Apesar do frio e chuva, índios não pretendem abandonar áreas invadidas
Apesar do frio intenso e chuvas dos últimos dias em Campo Grande, grupos de indígenas que estão acampados em áreas invadidas não pretendem deixar os locais, mesmo em barracos de lona, em condições inapropriadas.
O cacique Nito Nelson, da etnia Guarani-Kaiowá, de 52 anos, que está em um acampamento na região do bairro Nova Lima, ressaltou que apesar das condições difíceis, eles não vão sair do local e não tem previsão de retirada.
“Estamos aqui há oito meses, antes estas terras eram de 38 hectares, mas com o aumento dos bairros, já perdemos 11 (hectares), foi prometido na gestão do ex-governador Zeca do PT, que seria feito um residencial indígena aqui, temos que garantir nossos direitos”, ressaltou ele.
O operador de máquinas Genilson Basílio, 32, que no momento está desempregado, afirmou que seu barraco é diferente dos demais, já que foi feito com alvenaria, porém mesmo assim sua família está sofrendo com o frio no local. “Quando chove enche de goteira, depois o vento forte atrapalha, nós montamos uma fogueira no cômodo, para deixar a situação mais amena”, apontou ele.
Genilson mora no local com a esposa Vânia Marcos Basílio, 23, e mais dois filhos, uma menina de 6 anos e um garoto de 4. “Por enquanto estamos sobrevivendo, além da situação complicada, também só estamos se sustentando com uma vale renda de R$ 170,00, que recebemos do governo estadual”, revelou Vânia.
Já Cleiton Felix, 30, adotou uma estratégia diferente, para não deixar a sua família passando frio e convivendo com as chuvas dos últimos dias, ele está sozinho em seu barraco de lona, sua esposa e filhos foram para aldeia Alagoinha. “Para garantir esta terra temos que aguentar esta situação, estamos passando frio".
Aldeias – Na região Norte de Campo Grande existem duas aldeias indígenas. A primeira no bairro Vida Nova, foi fundada em 14 de maio de 2001, em uma área de 11 hectares, sendo oito para usos dos índios e o restante para reserva ambiental. Estão no local indígenas das etnias Guarani, Kaiowá, Kadiwéu e Guató, mas a maioria também é composta pela etnia Terena.
Já a aldeia do Tarsila Amaral foi criada em 9 de maio de 2009, ao lado da comunidade Água Bonita, sendo a segunda aldeia urbana criada na Capital.