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Capital

Ansiedade de grávida agora é mais pela vacina do que pelo nascimento do filho

Com riscos cada vez maiores, gestantes depositam expectativas na vacina e correm atrás de laudo

Paula Maciulevicius Brasil | 15/04/2021 13:20
Grávida de 33 semanas, Daila não vê a hora de se vacinar. (Foto: Arquivo Pessoal)
Grávida de 33 semanas, Daila não vê a hora de se vacinar. (Foto: Arquivo Pessoal)

Depois que a Prefeitura abriu o pré-cadastro para gestantes, a esperança de quem está esperando é que a vacina chegue antes do bebê. Sem data ainda para começar a imunização deste grupo, as grávidas já estão correndo atrás da liberação médica para quando chegar o tão sonhado dia da agulhada.

Funcionária pública, Daila Lima, de 30 anos, está na 33ª semana de gravidez, o que equivale a oito meses carregando Felipe. Mãe de Eduardo, de 2 anos, ela planejava ter outro filho pertinho para que os dois crescessem juntos.

"Quando eu decidi engravidar a gente ainda achava que tudo isso iria passar mais rápido do que realmente está sendo", conta. Além de acreditar que a pandemia seria passageira, Daila também via o que no começo não trouxe preocupação. "Os casos em gestantes antes pareciam menos graves também", compara com o cenário atual.

Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde, desde o início da pandemia, 3,5 mil grávidas fizeram o teste da covid-19, deste número, 1.138 testaram positivo para doença e sete delas vieram a óbito.

"Agora eu sinto muito mais medo, pelos casos tenho visto no final da gestação que tem complicações, parto prematuro", diz Daila.

O cadastro aberto nessa quarta-feira (14) engloba gestantes a partir de 12 semanas e mulheres com até 45 dias pós-parto. Dentro do site, é preciso anexar uma cópia da autorização do médico obstetra, o comprovante também será exigido no dia da vacinação.

Daila e Felipe (ainda na barriga) recebendo o carinho do filho mais velho, Eduardo. (Foto: Arquivo Pessoal)
Daila e Felipe (ainda na barriga) recebendo o carinho do filho mais velho, Eduardo. (Foto: Arquivo Pessoal)

A futura mamãe do Felipe vai pegar hoje à tarde a autorização com a obstetra para anexar ao cadastro. Ela admite que a ansiedade está mais para a vacina do que para o nascimento do caçula. "E pra ver os familiares vacinados também, para que a gente possa voltar a conviver, que possam conhecer o bebê", completa.

No consultório - Ginecologista e obstetra, e professora de ginecologia da faculdade de Medicina da UFMS, Maria Auxiliadora Budib fala que no dia a dia tem visto mães que quando são diagnosticadas com covid, já estão graves, e mães que por medo, abandonam o pré-natal.

"Em Mato Grosso do Sul em 2020 tivemos 16 mulheres em óbito na gestação ou pós parto. Este ano, até 31 de março tivemos 16 óbitos, seis deles comprovadamente covid. Há mais três em investigação", alerta.

Nas grávidas, a covid pode provocar partos prematuros e restrição de crescimento uterino. Diante disso, Maria Auxiliadora Budib enfatiza que a Coronac usa o vírus inativado, ou seja, ele não faz a provocação da doença em forma leve, e sim a produção de anticorpos, como a tecnologia da dtpa e da gripe. "Vacinar a gestante acima de 12 semanas com vacina de vírus inativo e poder diminuir a taxa de morbimortalidade se faz necessário. Há pacientes de maior risco, como: as gestantes diabéticas, hipertensas, asmáticas, com doença auto imune", sustenta.

A médica alerta para quatro pontos a serem levados em conta: que a gestante esteja acima de 12 semanas de gestação; não tenha tido infecção por covid nos últimos 30 dias; avaliar se já houve reação vacinal com a vacina da gripe anteriormente e, por fim, se está autorizada pelo obstetra em esclarecimento do risco e também benefício da vacinação.

Ampola com doses do imunizante contra a covid-19 (Foto: Marcos Maluf)
Ampola com doses do imunizante contra a covid-19 (Foto: Marcos Maluf)

"A vacina deve vir e as gestantes precisam ter este diálogo com seus obstetras, o que vai ser bom, porque muitas estão evadidas do atendimento pré natal e isso por si só isso já é risco", resume.

Orientações - Quando mais cedo detectada a covid na gestante, menor a chance de complicações obstétricas, como o aborto, restrição de crescimento intrauterino e o parto prematuro.

"Se você está gestante e apresenta dor no corpo, febre, tosse, dor na garganta, falta de ar, sor de cabeça, por favor não atrase em procurar cuidados médicos", alerta a ginecologista.

As gestantes que forem diagnosticadas com a covid-19 devem ser monitoradas durante toda a gravidez e no pós-parto para se assegurar de que não há qualquer complicação.

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