola, queria terminar lá”.

O menino é como um filho para Ana. Além dele, ela tem uma menina de 4 anos e um menino de 12. A família mora com o marido no endereço há 16 anos. “O coração está apertado ainda, está difícil. Eu estava falando com meus filhos, estão resgatando as pessoas porque não tem muito o que fazer agora, a casa está embaixo da água no momento".

A comunicação acontece todos os dias, por Whatsapp. "Meu filho conversa pelo dele porque ela vive sem rede. Ele está ajudando o pessoal. Meu cunhado é pescador então ele e meu filho estão na ajuda, pegou o barco e foi ajudar. Eles tem caiaque também”.

Esperança - Com dificuldades para comunicação, Ana conta que o que conforta os corações é receber a ajuda destinada ao Rio Grande do Sul.  E que, a pedidos da irmã, gravou um vídeo para acalmar os familiares.

"O que nos acalenta é saber que tantas pessoas estão se ajudando aqui, mas as cenas são muito tristes. Estamos na mesma situação, as pessoas perderam tudo e ainda estão aqui nos ajudando. É muito triste tu ver as tuas coisas, casa debaixo d'água. Tem que ser muito forte e ter fé que tudo isso vai passar."

Sobre a evacuação, Ana acrescenta que só teve tempo de pegar a bolsa, e que por sorte os documentos pessoais estavam dentro. “Não teve alerta nenhum. Quando vimos estávamos com água na garagem e só deu tempo de pegar a minha bolsa”.

Campo Grande - A irmã campo-grandense explica que viaja todo ano para o Rio Grande do Sul para ver Ana e o filho, que está com ela há dois anos. “Conheci todas as cidades alagadas. Perdemos nossa mãe há pouco tempo. Moro na casa onde minha mãe morava aqui em Campo Grande. Ela faleceu por câncer em novembro, vai fazer 6 anos. Eu moro com meu esposo e filhos, tenho mais dois filhos, uma menina de 4 anos e um de 9 anos”.

Para ajudar a irmã, ela pensa em fazer uma rifa e mandar o dinheiro arrecadado para a família. Segundo Kelli, Ana não pede ajuda, mas também não nega caso ela venha. “Ela é uma mulher guerreira trabalhadora e mãezona, tem um coração gigante tanto ela e meu cunhado. A gente fala que tem saúde, vida, mas não é fácil ver que perdeu tudo e vai ter que começar de novo.

Segundo ela, Ana retrata cenários assustadores, parecidos com os roteiros de filmes. “Ela, graças a Deus, não viu ninguém morrendo, mas ajudou e resgatou. Disse que foi algo surreal."

Ela diz: 'mana é coisa de filme, é desesperador ver as pessoas em cima da casa e ter que escolher quem vai resgatar primeiro. É uma imagem de destruição total'”, conta Kelli.

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